Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


06-06-2015

Angola – Antiga e a várias velocidades


 

14 de fevereiro de 2014 às 17:06

Angola é antiga e funciona a várias velocidades. Há quem o ignore… vou explicá-lo.

 

Fig. 1 - A Costa Ocidental de África (mapa do início do século XVII).Fig. 1 - A Costa Ocidental de África (mapa do início do século XVII).

 

Angola é antiga

 

A Cidade do Congo, M'Banza Congo, que já era capital do Reino do Congo quando Diogo Cão chegou à foz do Zaire, em 1483, aparece pela primeira vez com o nome de São Salvador do Congo em cartas enviadas a João III de Portugal (que reinou de 1521 a 1557) por Álvaro I do Congo (que reinou de 1568 a 1587). Em 1549 foi construída na Cidade do Congo uma igreja católica, que foi elevada a catedral em 1596, e que é a mais antiga igreja das Áfricas Central e Meridional. A Cidade do Congo manteve o nome de São Salvador do Congo até pouco depois da Independência de Angola, em 11 de Novembro de 1975.

 

A vila de São Paulo de Loanda foi fundada em 25 de Janeiro de 1576 por Paulo Dias de Novais, neto do Bartolomeu Dias que em 1488 dobrou o Cabo das Tormentas, depois Cabo da Boa Esperança, passando do Oceano Atlântico ao Oceano Índico e assim abrindo o Caminho Marítimo para a Índia.

 

Em 1578 foi fundada Benguela, depois chamada Benguela-a-Velha e finalmente Porto Amboim, nome que actualmente mantém.

 

Em 1605, com o aumento da população e do número de edificações, que se estendiam já do Forte de São Miguel ao Convento de São José (sito no local onde hoje se ergue o Hospital Velho, ou Hospital Josina Machel), a Vila de São Paulo de Luanda recebeu foral de cidade, tendo sido constituída a sua primeira vereação municipal.

 

A Cidade de São Filipe de Benguela, capital do chamado “Reino de Benguela”, foi fundada em 17 de Maio de 1617 por Manuel Cerveira Pereira, Governador e Capitão-General de Angola de 1603 a 1606, num primeiro mandato, e de 1615 a 1617, num segundo mandato. Os Reinos de Angola e de Benguela foram autonomamente administrados de 1617 a 1869.

 

A partir de 1627 a Cidade de Loanda tornou-se o centro administrativo de uma região, chamada de “Reino de Angola” que abarcava basicamente os vales dos rios Dande, Bengo e Quanza, bem como os vales dos seus afluentes, sendo pois menor do que a região actualmente designada por esse mesmo nome.

 

Fig. 2 - Os Reinos do Congo, de Angola e de Benguela (mapa do fim do século XVII).Fig. 2 - Os Reinos do Congo, de Angola e de Benguela (mapa do fim do século XVII).

Neste período foram erguidas:

  • Em 1576, a Igreja da Misericórdia;
  • Em 1583, a Sé Episcopal (sita no local onde actualmente funciona a Casa Militar da Presidência da República);
  • Em 1593, a Igreja dos Jesuítas;
  • Em 1604, o Convento de São José (sito no local onde hoje se ergue o Hospital Velho);
  • Em 1607, o Palácio do Governador;
  • Em 1623, a Casa da Câmara (sito no local onde mais tarde funcionou o Tribunal da Relação de Luanda);
  • Em 1618, a Fortaleza de São Pedro da Barra;
  • Em 1634, a Fortaleza de São Miguel de Loanda.

Em 1641 Loanda foi conquistada, e saqueada, por uma frota de 18 navios da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais sob o comando do corsário Cornelis Corneliszoon Jol (1597 – 1641), alcunhado ‘de Houtebeen’, ‘o Perna-de-pau’, tendo os moradores e a vereação retirado para o Bengo, primeiro, para Massangano, depois.

 

Em 1648 Loanda foi reconquistada, no dia 15 de Agosto, por uma frota luso-brasileira de 12 navios, sob comando de Salvador Correia de Sá e Benevides. Em comemoração do facto o nome da cidade foi alterado para São Paulo da Assunção de Loanda.

