16-04-2015Raízes do Porvir DOMINGOS FLORENTINO
DOMINGOS FLORENTINO
Pseudônimo de Marcolino Moco. Nasceu na província de Huambo, planalto central, na localidade de Chitue, antiga Vila Flor, a 19/07/53. Descende de uma importante linhagem de chefes tradicionais. Licenciado em Direito (Luanda). Foi Governador de Província, Bié e Huambo, Ministro da Juventude e Desportos, Secretário-Geral do MPLA, Primeiro-Ministro e Presidente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Obra poética: Raízes do Porvir, 1995, Luanda, União dos Escritores Angolanos.
UMA PLANATA, PLANTANDO SONHOS há uma flor contando histórias
á porta da minha casa há uma planta plantando sonhos
SONHO, NO TÔMBWA
O meu sonho é sonho de areias no deserto é vento lento batendo nas casuarinas sonolentas em torno do Tômbwa
VEM, AMOR
vem, amor vem vamos sentir o frio dos meninos que ficaram sem ninguém
vem, amor vem sob o braço prateado da noite de luar ouvir o eco da morte e da vida e ecoar nossa grandeza
EM BUSCA DA FLOR, ALÉM
Porque procuras o Sol no infinito
irei contigo às estrelas à procura do Sol
Porque sentes o aroma da flor no cimo da montanha irei contigo além em busca da flor
Porque vives na noite de um dia para nascer esperarei contigo pela vinda da aurora
Porque morres sozinho sonhando viverei contigo na morte pela vida
Raízes do porvir
Trago a nódoa do passado no punho do presente transponho montanhas na minha luta de juventude tragada na convulsão dos tempos em busca do Futuro
Trago a nódoa do passado na serra dos dentes procuro paz sobre o crepitar de corpos insepultos na noite de tragédia grávida de esperança
Trago a nódoa do passado nas raízes do porvir venho de longe gritando meus anseios em cansaços semeados disperso no tempo
Trago a nódoa do passado no cântico ao Futuro planto amor sobre o drama da flor violentada no chão do meu País
(Raízes do porvir)
Sonho, de amor
O meu sonho e uma madeixa dos teus cabelos sufocada ao luar de uma noite cansada de amor
O meu sonho somos nós, tu e eu no corcel da vida à procura do sol
Falo do sonho, amor do nosso sonho em que brincamos com crianças não paridas com esperanças sangrando desesperanças
O meu sonho és tu, Minda-a-Mulata sonhando com a vida e morrendo em tempo de fome farta e a guerra a acabar (ou a reatar?)
O meu sonho é sonho de mar as ondas indo e vindo do fim do Mundo as aves a voar
(Raízes do porvir)
Página publicada em setembro de 2009 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/domingos_florentino.html |