Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


07-08-2014

Estudos Galegos no Brasil Rodrigo Moura


Brasil - Diário Liberdade - [Rodrigo Moura] Pouco se sabe ainda o que é Galiza no Brasil. Muitas pessoas simplesmente nunca ouviram falar desse nome. Entretanto, há algum tempo um grupo de estudiosos tenta modificar o currículo das disciplinas acadêmicas do curso de Letras, visando uma melhor compreensão da situação atual de Galiza.

 No que tange à Academia, fala-se em galego-português quando se estuda as cantigas de amor e de amigo na disciplina de Literatura Portuguesa, contudo pouco tem a se declarar sobre as obras de Carlos Casares, Xohana Torres e Xosé Luís Méndez Ferrín. Dentro desse paradigma o estudo de galego pelas Universidades brasileiras é ainda muito limitado e fraco.Há alguns anos atrás, o cenário tem mudado de direção em virtude de algumas associações e grupos de estudos que tem como objetivo divulgar a língua, a cultura e a literatura galega, sobretudo a contemporânea. Em algumas Universidades, como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) são oferecidas as disciplinas eletivas de Língua Galega I e II e Introdução à Cultura Galega I e II ministradas por professores leitores através de um acordo firmado com a Xunta de Galícia. Além disso, alguns estudantes brasileiros têm a oportunidade de estudar em Santiago de Compostela ou Corunha a partir deste acordo.Na UERJ funciona o Programa de Estudos Galegos (PROEG) criado pela Professora Dra Maria do Amparo Tavares Maleval e coordenado atualmente pela Professora Dra Claudia Maria de Souza Amorim que organiza as "Jornadas das Letras Galegas" e orienta uma dissertação de Mestrado sobre Xosé Luís Méndez Ferrín e José Saramago de autoria de Rodrigo Barreto da Silva Moura.


Além da UERJ, poder-se-ia citar outros polos de estudos galegos no Brasil. Um deles é o Núcleo de Estudos Galegos (Nueg) da Universidade Federal Fluminense e o CELGA da Universidade Federal da Bahia.


Embora todo o esforço para a divulgação de Galiza e sua rica cultura, nota-se que o Brasil precisa de uma reformulação desses estudos que passe, em primeiro lugar, por uma mudança radical no currículo dos estudantes de Letras, ou seja, dever-se-ia tornar obrigatório as disciplinas de galego, já que trata-se de uma língua e literatura vivas que fazem parte da constituição e formação do português. Para tanto, é necessário incluir Galiza no debate sobre a lusofonia. É importante ressaltar que, atualmente, a bandeira galega foi anexada à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) se mostrando uma medida de extrema importância para o povo galego.



É frutífero levar a literatura galega ao conhecimento de um público vasto a fim de divulgar e se conhecer Galiza, posto que devemos muito a esse povo que foi massacrado durante anos. No final das contas, Galiza só precisa ser reconhecida para ser respeitada.


Rodrigo Barreto da Silva Moura - Mestrado (Conceito 5/CAPES) em Literatura Portuguesa e Galega Contemporânea pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Tem diversos trabalhos publicados em periódicos brasileiros e apresentações em Congressos Internacionais em que defende uma aproximação entre os estudos literários galegos e a lusofonia. Participa da organização da organização das Jornadas das Letras Galegas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.




http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/407-cultura-m%C3%BAsica/50447-estudos-galegos-no-brasil.html