Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


22-12-2014

Jardim das Delícias de Maria Alexandre Dáskalos


Jardim das Delícias

Jardim das Delícias

de Maria Alexandre Dáskalos

 

Edição/reimpressão: 2003

Páginas: 56

Editor: Editorial Caminho

ISBN: 9789722115483

 

Maria Alexandre Dáskalos,poetisa, nasceu no Huambo (antiga Nova Lisboa), em Angola, em 1957. É filha do poeta e nacionalista angolano Alexandre Dáskalos. Devido aos graves problemas decorrentes da guerra civil, em 1992 vem para Portugal com a mãe e o filho, reiniciando, em Lisboa, os seus estudos em História. Atualmente, é jornalista na RDP África e mestranda em História Contemporânea. Para além de escrever para periódicos, publicou em Portugal, pela Editorial Caminho, Do Tempo Suspenso (1998), Lágrimas e Laranjas (2001) e Jardim das Delícias (2003).

 

Jardim das Delícias de Maria Alexandre Dáskalos

 

Diversificando os estilos e até os géneros, a autora contempla-nos com uma grande variedade formal, que vai desde a poesia em prosa aos textos profundamente sintéticos de que é exemplo o poema "E agora só me resta".

Harmoniosa e fonte de melodia, a sua obra permite criar extraordinários momentos de poesia declamada.

Figurando em algumas antologias poéticas com reconhecimento, escreveu os seguintes livros: O Jardim das Delícias (1991) da editora angolana Ler e Escrever; Do Tempo Suspenso (1998) da Editorial Caminho e Lágrimas e Laranjas .

 

 

"Onde cairá o orvalho se as pedras perderam dono"

 

Onde cairá o orvalho se as pedras perderam dono

e história

e só as coisas torpes e destruídas

cobriram os campos e tornaram cinza o verde?

 

Oiço exércitos do norte do sul e do leste

fantasmas lançado o manto das trevas

os rostos exilando-se de si mesmos.

Oiço os exércitos e todo e qualquer som abafarem.

- Não ouves a chuva lá fora, a voz de uma mulher,

o choro de uma criança?

Oiço os exércitos, oiço

os exércitos.

 

Quero reconstruir tudo - alguém disse

e ouvimos cair as árvores.

E vimos a terra coberta de acácias

e as acácias eram sangue.

 

Estamos à beira de um caminho

- que caminho é este?

Inventam de novo o vôo dos

pássaros.

Aqui já se ouviu o botão da rosa a desabrochar.

 

Maria Alexandre Dáskalos

 

http://www.wook.pt/ficha/jardim-das-delicias/a/id/59254