Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


26-02-2014

Brasil e União Europeia sentam-se à mesa para tentar ampliar cooperação


Jorge Horta24/02/2014 07:00

Cúpula juntará Dilma Rousseff, Durão Barroso e Herman Van Rompuy em Bruxelas, em torno de um relacionamento econômico que tem sido marcado pelas dificuldades em alcançar um acordo entre a União Européia e o Mercosul. O comércio entre o Brasil e a UE tem sido equilibrado. Os fluxos de investimento nem tanto.



Dilma Rousseff e Durão Barroso já se reuniram no passado várias vezes.


Bruxelas - O Brasil e a União Europeia (UE) vêm mantendo relações comerciais relativamente equilibradas nos últimos anos. Em 2013 a UE exportou para o Brasil 40,1 mil milhões (bilhões) de euros, enquanto o Brasil exportou para o Velho Continente a cifra de 33 mil milhões (bilhões) de euros. Mas no capítulo do investimento a relação de forças é bem diferente: os capitais europeus no Brasil superam, por larga margem, o investimento brasileiro na Europa. É em torno deste relacionamento, nas suas múltiplas vertentes, que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, realizam esta segunda-feira uma nova cimeira UE - Brasil.Unidos por uma língua materna comum, o português, Dilma Rousseff e Durão Barroso comunicarão em Bruxelas no idioma dos negócios. Segundo uma nota divulgada pela Comissão, uma reunião, de manhã, analisará os desenvolvimentos das relações entre o Brasil e a UE. O foco estará nas questões económicas."Os presidentes farão um ponto de situação sobre o progresso em relação às negociações em curso para um acordo entre a UE e o Mercosul, antes de discutirem a cooperação em políticas sectoriais, como a competitividade e o investimento e também a ciência e tecnologia e a educação", refere o comunicado emitido por Bruxelas.Em termos de política externa, Dilma Rousseff, Durão Barroso e o belga Herman Van Rompuy (presidente do Conselho Europeu) deverão discutir questões ligadas à segurança internacional, com o foco no Irão, na Síria e no Médio Oriente, embora as questões regionais da América Latina e de África também devam ser abordadas.Outro dos temas da cimeira será a política mundial em matéria de Internet, a par com as alterações climáticas, a energia e o desenvolvimento sustentável.Se os temas em agenda estão definidos, menos certo é o caminho que as relações económicas bilaterais levarão nos próximos anos. Para isso, o acordo entre a UE e o Mercosul poderá ser decisivo.Facto é que a Europa se tem assumido como um parceiro comercial de grande relevo para o Brasil, mais do que o Brasil para a Europa. As estatísticas mostram que mais de 20% das exportações brasileiras têm como destino a Europa e 21% das suas importações vêm da UE. No entanto, o Brasil representa somente 2,2% do comércio da UE com todo o mundo.

Desde o ano 2000 que o Velho Continente vinha tendo sucessivos défices comerciais nas suas trocas com o Brasil, mas em 2012 conseguiu um superávit de 2,3 mil milhões (bilhões) de euros, que em 2013 ampliou para 7,1 mil milhões (bilhões) de euros, beneficiando da desaceleração das exportações brasileiras.

As posições de investimento, por seu turno, revelam um relacionamento bem mais desequilibrado. O fluxo de investimento do Brasil na UE caiu de 13 mil milhões de euros em 2011 para apenas 2,2 mil milhões em 2012. Já o investimento da UE no Brasil recuou de 30,4 para 22,4 mil milhões (bilhões) de euros no mesmo período.Nos últimos anos a UE conquistou o lugar de maior investidor estrangeiro no Brasil, que era ocupado pelos Estados Unidos da América, mas com a China assumindo igualmente uma posição de relevo.

Com um Brasil internamente preocupado com a preparação da Copa do Mundo de futebol deste ano, as perspectivas de Dilma Rousseff, Durão Barroso e Herman Van Rompuy deverão estar colocadas num prazo mais longo, que permita aos agentes económicos ter maior clareza sobre o rumo das relações bilaterais entre o Brasil e a União Europeia.Em matéria de cooperação, desde que a UE e o Brasil iniciaram, em 2007, uma série de cimeiras anuais, a Europa já canalizou verbas de 61 milhões de euros para diversos programas a implementar no Brasil. Um número que é uma gota de água no oceano de investimento privado europeu que já foi feito no mercado brasileiro. Os líderes que agora se reunem novamente em Bruxelas poderão dizer, no final da cimeira, se é tempo para uma maior ambição nesta parceria transatlântica.
http://www.portugaldigital.com.br/politica/ver/20083848-brasil-e-uniao-europeia-sentam-se-a-mesa-para-tentarem-ampliar-cooperacao