Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


05-05-2004

O Tempo da Língua com Agostinho da Silva


O Professor Agostinho da Silva, depois de dez anos passados do seu desaparecimento físico, continua a ser alvo de encontros e homenagens em vários lugares do país, nalguns casos juntando até pensadores estrangeiros, sobretudo brasileiros. Disso mesmo é boa testemunha o Seminário international Luso-Brasileiro que decorrerá este mês, em Lisboa.

Como é sabido, Agostinho da Silva viveu 25 anos no Brasil, exilado político, depois de ter sido expulso do ensino e perseguido pela polícia política, por discordâncias com a ideologia do regime fascista.

No Brasil pôde continuar a exercer a sua profissão de Professor e, muito mais do que isso, tornou-se fundador de Universidades em vários lugares do país, pôs a funcionar Centros de Estudos, como foi o caso do Centro de Estudos Afro-Brasileiros, de São Salvador da Baía, ainda hoje a funcionar, e foi até acessor de Jânio Quadros, Presidente do Brasil.

Mas não se esquecendo da terra mãe, Agostinho da Silva, então já com dupla nacionalidade, regressaria a Portugal no início da década de 70, onde durante mais 25 anos, pôde retomar as suas ideias e desenvolver a sua filosofia. Foi ele que, por exemplo, conjuntamente com José Aparecido de Oliveira, muitos anos Embaixador do Brasil em Portugal, haveriam de ser os percursores da ideia de uma Comunidade de Povos de Língua Portuguesa (a CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, é a versão política, desvirtualizada, dessa ideia).

O Professor Agostinho da Silva é, decerto, uma das grandes figuras portuguesas do século XX e a obra que nos legou é grandiosa, daí que os estudos, os Seminários, as Homenagens, ainda não tenham cessado, vivificando cada vez mais o seu espírito entre nós.

Luis Santos