14-09-2002Escolas de Vida Margarida Silva e CastroFoi em Água dos Mininos /Na Bahia, à flor do mar. Que o português percebeu/Que isto de ser brasileiro É questão de começar ( Vitorino Nemésio, açoriano, da Ilha Terceira ) Reações A propósito do relato da imigrante brasileira da Ilha do Faial, Eduarda Fagundes sobre suas lembranças da chegada ao Brasil, o correspondente do Fórum Elos Alfredo Louro, de Portugal, manifestou-se muito sensibilizado. Segundo ele: “ Ao ler por curiosidade seu relato, senti como que uma sensação bastante estranha! Talvez porque nunca emigrei. Nunca me senti afastado por muito tempo dos meus familiares mais diretos. Precisamente por estas razões (ou falta delas) achei bastante estranho que a verdadeira "mensagem" da Eduarda me "tocasse" e "mexesse" de tal forma com a minha sensibilidade, ao ponto de me emocionar da mesma forma como se, naquele dia de 1955, eu estivesse igualmente no cais a embarcar no tal navio escuro e grande com ares de "sinistro" a separar-me do meu torrão natal! . Senti-me de fato levado para outras "galáxias" ao ler a narrativa e não resisti à tentação de escrever para dizer isso mesmo: - Que me senti enlevado ao ler tão bela quão bem conseguida mensagem. Talvez pela nostalgia que não pode - se calhar nem queria- esconder, talvez pela poesia muito bem desenhada transformada em artística prosa que, de forma tão feliz, conseguiu transmitir para o exterior o seu próprio sentimento fortemente CONTAGIANTE!” E Alfredo concluiu : “ Por favor sinta-se orgulhosa pelo que escreveu, mate saudades logo que possa com uma visita ao seu "Torrão" e... não pare de escrever este gênero de memórias! “ . Muitos de nós podemos pegar na caneta e escrever histórias de vida e as histórias de nossos avós. A formação plena do futuro cidadão só acontecerá quando tivermos conhecimento pleno de nossas origens, raízes e cultura. Para isto há que lermos a informação disponível. Consulte nos endereços virtuais as idéias e tendências: www.semanariotransmontano.com e www.revelacaoonline.uniube.br . Talentoso O escritor, o musico, o artista de modo geral, nos deixa exemplos de vida que são incentivo para a juventude. Uma escola de vida e de versatilidade! Nós somos muitas capacidades! Depende de nós desenvolve-las. Aqui vos cito o exemplo do escritor açoriano Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva, nascido na Ilha da Terceira, em 1901, e falecido em 1978, Lisboa. Ele foi de muitos talentos. Vitorino representou para a cultura portuguesa, um dos mais profícuos eruditos. Doutor em Letras, foi professor universitário em Lisboa, Bruxelas, Brasil. Seus trabalhos de ordem acadêmica em Literatura, História , Geografia, Filosofia, foram reconhecidos em Portugal e no estrangeiro, recebendo prêmios e títulos de Dr. Honores Causa na França, Inglaterra, e até na Alemanha. Além de ter sido violinista, jornalista, novelista, romancista, poeta, prosador, redator, teatrologo e até comunicador na Radio Televisão Portuguesa. Vale a pena o leitor conhecer mais a respeito de sua obra. Em breve citaremos sua bibliografia para facilitar a consulta. E isto o faremos a partir de pesquisa na Universidade dos Açores. Políticas O Brasil sendo um país de dimensão continental, sempre teve uma política aberta à imigração. Um País com as dimensões do Brasil necessitava de gente. Principalmente a partir do início do Séc. XX, em que milhões de italianos, portugueses, japoneses, libaneses, turcos, alemães, etc. engrossaram a massa de imigrantes no Brasil. E mesmo assim, em 2001, o Brasil tinha apenas cerca de 50 habitantes por quilômetro quadrado. Já, Portugal, tem 280 habitantes por quilômetro quadrado. Isto significa que, para que o Brasil chegue à mesma densidade populacional de Portugal, teria que ter 980 milhões de habitantes. São números que justificam as políticas diversas adotadas. Mas, em Portugal defende-se uma integração dos imigrantes na sociedade, com direitos e deveres iguais. Lá, integrar não significa só dar casa e alimentação; significa também dar cultura, acesso gratuito à “Língua Portuguesa”. As restrições à entrada dos imigrantes visam a integração destes cidadãos. Mas a cidadania é também prioridade em Santa Catarina onde já se realizou a 8 ª Festa da Cultura Açoriana, uma ação que integra vários municípios. A iniciativa é do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina que, junto com todas as Universidades regionais, Universidade dos Açores, Prefeituras Municipais, Fundações Culturais e o apoio da Petrobrás, reúnem milhares de pessoas, comemorando as tradições da culinária, danças, festa do Divino Espírito Santo, Terno dos Reis, arquitetura e artesanato. E integrando plenamente com as festas, a comunidade que muitas vezes, por falta de identificação com os valores que herdaram, não se orgulhava das origens. Escolas de Vida! Margarida Silva e Castro é engenheira agrônoma e integrante do Elos Clube de Uberaba , e mail: guidasc@ldc.com.br |