Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


03-03-2015

Principais dialetos de Angola por Valêncio Manoel


"Terra Gigante/terra Grande Gigante/De Queimadas sem fim/terra Quente de mulatas/D’um Bronze-chocolate/É de negras Que Remexem/Ao som do Batuque/Nas noites Quentes de Luar".(Rasgado,1996:11)

 

Valêncio Manoel,

Professor do Mestrado em Direito - Centro de Pesquisa em Politicas Públicas e Governação Local,Universidade Agostinho Neto, publicou a História de Angola  e começou por explicar seu projeto na Introdução:

A vida e a história de qualquer país começam com o conhecimento da história cultural do seu povo. Assim é para quem investiga os problemas complexos da jovem nação angolana, que está, na atualidade, perante o seu maior desafio como país independente. São muitas as questões enfrentadas, entre elas a de estabilizar a economia, pacificar os espíritos marcados por mais de trinta anos de guerra civil, encontrar os rumos da democracia norteada pelas reformas sociais para diminuir o estado de pobreza absoluta que tem assolado todo o país, melhorar suas péssimas condições sanitárias e ambientais.

Entre todas as dificuldades a maior delas está em instituir um ponto final na situação político-militar do país. Sem capacidade para resolução destas variáveis estruturais, o povo angolano segue a sua trajetória histórica marcada por longos retrocessos e pouquíssimos avanços na sua afirmação como nação soberana.

A presente dissertação teve origem no trabalho que realizamos naquele país, como voluntário das Nações Unidas, durante os anos 1995 a 1997. Angola encontra-se atualmente com péssimos índices sanitários, conseqüência dos longos conflitos bélicos ocorridos no país. Para melhorar esses índices foi desenhado o Projeto de Reabilitação Urbana e Ambiental de Lobito e Benguela, com o objetivo de dar estrutura sanitária e ambiental às duas cidades que, em função do Porto de Lobito, desempenham papel importante de corredor de exportação para os países vizinhos e toda a porção central de Angola.

Financiado por: Banco Mundial, Agência Sueca de Desenvolvimento, Agência Norueguesa de Desenvolvimento e Governo Angolano, o Projeto saiu do papel trabalhando com comunidades e beneficiando os mais carentes da Província de Benguela.

 

Nosso objetivo nesta dissertação foi descrever e analisar o projeto, uma vez que ele apresenta aspectos inovadores: financia diretamente as ações do poder local e da comunidade sem interferência do Governo Central; privilegia tecnologias e ações de baixo custo; forma recursos humanos nas comunidades locais.

Uma avaliação de seus resultados pareceu-nos importante para identificar seu potencial de reprodução em outras regiões africanas. 

Para melhor entendimento do projeto, consideramos necessário descrever primeiramente o contexto histórico, geográfico e sócio econômico em que ele se desenvolve.

Deste interessante estudo destaco agora o que refere as etnias de angolanas e seus principais dialetos porque só compreendendo que as muitas etnias angolanas e da África falam centenas de línguas é que se percebe por as línguas dos colonizadores são os idiomas oficiais destes países, pois são o garante da existência destes países! Até quando?

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Segundo o etnólogo português, José Redinha, em 1950, as principais etnias que habitavam Angola, então com uma população de 3.989.486, estavam assim distribuídas.

 

 Principais dialetos de Angola

ANO 1950
DIALETO ÁREAS DE INFLUÊNCIA POPULAÇÃO
Umbundo Bieno, Bailundo, Sele, Sumbe ou Pinda, Mbui, Quisange, Iumbo, Dombe, Ihanha, Huambo, Sembó, Cacondo e Chicuma. 1.443.742
Kimbundo Ngola ou Jinga, Bondo, Bangala, Halo, Cari, Chinje, Minungo, Songo, Bambeiro, Quissana, Libolo, Quibala, Haco e Sende. 1.083.321
Kikongo

(Bakongo)

Vili, Iombe, Cacongo, Oio, Sorongo, Muchicongo, Sosso, Congo, Zombo, Iaca, Pombo, Guenze, Paca e Coje. 479.818
Lunda-Kiolo Lunda, Lunda-Lua-Chinde, Lunda Ndemba, Quioco, Mataba, Cacongo ou Badinga e Mai. 357.693
Ganguela Luinbe, Luena, Lovale, Lutchz, Gangela, Ambueta, Mambunba, Engonjeiro, Ngoliebo, Mbaude, Cangala, Iashuma, Gengista ou Luio, Ncoia, Camachi, Ndungo, Nhengo, Nhemba e Avico. 328.277
Nhaneka-Humbe Muila, Gambo, Humbe, Donguena, Hinga, Cuancua, Handa (Mupa-Handa-Quipungo), Quilenge-Humbe e Quilenge-Muso 191.861
Ambo Vale, Cafima, Cunhama, Cuamato, Dombandola e Cuangar 62.141
Herero Dimba, Chimba, Chavicua, Cuanhoca, Mucubal e Guendengo 25.184
Hotentote-Bochimane Bochimane, Cazama 7.049
Vátua Cuepe e Cuissi 5.895
Xingonga Cussu 4.505

Fonte: VALAHU, M. (1968: 30-32).

 

http://www.tpissarro.com/angola-h.htm