Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


03-04-2016

Gente Ilustre do Alentejo JOSÉ LOURENÇO MARQUES CRESPO - Fundou o jornal Bra


Gente Ilustre  do Alentejo    JOSÉ LOURENÇO MARQUES CRESPO - Fundou o jornal Brados do Alentejo, sob o lema “Alentejo, conhece-te e dá-te a conhecer”

José Lourenço Marques Crespo, filho de Tomás Lourenço e de Isabel Maria Marques, nasceu no Monte do Gamito, freguesia de N.ª S.ª dos Mártires, concelho de Crato, a 31 de Janeiro de 1872.

Iniciou a sua formação primária no Crato, donde transitou para o ensino liceal, que frequentou no Liceu de Portalegre, na Academia Politécnica do Porto e na Escola Politécnica de Lisboa. Formou-se em Medicina pela Escola Médica Cirúrgica de Lisboa no ano de 1900. Começou a sua actividade profissional como Médico Municipal e da Santa Casa da Misericórdia do Crato, entre 1900 e 1905. Depois de se fixar em Estremoz desenvolveu a sua actividade clínica particularmente em associações de socorros mútuos e no Hospital da Misericórdia. 

Em 2 de Novembro de 1931 fundou o jornal Brados do Alentejo, sob o lema “Alentejo, conhece-te e dá-te a conhecer” cuja direcção presidiu até 18 de Fevereiro de 1951. Nele deixou a marca da sua personalidade não só como escritor, mas também como acérrimo defensor da sua terra e do seu Alentejo. A nível político desempenhou as funções de Administrador do Concelho de Estremoz entre 9 de Fevereiro e 30 de Julho de 1910 e, por despacho de 17 de Fevereiro de 1913, publicado no Diário do Governo n.º 39 de 18 do mesmo mês, entre 20 de Fevereiro e 4 de Março de 1913. 

Foi eleito Procurador à Junta Geral do Distrito de Évora pelo Partido Republicano Português nas eleições de 14 de Novembro de 1917. Nas eleições de 12 de Novembro de 1923 foi eleito Presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Estremoz, tomando posse a 2 de Janeiro de 1923. Permaneceu no exercício de funções até 13 de Julho de 1926, quando a Comissão foi dissolvida na sequência do Movimento Militar de 28 de Maio de 1926. Teve a seu cargo os pelouros da secretaria, instrução, jardins e obras públicas. Proposto pelo directório do Partido Republicano Português para os cargos de Deputado e de Senador, ambos recusou. De igual modo, sob proposta do General Sá Cardoso, recusou o convite para o cargo de Governador Civil de Évora. Fundou a delegação da Cruz Vermelha Portuguesa de Estremoz, onde exerceu o cargo de Chefe dos Serviços Clínicos e da qual possuía a Cruz de Bronze comemorativa do 60.º aniversário da instituição. Integrou a comissão fundadora do Teatro Bernardim Ribeiro a cuja inauguração presidiu tal como desempenhou as funções de Presidente Honorário do Orfeão Tomás Alcaide. Colaborou na criação do Grupo dos Amigos de Estremoz e da Escola de Artes e Ofícios. Era sócio da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Como médico devem-se-lhe inúmeros estudos sobre a febre da Malta, cujos primeiros sinais patognomónicos da doença reconheceu. Entre outras obras publicou Tuberculose Peritoneo-pleural (tese de conclusão de curso), em 1900; O Alentejo na Fundação e Restauração: Canal ou Ameixial?, Estremoz, Tipografia Brados do Alentejo, 1941, 238 pp. ilust.; Estremoz e o seu termo “regional”, Estremoz, Tipografia Brados do Alentejo, 1950, 420 pp. ilust.

Faleceu na freguesia de Santo André, em Estremoz, a 11 de Janeiro de 1955. Em Estremoz por mais de uma vez lhe foi prestada homenagem, quando lhe consagrou uma avenida com o seu nome, quando se lhe erigiu um busto a 8 de Maio de 1963 na Mata Municipal, posteriormente transferido para a Rua 5 de Outubro, em 11 de Dezembro de 1974 e, a 28 de Janeiro de 1981, consagrado publicamente como “cidadão honorário de Estremoz”, a título póstumo.

 

 

 

 

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