Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


07-09-2003

Relações luso- brasileiras - Novos Rumos Margarida Silva e Castro


“ É o alvorecer de um Grito Eterno/É o raiar do Sol da libertação/É o nascer de uma nova Nação/

É o subir da Bandeira ao mastro (…)”

(Manuel de Sousa, Angola, in Brazil Ipiranga)

idiom@de.civilizacao

Residimos há 28 anos no Brasil, temos cidadania brasileira e dialogamos com gente, de todos os continentes, que acredita que a língua de Camões, sendo um idioma de civilização, deve ser preservado pelos povos lusófonos.

Por outro lado, mantemos contato com a Universidade de São Paulo (USP), sabendo que pesquisadores daquela Universidade estudam a imigração portuguesa para o estado de São Paulo, e, que agora, o grupo se preocupa, até, em estudar os motivos porque milhares de portugueses regressaram a Portugal, nas últimas décadas. Então, o debate das relações Brasil Portugal continua mas com novos rumos!

As estatísticas mais recentes apontam para a redução da presença de portugueses no Brasil quando comparadas com as do princípio do Século XX. Estes números não nos surpreendem e não significam uma presença menor de “Portugal” nas terras de Vera Cruz!

Até porque a integração da comunidade portuguesa na sociedade brasileira é plena, e o cidadão português, aqui, chega a esquecer que é estrangeiro. No Brasil os povos se assimilam e miscigenam, sem que muitas vezes percam o gosto pela sua cultura de origem.

presenc@constante.br.pt

No entanto, a cultura portuguesa é uma constante no Brasil, de Norte a Sul do país. A presença e a influência da cultura portuguesa no Brasil é grande na língua, arquitectura, gastronomia, cultura popular e não depende do número de imigrantes portugueses. A própria literatura brasileira está recheada de personagens portugueses que registam a sua integração na vivência brasileira. É por esta razão que defendemos a promoção, nas escolas e nas entidades associativas, da leitura de obras luso-brasileiras, porque nestas encontramos as referências que irão contribuir para uma melhor dinâmica nas trocas culturais entre o Brasil e os países de língua portuguesa.

Também os pequenos, médios  e grandes empresários portugueses observam com atenção o desenvolvimento econômico do Brasil e investem na hotelaria, nos supermercados, na siderurgia, nas telecomunicações, respondendo à crescente demanda do mercado. E os portugueses, e gente de outros países de expressão portuguesa, escolhem, em massa, o Brasil para passar seus tempos livres.

Também Portugal passou a ser destino de emigrantes de diversos continentes. E os brasileiros se integram lá antes de qualquer imigrante; são alegres e trabalhadores. Em Portugal estão milhares de brasileiros. Se os portugueses não procuram mais, em massa, o Brasil como destino de emigração, é porque os brasileiros estão saindo do Brasil, em número significativo. É que os movimentos migratórios quando não tem origem nas catástrofes, nas guerras, são de origem econômica; com efeito, nos últimos 25 anos ocorreram alterações significativas na relação do PIB per capita nos dois países com vantagem para Portugal.

estrutur@s.culturais.pt.br

Há contudo que mudar o enfoque das infra-estruturas culturais luso-brasileiras e visar mais o público jovem. As relações luso-brasileiras podem levar novos rumos, o que terá que ser liderado pelo Brasil com a participação obrigatória do povo. Mas é fundamental o papel de organizações lusófonas como a Associação das Universidades de Língua Portuguesa (www.aulp.org), Instituto de Camões (www.instituto-camoes.pt), Instituto Português da Juventude (www.sej.pt) , Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (www.secomunidades.pt), Fundações como a Calouste Gulbenkian (www.gulbenkian.pt), a Mário Soares (www.fmsoares.pt), a Luso-Americana para o Desenvolvimento(www.flad.pt). Os “Gabinetes de Leitura”( www.instituto-camoes.pt/actividades/estudos/realgabrj.htm e outros) e as associações luso-brasileiras (www.hportugues.com.br e outras ) têm que “ser” mais presentes: adotando tecnologias de comunicação e de informação, tendo suas bibliotecas na Internet, divulgando os projectos que integram brasileiros e portugueses em estudos na área da história, das ciências sociais, da educação, tecnologias de comunicação. Facilitando-se os apoios, tanto por parte de Portugal como do Brasil, ao associativismo e aos intercâmbios. Estes projectos acontecem, mas apenas alguns grupos directamente envolvidos têm conhecimento deles. Há que socializar e modernizar a informação. O exemplo do “Observatório UNESCO da Sociedade da Informação” (www.osi.unesco.org.br), que promove o desenvolvimento da sociedade da informação nos Países de Língua Portuguesa, deve ser seguido. Assim como o da USP (www.cientec.usp.br) que programa cursos de difusão cultural. É que a Sociedade da Informação ainda mal chegou aos nossos municípios, o que dificulta os avanços nas relações internacionais.

Margarida Silva e Castro, Engenheira Agrônoma e membro do Elos Clube de Uberaba , E-mail: raizes75@terra.com.br