22-03-2013 Sambaqui Eduarda Fagundes A imagem é de calma e beleza . Virada para a baía norte da ilha de Santa Catarina , olhando para o continente, a Praia do Sambaqui tem águas tranquilas que, em ondas pequenas, se extraiam preguiçosas sobre a grossa areia de conchas milenares. No mar, sob o sol reluzente, pequenos barcos amarrados por fortes correntes balançam, dolentes, à espera que alguém os tire daquele marasmo e os faça de novo cortar as águas e o vento, à busca do peixe, sagrado alimento. No horizonte, ao longe, montanhas azuis enfeitadas com um longo colar branco, como pérolas, dizem que pra lá há cidade, mais gente...
Na estreita faixa de terra beira-mar , casas pequenas, antigas, caiadas, de característica ilhoa, bordam o caminho, olham o mar. Quem sabe não esperam o pescador , dono da casa, chegar.... Colinas milenares, de conchas e esqueletos marinhos construídas, cemitérios magníficos de ancestrais indígenas, hoje cobertas por uma vegetação sempre verde e exuberante, aconchegam o local, servem de barreira às águas da baía, protegem os quintais.
Foi também no Sambaqui, lugar de nostalgia e sossego, onde os espíritos dos povos semi-nômades que ali viveram desfrutam a paz e a beleza parasidíaca do lugar, que açorianos chegados nas primeiras levas de imigração do século XVIII escolheram para morar. Passeando por lá, me veio à ideia; quem sabe naquele tempo, sentado na praia, ao pôr do sol, algum faialense, como eu, ao ver a montanha -continente, em frente, deva ter fechado os olhos e, com saudades, imaginado o Pico olhar!
Maria Eduarda Fagundes Floripa, fevereiro/ 20013
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