29-08-2017Património Genético Português e os Mouros - Nuno Correia O Património Genético Português da bióloga do IPATIMUP, Luísa Pereira, é um livro interessante, de leitura fácil e explicações simples para quem não domina as “ciência da manipulação genética”. É hábito a utilização do termo “mouro” para quem tem as raízes no sul do país. No caso português, acho piada, porque na verdade as nossas raízes estão bem em África. Gosto de ter a minha "Eva" e "Adão" com muita melanina na pele, reconhece o Nuno Correia. Mas neste livro, Nuno Correia, ficou preso na parte relacionada com a influência “mourisca” no património genético português. E ficou surpreso por saber que quem o chama “mouro” poderá ser mais “mouro” que o seu ADN. Vejamos.... “Existem linhagens mitocondriais presentes na população portuguesa e ausentes no resto da Europa designadas por U6. Este haplogrupo foi nomeado Berbere, uma vez que a sua distribuição se restringe ao Norte de África, onde a sua frequência ronda os 10-20%, sendo esporádica no Médio e no Próximo Oriente e na Ibéria. Na atualidade ainda existem algumas populações berberes nos países norte-africanos, sempre em comunidades reduzidas e mais ou menos isoladas, dedicando-se a actividades tradicionais como a agricultura, a pastorícia e o artesanato. Alguns destes grupos mantêm uma linguagem berbere, enquanto outros já adoptaram o árabe. Geneticamente, e mesmo em termos culturais (arqueologicamente), o Norte de África é muito mais aparentado com a Eurásia do que com a África subsariana. Tudo indica que a colonização do Norte de África foi efectuada por migrações «Back to África» do Homem Moderno, a partir do Próximo Oriente, através do Levante, numa época comum à migração para a Europa, há cerca de 40 000 anos.
Em Portugal, o U6 atinge as seguintes frequências: 5% no Norte, 3% no Centro e 2% no Sul. Quando se compara a diversidade das linhagens U6 observadas em Portugal, elas são bastante divergentes entre si, parecendo indicar uma entrada recente. O gradiente de frequências é oposto ao que seria de esperar, dada a mais forte e longa influência islâmica no Sul do país. Como é que se poderia explicar essa maior frequência de linhagens norte-africanas no Norte de Portugal? As hipóteses são muitas, as certezas inexistentes. Muitas evidências históricas podem ser apontadas, quer favoráveis, quer desfavoráveis.
Ainda sobre este livro...
Manuel Sobrinho Simões, IPATIMU
Património Genético Português e os Mouros
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