Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


10-09-2004

Sebastião Coelho um angolano que acreditou no País




Sebastião Coelho: um angolano que amou e acreditou no País    10.09.04

 

“Sebastião Coelho, seu esforço em prol do jornalismo angolano continuará presente na memória de todos. Munguêno Sebas “

 

Divulgar as palavras do jornalista Sebastião Coelho, o “Sebas”: uma singela homenagem a quem tanto fez pela união da diáspora angolana em volta do ideal comum, Angola.

 

Seguem nesta edição vários depoimentos do Sebas.

 

*Sebastião Coelho (sebascoelho@ciudad.com.ar)
Data: Jan 7 15:30:16 2002

horta.0catch.com/aemh/Guestbook_aemhorta.htm

 

 

 

Capacidade Angolana

Estimado António Horta
Que satisfação verificar a qualidade do trabalho apresentado e o reconhecimento geral pelas suas capacidades e investigações. Sempre me da muita satisfação descobrir angolanos que se destacam pelos seus conhecimentos e iniciativas. já chegará o dia em que possamos ajudar directamente o nosso país ultrapassada que seja a loucura do poder que nos destroça. Parabéns e força.
Sebastião Coelho - Jornalista Angolano

 

 

 

*groups.msn.com/ComunidadeVirtualdeCabinda/mensagemdosebastiocoelho.msnw

 

 

 

Mensagem de um velho angolano que ama e acredita no País

 

Sabendo desta reunião de angolanos nativos ou por eleição, decidi enviar uma mensagem de saudação e se todos estiverem de acordo em ouvir o que tenho para dizer, peço à Anabela César – a Bélita – o favor de ser a minha interprete e a minha voz.

Sei que há aqui muitas pessoas que não me conhecem, algumas que me conhecem e outras que apenas me conhecem. Alguns gostam de mim, outros detestam-me e para outros sou indiferente. Não importa a posição pessoal de cada um. Hoje estamos reunidos porque, por distintas razões, nos separamos em consequência da diáspora de 1975 e agora estamos unidos pelo mesmo amor à nossa terra e pela mesma saudade. Angola está em paz. Muitos de nós podemos decidir voltar, não voltar ou simplesmente ir até lá. Seja qual for a posição de cada um, devemos pôr de parte os ressentimentos e tomar a decisão de ajudar a reconstruir Angola, com as nossas ideias, a nossa capacidade, a nossa inventiva, o nosso esforço. Demo-nos as mãos e unamo-nos num esforço que vale a pena. E vocês sabem porquê. Obrigado e até sempre.

 

Buenos Aires, Argentina, 7 de Setembro de 2002
Sebastião Coelho   sebascoelho@ciudad.com.ar

 

 

*horta.0catch.com/aemh/

Gestor da página: António Eduardo Monteiro Horta

 

“Nova Lisboa foi o nome com que a rebatizou o coronel Vicente Ferreira, ao decidir que a capital de Angola devia situar-se nesse ponto estratégico do Planalto Central. A lei ou portaria com a transferência de nome e da capital surgiu no Boletim Oficial no dia 21 de Setembro de 1927. Desde aí, esta data tornou-se o dia da cidade que só foi capital no papel, mas sempre foi cidade, porque nasceu cidade, a 12 de Agosto de 1912, por decisão do Alto Comissário da República Portuguesa, general Norton de Matos.

 

Acabava de chegar ao lugar o que seria o grande impulsor do progresso da região, o Caminho de Ferro de Benguela. Para celebrar o acontecimento, o general deslocou-se ao Huambo a fim de anunciar, pessoalmente, “in loco”, a fundação da nova cidade. Ele mesmo, de pé, sobre a tarimba montada frente ao barracão pomposamente designado gare ferroviária, leu o auto fundacional, na presença dos primeiros habitantes europeus da cidade, dois homens e uma mulher. Logo a seguir e ali mesmo, o Alto Comissário lhes entregou, em mão, o rascunho da planta da nova urbe, traçado pelo seu próprio punho.

 

Dados geográficos, orográficos e hidrográficos de notável precisão documentavam o projecto. A cidade seria implantada a sul da ferro via, alcandorada sobre a linha divisória de águas da região. Não registava nenhum povoado nesse lugar e apenas dava conta da existência de uma incipiente mina de diamantes. As sanzalas importantes, pertencentes ao forte sobado do Huambo, estavam anotadas e dispersas pelos arredores. Havia a embala do soba grande da Kissala, a duas léguas a ocidente, a do sobeta Sanjepele, três léguas ao norte e a do Sumi, a umas cinco léguas a sul.”

 

In: Coelho, Sebastião (2000). "A Mulemba da Maldição"

 

 

 

 

 

Em Abril do ano de 2000, um filho da terra, HUAMBO - NOVA LISBOA, chamado Sebastião Coelho, conhecido jornalista e radialista radicado na Argentina após a independência de Angola, escreveu uma crónica sobre a cidade intitulada "A Mulemba da Maldição", a propósito da maldição de Albano Canto dos Santos nos anos 20 do século passado, que se transcreve em formato (horta.0catch.com/aemh/ ) com a devida autorização do autor.

