10-08-2004Tesouros Artísticos Ligados ao Patriarcado de LisboaPatriarcado de Lisboa mostra tesouros artísticos ligados à vida dos patriarcas Parte dos tesouros artísticos pertencentes à Diocese de Lisboa, alguns de uso pessoal dos patriarcas e outros ligados ao culto católico, encontram-se expostos pela primeira vez ao público no Mosteiro de São Vicente de Fora. São peças de arte sacra de grande valor material, histórico e religioso, na sua maioria concebidas por artistas portugueses, e "apenas uma parte" do património que a diocese pretende começar a mostrar, explicou à Agência Lusa D. António dos Reis Rodrigues. Responsável pelos museus do mosteiro, D. António tem vindo a dedicar-se à aquisição e gestão das obras artísticas do Patriarcado de Lisboa, e esta exposição é o último resultado do seu trabalho, feito em colaboração com uma equipa de museólogos, arquitectos e historiadores de arte. Reunidas em sete salas do mosteiro, algumas obras deslumbram os visitantes pela sua imponência, mas outras, como as esculturas em madeira, apesar de mais discretas, guardam um elevado valor pela raridade, como é o caso das figuras dos profetas do Antigo Testamento. O objectivo do Patriarcado foi dar a conhecer ao público parte de um património com grande valor histórico e artístico, como sublinhou D. António durante uma visita guiada concedida à Lusa. "Também visa mostrar quem são os Patriarcas de Lisboa e a contextualização da sua acção entre os grandes acontecimentos da Igreja universal e do mundo", acrescentou o bispo, actualmente reformado das suas funções eclesiásticas. à entrada da exposição "A Igreja Lisbonense e os Patriarcas" destaca-se uma pintura a óleo sobre madeira da "Anunciação", do século XVI, atribuído à escola flamenga, mas outras preciosidades vão-se revelando à medida que o visitante percorre as salas. Caixas de óleos, candeeiros, santos em madeira, relicários de prata e de ouro, crucifixos decorados com pedras preciosas, cálices de prata e de prata dourada, na sua maioria dos séculos XVI e XVII, são algumas das valiosas peças que ornamentaram igrejas ou foram usadas pelos patriarcas nas homilias. D. António explica que a maioria destes tesouros faz parte da casa patriarcal e encontrava-se espalhada quer pela Sé Catedral, no Seminário dos Olivais e na anterior sede do Patriarcado de Lisboa, ao Campo de Santana. A exposição, que começa com informação histórica ainda anterior à fundação da nacionalidade, relata também a vida dos santos associados a Lisboa, nomeadamente Santo António, D. Nuno Álvares Pereira, São Gonçalo de Lagos e São João de Brito. Após a tomada de Lisboa aos mouros, em 1147, criaram-se as paróquias e começaram a ser traçados limites diocesanos, desenvolvendo- se cada vez mais a diocese central. Esta evolução culminou, por influência de D. João V junto do papa Clemente XI, na criação do Patriarcado. D. Tomás de Almeida tornou-se, em 1716, o primeiro patriarca de Lisboa e a elevação da diocese pelo Vaticano desencadeia uma grande expansão de missões católicas a partir da capital portuguesa que viriam dar origem a outras dioceses na América Latina, em África e na Ásia. "Raras são as Igrejas que tiveram tanta expansão para o mundo como esta", comenta D. António sobre o Patriarcado de Lisboa. Marrocos, Cabo Verde, Goa, Baía, Etiópia, Japão, Pequim, São Paulo, Bombaim, Dili, Ceilão, Borneo, Tibete, Nepal e Kabul são algumas das quase 90 dioceses que tiveram origem a partir da Igreja católica portuguesa. As salas seguintes mostram também peças artísticas mais pessoais, de uso dos patriarcas, como paramentos (vestes especiais), anéis e cruzes peitorais, báculos episcopais (bastão do bispo e arcebispo), todas elas ricamente decoradas a ouro, prata ou pedras preciosas. Imagens dos 16 patriarcas vão desfilando em painéis que descrevem a sua obra. D. António observa que D. Manuel Gonçalves Cerejeira, que dirigiu a diocese de Lisboa durante 42 anos (1929-1971), foi o cardeal de quem se pintaram mais retratos. Manuel Gonçalves Cerejeira "apostou numa vasta acção de evangelização, instituiu as missões populares que percorreram toda a diocese e promoveu a construção de dezenas de igrejas", disse D. António acerca do "carisma" e "popularidade" daquele patriarca. A exposição encerra com imagens do actual patriarca, D. José Policarpo, que sucedeu ao cardeal D. António Ribeiro em 1998 e preside actualmente à Conferência Episcopal Portuguesa. "A Igreja Lisbonense e os Patriarcas" pode ser visitada de terça-feira a domingo, entre as 10:00 e as 18:00, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. |