 

De 15 de Agosto de 1648 a 10 de Novembro de 1975 a cidade de São Paulo da Assunção de Loanda permaneceu sendo a capital:

  • Primeiro, do Reino de Angola, um dos reinos do Rei de Portugal.
  • Depois, da Província de Angola, uma colónia, ou província ultramarina, a designação variou, da República Portuguesa.

No dia 11 de Novembro de 1975 Portugal retirou, o Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, proclamou a independência em Luanda, a Frente Nacional para a Libertação de Angola, FNLA, e a União Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA, proclamaram-na em Nova Lisboa, actual Huambo, e seguiu-se uma guerra civil que terminou em 4 de Abril de 2002, com a vitória do MPLA.

 

Tendo em vista permitir avaliar a antiguidade relativa de Angola junto algumas datas:

  • 1483 – Contacto de Diogo Cão com a Cidade do Congo, que já existia.
  • 1519 – Fundação de Havana, em Cuba.
  • 1549 – Fundação de São Salvador da Bahia de Todos os Santos.
  • 1565 – Fundação de São Sebastião do Rio de Janeiro.
  • 1576 – Fundação de São Paulo da Assunção de Luanda.
  • 1617 – Fundação de São Filipe de Benguela.
  • 1625 – Fundação de Nova Iorque.
  • 1652 – Fundação Cidade do Cabo.
  • 1782 – Fundação de Maputo.
  • 1855 – Fundação de Pretória.
  • 1880 – Fundação de Brazzaville.
  • 1881 – Fundação de Kinshasa.
  • 1886 – Fundação Joanesburgo.

 

Angola funciona a várias velocidades

 

Em Angola coexistem três grandes grupos etnolinguísticos, os Mucancalas, os Bantos e os Lusos.

 

Fig. 3 - Crianças Mucancala.Fig. 3 - Crianças Mucancala.

 

Os Mucancalas, os mais antigos ocupantes humanos vivos do actual território de Angola, têm a pele de diversos tons de bege, o cabelo preto e aos montinhos encaracolados, os olhos negros e muito frequentemente apresentam esteatopigia. São caçadores-recolectores paleolíticos e falam uma língua da família de línguas khoisan (que se caracteriza pelo uso de cliques como fonemas).

 

Fig. 4 - Mulheres Banto (Huílas).Fig. 4 - Mulheres Banto (Huílas).

 

Os Bantos, que começaram a entrar no actual território de Angola por volta de 1300 dC, têm a pele de diversos tons de castanho, o cabelo preto e encarapinhado, os olhos negros. São agricultores, ou pastores, ou agricultores e pastores, bem como caçadores e guerreiros. A sua cultura de base é característica do início da idade do ferro e falam línguas banto (que se caracterizam pelo uso extensivo de prefixos).

 

Fig. 5 - Alda Lara e Agostinho Neto, médicos e poetas.Fig. 5 - Alda Lara e Agostinho Neto, médicos e poetas.

 

Os Lusos, que começaram a entrar no actual território de Angola por volta de 1500 dC, têm a pele, o cabelo, os olhos, de variadas cores (o grupo inclui indivíduos de diversas ascendências). São agricultores e criadores de gado, comerciantes, industriais, dedicando-se às mais variadas actividades económicas dos sectores primário, secundário, terciário e, bem assim, à administração, à cultura e à guerra. A sua cultura de base é a moderna cultura científico-tenológica e falam português.

 

Três velocidades básicas portanto:

  • A velocidade dos Mucancalas (o Paleolítico terá terminado na África Tropical há cerca de 5 mil anos, por volta de 3000 aC).
  • A velocidade dos Bantos (a Idade do Ferro ter-se-á iniciado na África Tropical há cerca de 3 mil anos, por voltade 1000 aC).
  • A velocidade dos Lusos (a Idade Científico-Tecnológica teve início há cerca 500 anos, por volta de 1500 dC, como o «... a experiencia he madre das cousas, por ella soubemos rradicalmente a verdade...» do Esmeraldo de Situ Orbis, p. 196).

