10-06-2013Sobre a Génese da moderna lusofonia Carlos Durão07.5/13 Sobre a Génese da moderna lusofonia Carlos Durão jornalista e escritor galego escreve :
Prezada Margarida Castro: Muito obrigado pelo texto “Presenças incontestes de Agostinho da Silva e José Aparecido de Oliveira na CPLP”, da Profª Drª Lúcia Helena Alves de Sá, de Brasília, que enviou, do que tomo boa nota, não sendo eu próprio alheio às questões nele tratadas, como membro das Irmandades da Fala da Galiza e Portugal.
Permita-me, a título informativo, pois parece que continua a ocultação, acrescentar alguns dados que venham perspetivar melhor a génese da moderna Lusofonia, de toda/os nós.
Com efeito, foi o Embaixador brasileiro J. Aparecido de Oliveira quem criou a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, nela incluindo a Galiza; mandou uma pessoa especialmente e ter connosco (IF) na cafetaria Orfeu do Porto, de naturalidade portuguesa, para que opinássemos sobre a CPLP e o IILP, e daí surgiu sermos observadores (associados e consultivos) além de parceiros de pleno direito no Acordo Ortográfico; ele aceitou sempre a Galiza, e foi o artífice do que chamaram catedral da Lusofonia, como também A. Houaiss, E. Guerra da Cal, etc.
Nós (IF) estávamos a fazer a projeção internacional da Lusofonia, que definimos por vez primeira no "I Encontro Internacional da Lusofonia: a língua portuguesa face ao Ato ùnico Europeu", em Madrid, na Casa do Brasil, ano 1988, depois de termos sido apoiados para ir às negociações do Acordo Ortografico primeiro, de 1986, como seguidamente ao segundo AO, de 1990. Aí Azevedo Ferreira, em longas conversas, insistiu em que era preciso fossem Ernesto Guerra da Cal e membros das IF; quem mais influiu foi A. Houaiss, que exigiu fossem as mesmas pessoas para garantir um continuum jurídico e teórico-prático.
E também foi fluído o relacionamento das IF com J. Aparecido de Oliveira, como com A. Houaiss e depois com Jacinto Nunes, nos anos em que a Comissão Galega do Acordo se movimentou para participar nas reuniões do Rio (86) e de Lisboa (90), das que surgiu o hodierno Acordo Ortográfico. Não existia ainda a CPLP, nem o IILP, mas ambos projetos eram já tratados em correspondência com as IF nos fins dos anos 80.
Com efeito, em 1989 a Comissão para a Integração da Língua da Galiza no Acordo da Ortografia Unificada foi consultada pelo Ministério da Cultura do Brasil sobre o Anteprojeto de Estatutos do IILP, trasladando-se à Dr.ª Maria Helena da Silva Alves o parecer da Comissão a este respeito em reunião realizada no Porto nesse ano. Fruto desse encontro, as entidades integrantes da Comissão solicitaram já na altura a sua adesão ao IILP, não concretizada pelo impasse no que ficou o Instituto nos anos seguintes.
Temos assim umas instituições, co-inspiradas pela Galiza mas das que ela continua a ser excluída: curioso, não? (ou não...). O correto parece-me seguirmos o razoamento de Adriano Moreira de que “a língua é também nossa”, mas não exclusiva de ninguém, e certamente da pátria onde nasceu. Pois ela nasceu, sim, tanto acima quanto abaixo da chamada Raia (do Minho).
Desculpe estas notas alinhavadas às pressas, pelo trabalho insistente que me espera,
Grato pela atenção. Saudações,
Carlos Durão
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