Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


31-03-2015

Lopito Feijó ,poeta e ensaísta angolano, enaltece papel da literatura na consciencialização dos cidadãos


Lopito Feijó,poeta e ensaísta angolano, enaltece papel da literatura na consciencialização dos cidadãos

Lopito Feijó, Poeta e ensaísta angolano, João André da Silva Feijóo nasceu a 29 de setembro de 1963, no Lombo, província de Malanje, Angola. Mudou-se para Maquela do Zombo, onde viveu a infância, indo depois para Luanda, onde viveu no Bairro do Cazenga, a partir da sua adolescência.Licenciado em Direito pela Universidade Agostinho Neto, em Luanda, o autor despertou para a poesia aos 22 anos de idade. Na verdade, já em 1985, publicou o seu primeiro livro de poemas Entre o Écran e o Esperma, que, fruto de grande aceitação por parte dos meios literários, recebeu uma "Menção Honrosa" no concurso de literatura "Camarada Presidente", promovido pelo INALD (Instituto Nacional do Livro e do Disco).

Foi membro da direção da Brigada Jovem de Literatura até 1984. Integrou posteriormente o trabalho coletivo do grupo "Ohandanji", que, a partir daquele ano, começou a publicar os seus textos na página cultural de O Jornal de Angola e na gazeta Lavra e Oficina (da União dos Escritores Angolanos) e que, posteriormente, como forma de ultrapassar as dificuldades provocadas pela ausência de alternativas, recorreu a edições policopiadas. Exemplo destas edições é a coleção "Katetebula/Semi-breve" na qual Lopito Feijóo publicou, s/data, no primeiro número, um texto poético intitulado "Me ditando".
Nome importante da geração de 80, a chamada "Geração das Incertezas", João Feijóo assume a rutura com os cânones semânticos e estéticos tradicionais, propondo uma estética assente numa linguagem dissonantemente metafórica e no experimentalismo visual. Com um estilo simultaneamente satírico e irreverente, a sua poiesis, caracterizada por um profundo teor lírico, é fruto de um sujeito poético revoltado e colérico que assume a melancolia como forma de exprimir a sua frustração e o seu desencanto face à realidade social e política de Angola. Esta cólera, metaforicamente simbolizada por uma descarga biliar produzida por um mal-estar hepático, é o resultado do descontentamento que lhe provocam as permanentes situações de guerra e opressão - "o veneno sorumbático" - que ameaçam, desde há muito, a sua Pátria e que, em permanente vigília, procura combater: "O veneno sorumbático inspira vigília (...)". 
Como a grande parte da produção poética da geração sua contemporânea, a poesia de Feijóo recorre à metaforização do mar, enquanto lugar de meditação do "eu lírico", para exprimir o seu "olhar noturno" e insatisfeito sobre uma realidade social e política corrupta que contraria os ideais de justiça e igualdade defendidos e conquistados por gerações anteriores.
Perpassada por um claro ceticismo face aos tempos presente e futuro, a sua obra apresenta, porém, alguns momentos que nos remetem para a constatação da necessidade de repor a capacidade de sonhar e de desejar.
Em colaboração com Luís Kamdjimbo, publicou o ensaio Geração da revolução, novos poetas angolanos em volta, s/d, na qual dá voz a novos poetas, entre os quais Ana Paula Tavares, José Luís Mendonça e João Maimona.
No ano de 1988, organizou, a antologia No Caminho Doloroso das Coisas. Antologia de Jovens Poetas Angolanos, primeira antologia editada depois da independência de Angola, reunindo os textos da jovem geração dos anos 80. 
Membro da União de Escritores Angolanos (UEA), escreveu os seguintes livros: Entre o Écran e o Esperma (1985), Menção Honrosa no concurso de Literatura "Camarada Presidente"; Me Ditando (s/d); Doutrina (1987), edição da UEA; Rosa Cor de Rosa (1987); Corpo a Corpo (1987); Cartas de Amor (1990); Meditando. Textos de Reflexão Geral sobre Literatura(1994).
Reconhecido e prestigiado poeta e ensaísta, a sua obra figura em revistas e jornais nacionais e estrangeiros, nomeadamente brasileiros, portugueses, galegos, norte-americanos, etc.(http://www.infopedia.pt/$lopito-feijoo)

 

Recentemente publicou ' Desejos de Animata' (2015) , Obra  que contem cinquenta e sete poemas;e foi  editada em Portugal . 

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ESCRITOR LOPITO FEIJÓ

FOTO: ARQUIVO/FRANCISCO MIUDO

Em entrevista à Angop a propósito aos 40 anos de Independência Nacional, que se comemora a 11 de Novembro, o escritor afirmou que a literatura também contribui no fortalecimento do espírito de luta contra o colonialismo português.

Lopito Feijó ressaltou que a literatura tem ajudado, fundamentalmente, na preservação de todas as conquistas alcançadas, desde a Independência Nacional até a  paz, consciencialização, mobilização e sensibilização  dos cidadãos sobre os desígnios da nação.

Lopito Feijó destacou ainda que a nova geração tem sabido, paulatina e progressivamente, responder aos desafios do seu próprio tempo, apesar de todas às adversidades próprias do mundo global e do contexto sócio cultural.

Neste contexto, o autor da obra “ Desejos da Aminata “ apela a sociedade para o incremento da promoção e divulgação  da  literatura, começando dentro do país e depois à sua internacionalização.

“Os novos  movimentos literários que, com  algum dinamismo ,vão fazendo  realizações, dando alguma vitalidade ao mundo artístico  e literário angolano, mas, no entanto, temos que  continuar apostar no crescimento, para que a literatura desempenhe  os seus propósitos”, ressaltou o escritor.

http://www.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/lazer-e-cultura/2015/3/14/Escritor-Lopito-Feijo-enaltece-papel-literatura-consciencializacao-dos-cidadaos,2f969e8e-d331-4dd7-8de5-d7fa7bb2add1.html