 

Aqui (horta.0catch.com/aemh/)  podemos encontrar citações de interesse histórico sobre os primórdios da cidade e suas gentes, a par de um estilo literário tão característico em Sebastião Coelho, que podemos identificar também nas "Crónicas do Kandimba" adaptadas do seu livro original: "Manamafuika"

António Eduardo Monteiro Horta

 

 

 


*www.portugal-linha.pt/gbook/pagina3.html

 

 

 

Descobri este site através de uma mensagem do Jose. A Ribeiro que me conhece de há muitos anos, de Luanda e teve a gentileza de convidar-me a participar deste fórum. Prometo que vou fazer o possível, se tiver tempo, «engenho e arte...». Gostaria de ter noticias do nosso comum amigo João Canedo, Faty e família. Felicita coes pelo espaço criado que vai crescer e reproduzir-se no âmbito da grande comunidade de Língua Portuguesa. Felicitações. Sebastião Coelho - Buenos Aires - Argentina
Sebastião Coelho <sebascoelho@ciudad.com.ar>
Buenos Aires, Argentina, Janeiro 18, 1999 at 20:46:23 (EST)

 



*dn.sapo.pt/ Diário de Notícias

 


Sebastião Coelho, a partida do mestre

 

MARIA AUGUSTA SILVA JORNALISTA

 


Voz inconfundível da rádio. Angolano até à raiz da alma. Sebastião Coelho despediu-se, na sexta-feira, do sol que lhe alimentou uma vida de ideais, de lutas, de desafios, de perigos, de cultura e de paixões, de utopias com todos os seus excessos. Morreu, com 71 anos, na Argentina, país que o soube acolher depois de muitos sonhos magoados. Quis ficar sepultado nos arredores de Buenos Aires, onde vivia há anos rodeado de afectos renascidos.

Jornalista, professor, investigador, marcou gerações do jornalismo, em particular de um mundo radiofónico que inovou e dinamizou como ninguém. Mestre que não precisava de falar alto, preferia comunicar com um entusiasmo inabalável, contagiante. Amigos, que teve mais do que inimigos, foram levar-lhe saudades, no sábado à noite, a uma igreja de Cascais. Também saudades da terra angolana e de um povo que Sebastião Coelho conhecia como poucos e amava acima de todas as coisas. Basta ler as crónicas que continuava a assinar, regularmente, em ebonet.net/kandimba. Estava, ainda, a preparar novo livro de contos. E, em Maio último, participara, em Luanda, no 12.º Congresso da Associação de Universidades de Língua Portuguesa; não deixou então de ir olhar o corpo, os nervos, o bom e o mau de sítios e costumes e lembranças que fazem parte do seu sangue e da sua pele. A notícia é-me dada enrolada em dor. Mordo o silêncio. Corro pelo tempo, atravesso não sei quantas fronteiras com a memória aberta nas mãos e sei dizer apenas, Sebastião, espera aí, de que vais falar hoje no teu programa?
E logo o teu sorriso quente, cheio, o teu afago: Café da Noite, boa música em boa companhia, na Rádio Eclésia, Emissora Católica de Angola. A análise aguda, lúcida. Brilhante. Escutavam-te no asfalto, nas cidades, nas sanzalas, no mato. Unias todas as lonjuras. Falavas com os teus olhos azuis, transparentes. Falavas o que sentias e pensavas e sonhavas. Pagaste, por isso e sempre, o preço de quereres ser livre, justo, coerente e humano, e de desejares essa mesma liberdade e humanidade para os outros, teus iguais. Morreste, Sebastião? Que é a morte? Vou ficar à espera que me respondas, que nos respondas num próximo programa, Café da Noite, boa música em boa companhia. Mongué! Na tua companhia. Até amanhã.

 


*groups.msn.com/ComunidadeVirtualdeSaurimo/dilogoscomsebastiocoelho.msnw

 



Sabia que...

 

Saurimo esteve para ser Capital de Angola?

 

Sebastião Coelho, Jornalista, Professor e Investigador revelou-nos que “Saurimo esteve para ser a capital de Angola se ali tivese sido proclamada a independencia em 11 de Novembro de 1975. Saurimo era a alternativa para Luanda se esta cidade tivesse sido ocupada pela FNLA e tropas zairenses e mercenárias. Havia aviões preparados para trasladarem o Agostinho Neto, episodio quase desconhecido da moderna historia de Angola”.

 

Numa conversa informal, Sebastião Coelho adiantou, também, que teve “o privilegio de realizar a reportagem do içar da bandeira à meia noite de 11 de Novembro de 1975 e de assistir a todos aqueles acontecimentos. Por isso conheço o episodio de Saurimo como possível capital dessa noite”.

 

 

 

 

 

“ Divulgar os textos que nos falam de Angola são luzes que esclarecem os elos África Brasil : A capacidade de relacionar as trajetórias de mulheres e homens pelo espaço Atlântico permite-nos ter a perspectiva da exploração dos novos mundos e dos contatos interculturais, deslocando de um continente a outro, abordando a diáspora humana e a transmissão cultural”.  

 

Elos Clube de Uberaba, 01.09.2004