E além das três velocidades básicas existem as diversas velocidades intermédias, dos que têm um pé num grupo, um pé noutro grupo…

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ANEXOS:


1. Invasões (ou migrações) e Reinos (ou impérios).

 

Fig. 6 - L = Lusos;  A = Angola;  B = Benguela;  M = Muatiânvua;  B = Barotze.Fig. 6 - L = Lusos; A = Angola; B = Benguela; M = Muatiânvua; B = Barotze.

 

Os Bantos chegaram por terra às regiões que hoje são Angola … e desceram os rios em direcção ao mar.

 

Os Lusos chegaram por mar às regiões que hoje são Angola … e subiram os rios em direcção ao interior.

 

Os rios descidos, ousubidos que mais importância tiveram foram os Congo-Zaire, Dande, o Quanza e oseu afluente Lucala, o Longa, o Cuvo-Queve, o Catumbela, o Coporolo e o Curoca.O rio Cunene não foi usado porque, ao que parece, nos séculos XVI e XVII a águacorria por baixo das dunas que lhe ocultavam completamente a foz.

 

Povos e Línguas de Angola, de Carlos Pires

http://cpires.planetaclix.pt/cpires_angola_povos.html

 

Mapa mostrando reinos totalmente livres da ocupação portuguesa em 1885-1897

http://protectoradodalunda.blogspot.pt/2011/01/mapa-mostrando-reinos-totalmente-livres.html

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2. Distribuição geográfica dos grupos etnolinguísticos presentes em Angola.
 

Fig. 7 - Angola - Mapa étnico (1970).Fig. 7 - Angola - Mapa étnico (1970).

O mapa supra, que usa a ortografia anglo-saxónica embora se baseie em estudos etnográficos portugueses realizados antes de 1975, data da independência de Angola, identifica os diversos grupos Banto, chama aos Mucancalas Khoisan e não refere os Lusos.

 

Na época os Lusos (que eram e são o grupo dominante, toda a gente em Angola falava e fala o português) encontravam-se dispersos por todo o território e tinham concentrações importantes nas cidades de Luanda, Nova Lisboa (Huambo), Lobito, Benguela, Sá da Bandeira (Lubango), Moçâmedes (Namibe), Malange, Carmona (Uíge), Silva Porto (Cuíto), Luso (Luena), Serpa Pinto (Menongue), seus arredores e corredores ferroviários e rodoviários que as interligavam.

Fig. 8 - Angola - Mapa administrativo (1970).Fig. 8 - Angola - Mapa administrativo (1970).

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3. O Nacionalismo Angolano e a Política Mundial.

 

Fig. 9 - 1996 map of the major ethnolinguistic groups of Africa, by the Library of Congress …Fig. 9 - 1996 map of the major ethnolinguistic groups of Africa, by the Library of Congress …

Acima está o fragmento de um mapa que retirei da Internet. Retirei-o concretamente daWikipedia, the free encyclopedia, da página

página onde se afirma que «Africans are natives or inhabitants of Africa and people of African descent.»

 

Consultando a legenda, no canto inferior esquerdo, que está organizada como segue

o  Tribe or Ethnic Group Name – nome da tribo, ou grupo etnolinguístico

o  Location – localização no mapa da tribo

o  Population Estimate – número estimado de elementos da tribo

o  Variant Name (a) – nome alternativo da tribo

constata-se que, segundo eles, em África só existe um grupo etnolinguístico a falar uma língua indo-europeia, os Africânderes do Cabo

o  Tribe or Ethnic Group Name – Indo-European – Afrikaaner

o  Location – E1

o  Population Estimate – 1,788,000

o  Variant Name (a) – none

e que, ainda segundo eles, em Angola se falam só línguas Banto e Khoisan, em Moçambique só línguas Banto e em São Tomé e Príncipe também só línguas Banto, entendimento que me parece ser claramente anómalo e carecer de explicação.

 

Deixando de lado a hipótese de a anomalia decorrer da ignorância, explicação que não reputo aceitável, quer-me parecer que a mesma decorre de os etnolinguistas norte-americanos serem, por um lado, adeptos da superioridade racial germânica e, por outro, antipapistas (posições que não se encontram historicamente desligadas uma da outra, bem pelo contrário), posições ideológicas estas que os levam a considera africana a língua dos Africânderes do Cabo, que são Frísia-Africanos, Germânicos e Calvinistas, mas não a dos Angolanos, Moçambicanos e São-Tomenses, que são Luso-Africanos, Latinos e Católicos.

