22-02-2012 O velho Fulô Eduarda Fagundes
O velho Fulô
Eduarda Fagundes Já bem velho, pra lá dos seus noventa e poucos anos, porém com uma saúde de despertar inveja ( morreu com 105 anos), o "nego" FULÔ, ainda sentia os arrebatamentos que a fogosa natureza africana lhe dava. Viúvo, vivendo com meus sogros, se apaixonou pela jovem empregada que trabalhava na casa. A idéia fixa de se casar com ela virou senil obsessão, a ponto de servir de pilhéria para os netos. Levados da breca, resolveram pregar uma peça no velho assanhado . Telefonam da rua e mandam chama-lo. Fazendo-se passar pela faceira morena, imitando-a, um dos rapazes faz declarações de amor e promete casamento. No dia seguinte, ao chegar para trabalhar, Helena, a empregada, se deparou com um Fulô todo animado querendo "tirar uma prosa", fazer os preparativos para casar. O espanto da jovem e as gargalhadas da rapaziada, que tudo assistia, foram a água fria que esfriou o velho e mostrou o engodo, a esparrela de que fora vitima. A raiva dos primeiros dias, com o tempo, virou chantagem emocional. Fingindo-se abatido, doente, Fulô ameaçava se suicidar a toda e qualquer contrariedade que lhe davam. Cansados de tanto " teatro" os endiabrados netos resolveram dar um basta àquela situação. Sem que ele visse, trocaram por açúcar o pó de veneno para ratos, e numa ocasião em que nego Fulô , pela centésima vez, pedia para morrer, um dos rapazes pegou o pó branco, despejou num copo com água e chegando no nariz dele disse: " Tá bom, vô, se ôce quer morrer acaba logo com isso, bebe o veneno de rato", vai ser rápido. Fulô, arregalando os olhos e afastando o copo da cara disse: -Moleque, tira esse negócio de perto de mim, só o cheiro mata! Uberaba, 12/01/12
Maria Eduarda
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