A história da devoção de Nossa Senhora da Abadia está ligada ao Mosteiro, ou Abadia da Ordem de Cister, do povoado de Bouro de Santa Maria, município de Amares, distrito de Braga, em P ortugal.
Amares ocupa a região central do Minho, tendo como limites a serra do Geres e a confluência dos rios Homem e Cávado. Terra de grande fervor religioso, desde o alvorecer da nação portuguesa, pois a região desfrutava de certa autonomia religiosa até ser incorporada à diocese de Braga, em 1514. P róximo à serra de Geres fica o povoado do Bouro de Santa Maria, onde no final do século IX, existia o Mosteiro da Montanha.
Nessa época, durante as invasões dos árabes muçulmanos, os monges tiveram de abandonar a Abadia às pressas, ocultando a imagem da Virgem Maria, numa gruta mais distante. Séculos mais tarde, a Abadia foi ocupada pelo solitário eremita Frei Lourenço, já idoso e com fama de santidade. A ele, mais tarde se juntou P aio Amado, um fidalgo da corte de Dom Afonso Henrique, que após a morte da esposa abandou a vida mundana para se dedicar somente a Deus.
Alguns anos depois, diz a tradição que, certa noite durante as orações, o então Frei P aio avistou uma misteriosa luz, no meio do bosque da montanha. No dia seguinte contou ao Frei Lourenço, que à noite se juntou à ele para as preces e também viu a intensa luz surgir no mesmo local. Ao amanhecer os dois foram para lá e encontraram a antiga imagem da Virgem Maria na entrada da gruta. Alí ergueram uma capela para sua veneração e passaram a residir nas proximidades.
A notícia da prodigiosa descoberta chegou à corte e logo aos dois eremitas se agregaram outros, dando início à um mosteiro sob as regras da Ordem de Cister, criada por São Bernardo. Mas a comunidade cresceu tanto, que construíram uma nova Abadia, não muito distante às margens do rio Cavado, onde se transferiram levando aquela imagem aparecida de Nossa Senhora. Foi quando ocorreu o outro milagre, pois a imagem sempre desaparecia da nova Abadia e voltava ao antigo altar. Assim, surgiu o culto à Nossa Senhora da Abadia, cuja fama dos milagres chegou aos ouvidos do rei, na capital da corte. Cristão fervoroso, Dom Afonso Henrique sabendo da penúria por que passava esses monges, enviou uma volumosa esmola e lhes entregou as terras do Bouro para administração, em 1148.
No final do século XX, em 1989, esse povoado se chamava Bouro de Santa Maria e o edifício da velha Abadia cisterciense foi transformado numa aconchegante P ousada. É um recanto de oração e lazer, para os peregrinos e devotos que visitam o Santuário de Nossa Senhora da Abadia, distante quatro quilômetros, especialmente em 15 de agosto, data de sua festa.
Não existem registros precisos sobre a chegada dessa devoção ao Brasil. A informação mais antiga diz que o culto foi introduzido em Goiás, por um garimpeiro português, de Braga. Ele mandou vir de lá, uma cópia da imagem dessa invocação, para pagar uma promessa feita à Nossa Senhora da Abadia. Também foi ele que iniciou a construção do atual Santuário em Muquém, no município goiano de Niquelândia. É alí que ocorre, desde 1748, a mais antiga romaria dedicada à Santa P adroeira de Muquém, que reúne devotos de todo nordeste goiano e dos estados do Tocantis, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O culto cresceu muito entre os garimpeiros do povoado de Ribeirão da Água Suja e daí se espalhou pelo Triângulo Mineiro e por todo estado de Minas Gerais. P or isto, em 1870, o Bispo de Goiás autorizou a construção do segundo Santuário de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja, na atual Romaria. O município acabou recebendo esse nome devido a quantidade de romarias que para lá acorrem o ano todo, especialmente em agosto, quando no dia 15, acontece a festa da P adroeira da maioria das cidades dessa região. Em Uberaba, a celestial protetora é venerada sob o título de Santa Maria da Abadia do Bouro.
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