 

Esta interpretação, estranha à primeira vista, torna-se menos estranha se nos lembrarmos que a Cidade de Nova Iorque foi fundada como Nova Amesterdão (1625), o Estado de Nova Iorque começou por ser a Colónia dos Novos Países Baixos (1614 – 1667) da Companhia dos Novos Países Baixos, primeiro, da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, depois, e que os Pilgrim Fathers, da Plymouth Colony (1620), eram Separatistas Puritanos Brownistas Ingleses (calvinistas que consideravam que o governo da Igreja deveria ser totalmente democrático e o ministério evangélico um encargo a que todos deveriam ter acesso).

 

Isto acarreta, a meu ver, que no que concerne às questões de África os Estados Unidos da América se assumem por vezes mais como os herdeirosdo Império Neerlandês do que como os herdeiros do Império Britânico, o que acarreta que sejam hostis a Portugal e aos Luso-Africanos.

 

E perguntar-me-ão: Que tem isto a ver com o Nacionalismo Angolano?

 

Simples! Os três os Movimentos de Libertação de Angola, FNLA, MPLA, UNITA, têm, todos três, origem nas Missões Protestante Norte-Americanas em Angola, e foram, todos três, apoiados pelas Igrejas Protestantes Norte-Americanas e pelo Governo do Estados Unidos da América do Norte (embora o tenham sido em épocas diferentes).

 

Pequena lista de nacionalistas angolanos da primeira geração (ordenada por data de nascimento):

  • António Agostinho Neto (Catete, 1922 – Moscovo, 1979) – MPLA (Neto) – Liceu Salvador Correia, em Luanda, e Universidades de Coimbra e de Lisboa (Medicina). Metodista.
  • Holden Álvaro Roberto (São Salvador do Congo, 1923 – Luanda, 2007) – FNLA – a família mudou-se para Leopoldville, no Congo Belga, em 1925 – Liceu numa escola de uma Missão Batista – trabalhou para o Ministério das Finanças do Congo Belga em Leopoldville, Bukavu, e Stanleyville, em 1951 visitou Angola e em 1954 fundou a União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), mais tarde União dos Povos de Angola (UPA), depois Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). Baptista.
  • Joaquim Pinto de Andrade (Golungo Alto, 1926 – Luanda, 2008) – MPLA (Revolta Activa) – Liceu Salvador Correia, em Luanda, e Universidade Gregoriana de Roma (Teologia). Católico Romano.
  • Viriato da Cruz (Porto Amboim, 1928 – Pequim, 1973) – MPLA – Liceu Salvador Correia, em Luanda, suponho que sem estudos universitários. Ignoro em que religião foi educado.
  • Mário Pinto de Andrade (Golungo Alto, 1928 – Londres, 1990) – MPLA (Revolta Activa) – Liceu Salvador Correia, em Luanda, e Universidade de Lisboa (Letras). Católico Romano.
  • Lúcio Lara (Nova Lisboa, 1929 – ainda é vivo) – MPLA (Neto) – Liceu Diogo Cão, em Sá da Bandeira, actualmente Lubango, e Universidades de Coimbra e de Lisboa (Ciências). Ignoro em que religião foi educado.
  • Daniel Chipenda (Lobito, 1931 – Cascais, 1996) – MPLA (Revolta Leste) – Liceu Diogo Cão, em Sá da Bandeira, actualmente Lubango, e Universidade de Coimbra (ignoro o curso), foi jogador de futebol da Académica. Ignoro em que religião foi educado.
  • Jonas Malheiro Savimbi (Munhango, Moxico, 1934 – Lucusse, Moxico, 2002) – UNITA – Liceu Diogo Cão, em Sá da Bandeira, actualmente Lubango, e Universidades de Genebra, Lausanne e Friburgo (Ciências Sociais e Políticas). Evangélico Congregacional.

