27-01-2016Genealogia-Fontes Nomes e apelidos em Portugal: algumas notasPara os que se interessam pelo estudo da história das famílias com ascendência portuguesa, judaico ou não, partilho um texto muito esclarecedor, sobre um indicador das origens das nossas famílias ,que nem sempre orienta corretamente para as origens, pois os nomes nem sempre tiveram a continuidade que julgamos!
Nomes e apelidos em Portugal: algumas notas8 de agosto de 2014 por Manuela Alves
O uso de cada pessoa ser conhecida pelo nome ou nomes próprios, apelidos da mãe e apelidos do pai é relativamente recente. Datará, para a maioria das famílias, de finais do século XVIII, princípios do XIX. Denomina-se apelido qualquer nome usado em comum por toda a família.
A forma mais frequente de formação de apelidos na Idade Média foi a adopção do nome próprio do pai, sob a forma de patronímicos. Nos reinos ibéricos adicionava-se a desinência -ez, (por vezes -z ou -iz,) e em Portugal também "-es", para formar o segundo nome do filho. Este sufixo -ez, portanto, significava "filho de" e todos os apelidos com esta característica são denominados patronímicos.
Apesar de ser considerado característico da Idade Média, o tipo de nome constituído por nome, patronímico e apelido nunca chegou a ser usado pela maioria da população portuguesa, que se limitava a usar o nome próprio e o patronímico.
De facto, os patronímicos começam a ser usados como apelidos, e a ser transmitidos em gerações sucessivas, em vez de serem adaptados em cada geração do nome próprio do pai. Outros apelidos têm origem em alcunhas, nos nomes das terras (toponímicos) de onde as pessoas são naturais, ou, ainda, nas profissões.
É também uma época de grande indisciplina, que perdurará até ao século XX no uso e transmissão dos apelidos, pois as pessoas usam frequentemente apelidos diferentes dos que usavam os seus pais e irmãos, indo buscá-los indiferentemente a pai, mãe, avós, tios, padrinhos ou onde quisessem, e mudando-os mesmo ao longo da vida.
No baptismo, o padre, normalmente, registava apenas um nome próprio, e verificámos que nos vários filhos comprovados de um casal, por vezes os pais aparecem com apelidos diferentes, sobretudo a mãe, que pode aparecer com o patronímico ora do pai, ora da mãe.
Era na altura do casamento que se “fixavam” normalmente os apelidos e são estes os registos mais completos para o conhecimento dos apelidos familiares. Nos registos de óbitos verificamos que os jovens adultos, que morriam solteiros, eram normalmente apenas identificados pelo nome próprio e a indicação de filiação: Fulano, moço/a solteiro/a, fº de Beltrano.
Os apelidos (e também os nomes) tinham uma grafia bastante livre e podiam ser postos no feminino. Ninguém se admirava (excepto os descendentes contemporâneos) se uma mulher aparecesse umas vezes como Joana Leitão, outras Joana Leitoa.
No século XVIII, entre a nobreza titular, difundiu-se a moda estrangeira de usar nomes muito compridos, e esta extravagância permaneceu até ao princípio do nosso século, chegando a haver pessoas com mais de 30 nomes. Nas classes populares, creio que sobretudo urbanas, houve uma outra moda, a de as mulheres abandonarem os apelidos, usando apenas os nomes próprios ou de devoção. Por isso aparecem nomes como Ana Rita de S. João, Ana Joaquina do Espírito Santo ou Ana Maria de São José.
No princípio do século XIX expandiu-se em Portugal um costume que vigorava na maioria dos países europeus: o de a mulher adoptar o nome do marido. Esta prática só a encontrei em meios urbanos, mas ignoro se foi seguida, embora com alguma distanciação temporal, nos meios rurais. Aqui o que encontrei, nos meus ascendentes foi os filhos adoptarem o apelido paterno, enquanto as raparigas usavam os apelidos maternos.
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