Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


05-01-2013

O Natal e os Tempos Eduarda Fagundes


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 Rememoremos ... 

                                                     O Natal e os tempos            

Maria Eduarda Fagundes

                      O telefone tocou. Era minha neta de quatro anos me convidando para assistir a chegada de Papai Noel na Praça da Vila onde ela mora. Apesar de cansada, depois de um dia exaustivo de trabalhos, senti-me intimada.  Fui e assisti a uma inovação por esta nova geração costurada.  O bom velhinho chegou num Cadilac antigo, vermelho como sua roupa, anunciado por um buzinaço. A garotada corria entusiasmada atrás do carro. Papai Noel acenava. Já na praça, depois de acomodado no seu trono improvisado, ao lado de um bonito presépio, montado com as figuras tradicionais e ornado com muita folhagem, o bom velhinho recebeu as crianças, escutou seus pedidos, falou-lhes de nascimento de Jesus, de comportamentos e prendas, da importância que elas tinham para ajudar a levar alegria a outras crianças, menos afortunadas.   Prometeu voltar nas vésperas de Natal, para trazer os presentes pedidos e para recolher os brinquedos que as crianças boazinhas iriam depositar na caixa que o Papai Noel iria deixar em cada casa.  Depois de muitos acertos e algazarra da criançada, voltou ao carro e saiu devagar rumo à estada. Foi uma visita de Natal, pré-programada, com o intuito de ensinar às crianças a importância da partilha.

Desde que as Igrejas Latinas instituíram a partir de 330 a festa da natividade (mas só em 506 a 25 de dezembro fixada), os cristãos passaram a festejar aquela data como o dia do nascimento do Menino Jesus.   A escolha foi ancorada numa celebração pagã do solstício de inverno, quando os povos antigos ( egípcio, gregos, romanos) celebravam a  época da gestação da terra, quando as sementes  aguardavam a germinação, o renascimento ,  o ano novo,  que a imagem de uma  criança representava.

 A capacidade dos cristãos em assimilar e adaptar o pagão ao religioso fez surgir  em cada país do mundo ocidental uma nova comemoração,   onde as diferenças culturais, históricas e ambientais,  catalisadas pela figura teológica da Igreja,   fizeram do Natal uma festa Cristã e Universal.

Nos tempos tenebrosos de inverno, os povos germânicos  protegiam –se  dos males se agrupando e aquecendo em volta da lareira,  decorando a suas casas com luzes e folhagens.  Os ucranianos decoravam as árvores de Natal ( que dizem ter sido Lutero o primeiro a enfeitar) com teias de contas coloridas para dar sorte ao ano preste a começar. Os holandeses colocavam os tamancos fora das portas das casas cheios  de ervas para dar aos cavalos de São Nicolau.  Na Itália, os presépios de São Francisco lembravam o nascimento de Jesus, e os presentes reportavam as festas romanas ,  as oferendas dos três reis  magos e de São Nicolau.    Cada povo ajustou suas lendas e crendices aos festejos natalinos.   Até que no final do século XIX, o americano Thomas Nast adaptou a ideia  do pastor e poeta  Clement Moore  do bom velhinho, à figura comercial , simpática e gorducha,  que hoje conhecemos como o Papai Noel .

Em qualquer época, mais que uma festa de troca de presentes, mais que uma de reunião familiar de comes e  bebes , o Natal  deve ser lembrado como um tempo de introspecção e renovação,  e comemorado como   o Menino Jesus nos ensinou ;  com amor e  fraternidade.

Maria Eduarda Fagundes

Uberaba, 14/12/12

 

 

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