Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


20-03-2018

O monte alentejano simboliza a rebeldia dos povos do sul contra um Estado embrio


ARQUEOLOGIA por Rita Palma

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No final do século VII a. C, os povos do sudoeste peninsular revoltaram-se contra a emergência de uma estrutura embrionária de Estado sob influência fenícia. As famílias dispersaram-se pelos campos gerando agregados mais autónomos e um tipo de habitação que prevalece nos dias de hoje. Quando se fala em Monte Alentejano, somos inevitavelmente remetidos para uma sensação de tranquilidade, sossego, descanso, harmonia mas, também, de isolamento. Na verdade, foi extamente esse o princípio que deu origem à estrutura conceptual do Monte Alentejano, tal como o conhecemos hoje.

 

A sua história remonta ao séc VII a. C. e à presença dos Fenícios que, por terem na Península Ibérica uma base importante e estratégica na sua rota de comércio, exerciam sobre este território uma forte influência.

À época, o conceito de Estado não existia – note-se que o conceito de Estado se refere a qualquer entidade com estrutura própria, politicamente organizada e com poder soberano para governar um povo dentro de uma área territorial perfeitamente delimitada. São poderes tradicionais do Estado o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, sendo que numa Nação o Estado o Estado desempenha funções políticas, sociais e económicas. – e foram os agrupamentos sucessivos e cada vez maiores de seres humanos que nos fizeram chegar a essa concepção.

 

Os Fenícios foram um dos primeiros povos a tentar implementar um conceito semelhante, onde as regras fossem similares entre os diferentes povos que coabitavam a região. Os grandes centros urbanos, por eles dominados, foram os primeiros locais a acolher e a implementar estas regras, o que levou a que uma boa parte dos seus habitantes - habituados a viver segundo as suas próprias normas - começassem a dispersar por todo o sudoeste peninsular, de modo a poderem viver segundo os seus próprios costumes. Por consequência, levavam consigo muito da influência Fenícia no que à construção e à estrutura habitacional dizia respeito.

 

Com uma história que ascendente os 2500 anos, o Monte Alentejano teve a sua maior influência na arquitetura mediterrânica, instituída, em grande parte, pelos Fenícios. É de realçar a privacidade de espaço como característica principal, situando-se a habitação no centro dos pátios, o que garantia a sua salvaguarda. Estudos arqueológicos indicam que estes antiquíssimos protótipos do Monte Alentejano seriam construídos em pedra e terra e seriam, tal como atualmente, pintados de branco.

Monte Tradicional Alentejano - Um pouco de história