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4. O Nacionalismo Angolano e a Política Portuguesa

 

Fig. 10 - Congos e Mazombos – O Princípe D. Nicolau, filho d’El Rei de Congo, Lisboa de visita à Rainha D. Maria II, 1845.Fig. 10 - Congos e Mazombos – O Princípe D. Nicolau, filho d’El Rei de Congo, Lisboa de visita à Rainha D. Maria II, 1845.

 

O Nacionalismo Angolano nasceu no seio de um grupo social muito específico, o grupo em Angola equivalia ao que no Estado da Índia é conhecido pela designação de casados, e no Estado do Brasil pela de mazombos.

 

Quem são então os casados, os mazombos, os ambaquistas, os luandinos, os malanjinos, os chicoronhos, os angolenses?

 

Simples, são os filhos-da-terra!

 

São os portugueses que se fixaram, casaram, criaram filhos e netos. São os locais que adoptaram as língua e cultura portuguesas. São os descendentes de uns e de outros.

 

A este grupo, o dos Lusos-filhos-da-terra, opôs-se por vezes o grupo dos Lusos-filhos-do-reino, designado por reinóis na Índia, mascates no Brasil e metropolitanos em Angola.

 

O que aconteceu então?

 

Várias coisas:

  • O Reino de Portugal aboliu o tráfico negreiro em 1836, o que prejudicou gravemente a economia dos Reinos de Angola e de Benguela, cuja principal exportação eram aspeças, os escravos, prejudicou os potentados banto-tribais do interior africano, que forneciam os escravos, e prejudicou os lusos-filhos-da-terra, que as exportavam para as Américas espanhola, francesa, inglesa e portuguesa.
  • Tal prejuízo económico originou grande descontentamento, descontentamento que se manifestou politicamente através de tendências independentistas, umas, autonomistas ou de aproximação ao Impériodo Brasil, outras.
  • Aproximadamente a partir da mesma data teve início a Corrida a África, que envolveu inicialmente a França e a Inglaterra, depois também a Alemanha e a Bélgica, que culminou no Ultimato Britânico de 1890 e na Conferência de Berlim de 1884 e1885, e que acarretou a passagem para a influência alemã, belga, francesa e inglesa de zonas anteriormente sob influência portuguesa.
  • Da Conferência de Berlim decorreu que as potências ficavam obrigadas a comprovar a efectiva ocupação dos territórios africanos que reclamavam, o deu origem, no fim do século XIX início do século XX, às Campanhas de Ocupação e Pacificação de Angola e de Moçambique, campanhas que obrigaram á deslocação para esses territórios de forças metropolitanas relativamente importantes.
  • Também aproximadamente a partir da mesma data começaram a surgir em Portugal os adeptos da superioridade racial germânica, ideologia que em termos de política colonial privilegiava os lusos-filhos-do-reino e desprivilegiava os lusos-filhos-da-terra, que aliás não distinguia dos banto-tribais (eram todos pretos), ideologia que teve uma grande influência na política colonial da I República (1910-1926), da Ditadura Militar (1926-1933) e da primeira metade do Estado Novo (1933-1953).

Qual era pois a situação dos lusos-filhos-da-terra de Angola, Cabo-Verde, Guiné, Índia, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor, nas décadas de 1920, 1930, 1940?

 

Tinham sido economicamente prejudicados, tinham sido desapossados dos governos locais de que tradicionalmente se encarregavam, tinham sido desconsiderados por via da sua identificação com os banto-tribais (eram todos pretos).

 

Acho que não devemos ficar espantados por alguns se terem revoltado…

 

Este é, no meu entendimento, a perspectiva geral.

 

Depois há os detalhes, os pormenores, os casos pessoais. Uns trágicos, como os da Sita Valles, do Jonas Savimbi, de muitos outros, que morreram em combate. Outros menos trágicos, como os do Joaquim Pinto de Andrade, do José Eduardo dos Santos, também de muitos outros, que sobreviveram ao temporal e permaneceram em Angola. E há ainda o dos que fora de Angola também sobreviveram.

