Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


08-01-2018

Tradições de Natal e Ano Novo na Comunidade Luso Descendente da Indonésia


 

A Tradição na Aldeia Tugu – Portugal na Indonésia

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Na Indonésia persiste uma aldeia, na região de Jakarta, onde desde o século XVII os habitantes continuam a tentar preservar as suas raízes portuguesas, conforme já demos conta em artigos anteriores, na 1.ª fase do Blogue do Clube Raízes. (Poderá vê-los aqui e aqui).

Solicitámos a Guido Quiko, grande impulsionador da vida dessa comunidade e da preservação das tradições e do crioulo de origem portuguesa, nomeadamente através da divulgação musical, que nos enviasse algumas informações sobre o modo como aquela comunidade vive o Natal e Ano Novo.

Deixamos aqui parte do que nos enviou e onde, curiosamente, encontramos algumas semelhanças com tradições portuguesas que ainda hoje se mantêm nalgumas localidades, como é o caso do “Cantar das Janeiras”, que poderemos comparar com a celebração da Festa “Rabo-Rabo”, e mesmo a tradição natalícia de visitar e saudar os amigos e familiares pelo Natal.

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NATAL

“Uma vez em tempo da festa de Natal, a comunidade luso-descendente “Tugu”, inicia a celebração ao meio dia do dia 24 de dezembro. Depois de orar, cada família vai para fora de sua casa para visitar outros parentes, celebrando o Natal. Antes de entrar nas casas onde vão ser recebidos, proferem as seguintes palavras: “Bisingku dia di Desember, nasedu di nos Sior jamundu libra nos pekador unga ananti dikinta ferra asi klar kuma, di dia unga anju di Sior asi grandi diallergria. Asi mow boso tar. Dies lobu Sun da bida cumpredaelompang kria so podeer, Santu Justru“, o que significa “Em 25 de Dezembro, Deus deu o Seu Filho o Salvador, para que todo o que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna. E coloquemos n’Ele a nossa esperança”. Depois de dizer esta oração, apertam as mãos e o dono da casa manda-os sentar. Na Véspera de Natal não é permitida a ingestão de álcool e só sozinho se pode ouvir cânticos de louvor.”

FESTA DE ANO NOVO

 “No dia 1 de Janeiro de cada novo ano todas as pessoas tugu de ascendência portuguesa e suas famílias realizam um evento chamado Rabo-Rabo, que consiste numa saudação ao novo ano, andando de casa em casa, tocando um instrumento musical enquanto se canta. O dono da casa visitada oferece licor, para aliviar o cansaço da jornada. Depois de percorridas todas as casas, os visitados acompanham o grupo até à casa da música. Aí o grupo canta “Cafrinho: Bate – Bate Porta Pidi agu Kere bebe verlas Kere intra yo mayo intra Kere sabe”, que significa “Bate- Bate porta, dá-me de beber e permissão para entrar e vamos apertar as mãos”; A tradição Rabo-Rabo ficará completa com a última família visitada, onde o grupo fica, descansa, come e bebe licor. No final regressam às respetivas casas.” 

Pode ouvir aqui a canção “Cafrinho”, cuja letra em crioulo vai a seguir.

 

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FESTA MANDI MANDI

“A Tradição Mandi-Mandi acontece na primeira semana de Janeiro de cada novo ano. O evento é realizado na casa de uma família que está disposta à sua organização. O Mandi-Mandi consiste na pintura do rosto, uns aos outros, com farinha, como um sinal de pedido de desculpas e de perdão. Quanto maior for a quantidade de farinha colocada, maior é o sinal do afeto entre as pessoas. Este evento é acompanhado de canções e danças, acompanhadas de alegres múisicas de Tugu Keroncong. No calor da atmosfera criada nesta festa, bebe-se cerveja, com a reunião de toda a comunidade de ascendência portuguesa, que habita na ancestral aldeia tugu ou noutras áreas. A festa, que começa a partir do meio-dia, prolonga-se até tarde.”

MandiMandi

Agradecemos a Guido Quiko e a todos os que com ele colaboram, quer pelas informações enviadas, quer pelo trabalho de preservação das raízes lusas por aquele país do Oriente. Na tradução procurámos compreender o sentido do que nos foi transmitido. Esperamos tê-lo conseguido e este é o nosso pequeno tributo àqueles que, tão longe de Portugal, se prezam de preservar o que os portugueses de outros tempos lhes deixaram como herança. Bom seria que outros, instituições incluídas, contribuíssem na medida das suas competências e possibilidades, para este importante trabalho ali realizado e que nos torna grandes e orgulhosos do nosso passado.  (Madalena Canas)

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https://clube15raizes.wordpress.com/2016/01/03/tradicoes-de-natal-e-ano-novo-na-comunidade-luso-descendente-da-indonesia/