Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


25-06-2002

O que pode esta língua por Xico Xadrez


Flor do Lácio, sambódromo/Lusamérica latim em pó

0 que quer / 0 que pode essa língua? (Caetano Veloso)

                O Lácio era uma antiga região, onde hoje é a Itália. Lá, havia o latim vulgar (“do povão”)e o latim clássico (dos eruditos).

                Quando os romanos conquistaram a Lusitânia (na Península Ibérica), dominaram os celtíberos. Isto no século III. Assim, o português é formado do latim vulgar com o substrato ibérico, acrescido da influência de bárbaros e árabes.

                Chamamos de galego-português esta nascente. Muitos consideram que Camões, posteriormente, viria delimitar a língua portuguesa, com o épico “Os Lusíadas”. Por isto,  o Elos Clube de Uberaba foi tão feliz ao celebrar o “Dia de Camões”, 10 de junho, na Biblioteca Pública Municipal de Uberaba, onde a Exposição: Camões – Poética do Descobrimento, ainda pode ser visitada.

ELOS

                Sobre o Elos, é oportuno lembrar que é presidido pela engenheira agrônoma Maria Margarida de Castro, que nasceu em Lisboa, mas viveu vários anos em Angola. Sua equipe, constituída, dentre outras, por Lindelma Machado, Maria Eduarda Fagundes Nunes e Maria Auxiliadora de Oliveira, esmerou-se para presentear-nos mais uma vez com os ELOS que formam verdadeira ponte no mundo lusófono.

                Houve por bem, ouvirmos o arcebispo emérito Dom Benedito Ulhoa Vieira, declamando o que há de melhor em Camões,  num que de inusitado, num ”que” de fruição estética poucas vezes vista.

                Montecastelo, a música que Renato Russo mescla versos de Camões e do Apóstolo Paulo teve na harmonia do poeta Rafael Fernando a intuição necessária. Ele e, posteriormente, Luís Guimarães, foram tão felizes nos acordes, irradiando ambiente benfazejo no Palácio da Cultura.

                Foi emocionante ver, vislumbrar, jovens atores como Leonardo Nunes Hirosi e Luiz Hozumi Najiri Júnior, que, com sua garra, emocionaram e encantaram tanto. Junto às atrizes Iolanda Augusta Fernandes de Matos e Márcia Adriana Vieira Prata e sob a batuta do mestre do Grupo Ophicina, Márcio Fumazza, emergiram de beleza os ouvinte e a TV que não se cansou de repetir tanto talento.

                Eva Reis, sempre presente. A autora de “A Fiandeira”, marco da trova  lusitana, trouxe para nosso deleite, versos oportunos. A diretora da Fundação Cultural de Uberaba, Olga Maria Frange de Oliveira, trouxe sua magia e as lembranças de quem conquistou “além-mar”, através de sua competência e perseverança o reconhecimento devido. Com Arahilda Gomes Alves e grandes artistas, brindaram a todos com o fado, sempre eterno e tão terno.

                Diomato Divino da Silva e Xico Xadrez celebraram parceria 32 anós após em torno do “BRASIL DE TODAS AS COPAS”, poema publicado no Lavoura e Comércio, em 22 de junho de 2002.

ABERTURA

                Houve a presença do presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, Mário Salvador,  e do deputado estadual por Minas Gerais, Paulo Piau, além do presidente da Unicoop – Vander Reynaldo dos Santos e o Sr José  e o Sr. José da Cruz Teixeira, que aos 93 anos é certamente o português mais velho  de Uberaba.

                Houve tanto, mas tanto nesta solene homenagem em torno de Camões, no dia em que em Portugal é feriado. Já na Abertura, antevendo o que viria a seguir, Angela Maria Mendes Pereira, jornalista, fez brilhante alocução enfocando “Camões”, na formação da alma lusófona  e o “tanto que devemos a esta semente que germinou no mundo todo”.



Esta semente que germinou no mundo todo hoje é árvore frondosa – cada vez mais espalhada via Internet – com grandes ramificações ásio-afro-euro-américa, chegando à Oceania com o nascimento do Timor Lorosae, primeiro país do 3º milênio, cuja língua oficial é o português.
O que pode esta língua? pergunta o poeta. É Manuel Bandeira quem responde, ao mencionar àquele que, diz a lenda, salvou a obra “Os Lusíadas”, no naufrágio onde pereceu sua mulher.
Ao falar de Camões, Bandeira tão bem posiciona os elistas e sua luta em prol da língua portuguesa: “Não morrerás sem poetas, nem soldados/ A língua em que cantaste rudemente/ As armas e os barões assinalados”.


*Francisco José dos Santos Neto (xicoxadrez@hotmail.com) é conselheiro do Elos Clube de
Uberaba e esteve em Portugal ano passado a convite do governo açoriano.