 

 

Paulo Jorge de Sousa Pinto, 

Os casados de Malaca, 1511-1641: estratégias de adaptação e de sobrevivência.

http://www2.iict.pt/?idc=102&idi=17183

 

Adelto Gonçalves, 

A Revolta dos Mazombos Pernambucanos.

http://www.filologia.org.br/adelto_goncalves/html/A%20revolta%20dos%20mazombos%20pernambucanos%20-%20ADELTO.htm

 

Evaldo Cabral de Mello, 

A Fronda dos Mazombos: Nobres contra Mascates, Pernambuco, 1666-1715.

http://www.editora34.com.br/detalhe.asp?id=253

 

Evaldo Cabral de Mello, 

A Fronda dos Mazombos: Nobres contra Mascates, Pernambuco, 1666-1715.

http://books.google.pt/books/about/A_fronda_dos_mazombos.html?id=72jSAvuUAuoC&redir_esc=y

 

Antônio Gusmão, 

Os Mazombos e o Pai Sumé do Peabiru.

http://www.skoob.com.br/livro/360668-os-mazombos

 

Decreto de abolição daescravatura (Visconde de Sá da Bandeira, 1836)

http://www.arqnet.pt/portal/portugal/documentos/vsb_abolicaoescravatura.html

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5. Os Mucancalas

 

Fig. 11 - Distribuição geográfica dos Khoe-San, ou Khoisan.Fig. 11 - Distribuição geográfica dos Khoe-San, ou Khoisan.

 

Duas citações do artigo da Revista VEJA abaixo referido:

  • «A pesquisa mostrou que os Khoe-San são descendentes do mais antigo evento de diversificação da história humana, que teria acontecido há 100.000 anos, e conservam até hoje essas diferenças ancestrais em seu DNA. O estudo foi publicado nesta quinta-feira na revista Science.»
  • «O que conseguiram confirmar foi o caráter único dos Khoe-San, que teriam se separado do resto da humanidade há 100.000 anos e seguido seu desenvolvimento de forma quase independente. A segunda divergência a ser registrada pelos pesquisadores só aconteceu bem depois, há 45.000 anos, quando os povos do centro da África se separaram dos povos ao leste. “A maior divergência entre os humanos modernos aconteceu há 100.000 anos, bem antes da migração da África, e duas vezes antes das divergências entre os pigmeus e os caçadores-coletores do leste da África do resto dos grupos africanos”, disse Carina Schlebusch, pesquisadora da Universidade Uppsala, na Suécia.»

 

Os Khoe-San, ou Khoisan, que vivem em Angola são aí conhecidos por Mucancalas.

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VEJA: Cientistas analisam DNA de mais antiga linhagem de humanos

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-analisam-dna-de-mais-antiga-linhagem-de-humanos

 

SCIENCE: Genomic Variation in Seven Khoe-San Groups Reveals Adaptation and Complex African History in Science 19 October 2012, Published Online September 20 2012

http://www.sciencemag.org/content/338/6105/374.abstract?sid=3cf31779-aab5-4191-a1fb-f7c0d8316795

 

Khoisan

http://pt.wikipedia.org/wiki/Khoisan

 

Línguas khoisan

http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_khoisan

 

Khoisan languages – map

http://kids.britannica.com/elementary/art-180647/A-map-shows-where-speakers-of-Khoisan-languages-live

 

Khoisan languages – tree

http://kids.britannica.com/elementary/art-56390/Classification-of-the-Khoisan-languages

 

As Comunidades Primitivas de Caçadores e Recolectores (Khoisan)

http://escola.mozmaniacos.com/historia/as-comunidades-primitivas-de-cacadores-e-recolectores-khoisan-2/#ixzz2tqpXMTbq

 

Angola's Tribes: The Historic Khoisan People

http://angolarising.blogspot.pt/2011/04/angolas-tribes-historic-khoisan-people.html

 

The Khoisan

http://www.khoisan.org/

 

The Khoisan Speakers

http://www.khoisanpeoples.org/

 

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leia mais em

https://www.facebook.com/notes/%C3%A1lvaro-arag%C3%A3o-athayde/angola-antiga-e-a-v%C3%A1rias-velocidades/475070692615309