Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


19-10-2014

Abreu Paxe: poeta angolano,Figura na Revista Internacional de Poesia “Dimensão", editada em Uberaba, por Guido Bilharinho


 

ABREU PAXE

 

 

Abreu Castelo Vieira dos Paxe, nasceu em 1969, no Colonato do Vale do Loge, Província do Uíge, filho de operário e de mãe doméstica. Venceu o concurso Um Poema para África em 2000, e foi animador do Cacimbo do Poeta na sua 3ª. edição, atividade organizada pela Alliance Francisco por ocasião da dia da África. Figura na Revista Internacional de Poesia “Dimensão n. 30 de 2000, na antologia dedicada à poesia contemporânea de Angola, editada em Uberaba, Brasil. 

De
Abreu Paxe
O VENTO FEDE DE LUZ
Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2007.  84 p

 

 

de certo modo os destroços palavras

de igual modo as partículas invariáveis traços lábias

sempre há uma mulher no mal

por isso trepo meu olhar pelas paredes e pelo tecto

o último cruzar de pernas

zona prestigiada o eixo compreendia o acento de intensidade

junto todos os sentidos no modo algum tempo exacto

sem esquecer na via erudita expressão

o étimo uma mesa com o portal aberto

outro reino de certeza

a comunicação oficial adoptou o berço língua lençol

tanto tempo sonorizado

estava inscrito nas fronteiras este período

das alíneas funções sintácticas

diferenças dos pares vocabulares

nascem outras partículas variáveis destroços

 

o limão fruto do mês

no tópico a penumbra limita o céu

a deus a mesma paragem

passa em liberdade suave textura

a mulher tarde horizontal

de estrutura espessa o género substantiva camada

passa a boca espalhada pelo corpo

guarda todos os traços femininos empurram o limão

permanecem no caminho de frias letras

decifrada a edição é toda ampla pluma

os determinadores pernas no planeta as sedas

deixam de lado os factos contextuais

as luzes estendem-se até a nudez

a existência tão longa produção constrói estrelas

outro corpo

as trevas janelas inquilinos selando juros

 

amargos dormem tempos opostos

nas paisagens do espaço

afundava-se volumoso coração

no interior do quarto ilimitada natureza a sólida alma

próxima zona virgem a viagem das enguias

lugares de pequenas colinas ou seja:

sentem ondeadas brasas acesas noites também

permanecem transparentes

em forma de pêndulos as fragatas esperam

machucadas pêlos seus remos as algas refúgio:

atravessam os olhos cidades astrais com janelas descem

- velha sombra o basalto - lentas frestas

melhorando muito longe a idade do sol estas casas dos corpos

adoptando formas vermelhas

os pomares voltavam ardendo à teia todo tempo oposto

 

 

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