Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


25-05-2015

Portugal em Marrocos Atalaias, valados e tranqueiras por Frederico Mendes Paula


Atalaias, valados e tranqueiras

Posted by Frederico Mendes Paula on 23 de Maio de 2015

Posted in: FORTIFICAÇÕESGEOGRAFIAHISTORIAPORTUGAL EM MARROCOS. Tagged: almogávaresArzila,atalaiafachoMazagãoPraças-fortesTângertranqueiravalado. 2 Comentários

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A Porta da Vila da Cidadela de Mazagão

A guerra nas praças portuguesas em Marrocos fazia-se sobretudo nos terrenos que as circundavam, já que os seus habitantes, apesar de confinados ao perímetro muralhado enquanto reduto seguro, precisavam de sair dele todos os dias para efectuar tarefas fundamentais à sua subsistência.

A recolha de lenha era uma delas, o desenvolvimento de uma agricultura de carácter precário e de produção extremamente limitada era outra, a garantia de pasto para as poucas cabeças de gado que detinham outra ainda. Sem essas actividades a vida nas praças seria muito mais dura, não só porque permitiam que a dieta dos seus habitantes não se limitasse ao biscoito e carne seca, mas fosse também composta por alguns “frescos”, para além do próprio aspecto psicológico que tinha a saída diária “fora de portas”, que atenuava a sensação de encarceramento que a vida nas praças originava.

Para garantir que essas tarefas se realizavam com um mínimo de segurança e eficiência, os portugueses desenvolveram sistemas defensivos engenhosos, sujeitos a procedimentos rotineiros rígidos.

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A Calheta de Mazagão, com a Porta do Mar e a pequena Porta da Ribeira, esta última local de desembarque dos abastecimentos à praça

A situação de isolamento em que as praças se encontravam obrigava ao seu abastecimento a partir da metrópole e a questão dos alimentos era de grande importância. Os próprios vencimentos dos funcionários eram pagos em dinheiro e em alimentos, como esclarece David Lopes:

“Todos estes funcionários recebiam do Estado duas espécies de vencimentos: um ordenado em dinheiro e outro em alimento. Ao primeiro chamava-se tença, ao segundo mantimento ou resguardo (…) pelo regimento de 1472, dado a Rui de Melo, capitão de Tânger, a sua tença era de 68.568 reais anuais e mantimentos 62.920 reais anuais, calculados na base seguinte: 15 reais o alqueire de trigo, 1.000 reais o tonel de vinho de 52 almudes, 27 e meio reais a arroba de carne, 4 reais e 7 pretos cada pescada.” (1)

Para além do vencimento, os capitães ainda usufruíam de outras rendas, como se documenta no caso de D. João de Meneses, capitão de Arzila: “Este capitão tinha ainda os quintos das cavalgadas e presas de terra e mar e os quintos dos tributos dos mouros de pazes”. (1)

Arzila1Rua no Castelo de Arzila

(1) LOPES, David. “A Expansão em Marrocos”. ISBN 972-695-077-5, Editorial Teorema, Lisboa, 1989

 

leia o artigo na íntegra no https://historiasdeportugalemarrocos.wordpress.com/2015/05/23/atalaias-valados-e-tranqueiras/#more-3951