22-01-2015A Imprensa em Portugal: os prototipógrafos judeus e a multiculturalidade de PortA Imprensa em Portugal: os prototipógrafos judeus e a multiculturalidade de Portugal na época manuelinaAmigo Listeiro ,Para conhecer mais o Brasil, Portugal, Angola e outros povos lusófonos proponho a leitura do livroJ. Pires de Lima. Mouros, Judeus e Negros na História de Portugal. Porto, 1940.e do seguinte texto. Muitos povos nos antecederam e explicam os comportamentos e a evolução da língua.
Imprensa em Portugal: prototipógrafos judeus Mais de metade dos incunábulos(1) impressos em Portugal foram compostos em hebraico. A protipografia judaica em Portugal, mais que um mero episódio de importância secundária, foi uma contribuição essencial para o avanço do país multicultural que Portugal era na época manuelina - pelo menos, até à criminosa expulsão dos judeus por Manuel I... O Pentateuco impresso por Samuel Gacon em Faro, é, sem margem de dúvida, o primeiro incunábulo impresso em território português. O Almanach perpetuum de Zacuto foi um dos quatro primeiros livros publicados em Portugal depois da invenção da imprensa e o primeiro no que respeita às Matemáticas. É um livro hoje raro, e por isso Joaquim Bensaúde fêz reproduzir em 1915 pela fotogravura um exemplar que existe na Biblioteca de Augsburg, na Alemanha, e a tradução em castelhano dos Cânones (regras para o seu uso), que existe na Biblioteca Pública de Évora. A tipografia hebraica portuguesa teve as suas origens na Itália. António Ribeiro dos Santos escreveu na suaMemória sobre as Origens da Tipografia em Portugal no Século xv: «Os primeiros Impressores que apparecêrão entre nós ... forão Judeos Estrangeiros, que vierão a Portugal de diversas partes de Itália. A pratica em que estavão os Judeus de multiplicarem os exemplares da Lei para uso de suas Synagogas, e dos mesmos particulares, fazia com que tambem se multiplicassem os impressores da Nação.» A cultura judaica da Diáspora cultivava na produção de soberbos códices manuscritos a mesma qualidade estética que conhecemos dos scriptores nos mosteiros cristãos; existia portanto em Portugal uma magnífica base caligráfica para a prototipografia hebraica, o que pode explicar a qualidade da obra de Samuel Gacon e dos outros impressores judeus. Em Faro, Lisboa e Leiria, foram impressos incunábulos em hebraico; em Lisboa existia, antes das oficinas tipográficas, um scriptorium hebraico com excelente produção de manuscritos. Em 1495, durante o reinado de Manuel I, deu-se o fatal acontecimento que alterou a sociedade multi-cultural existente em Portugal: a expulsão dos judeus e o consequente desaparecimento das judiarias e dos seus habitantes, da vida intelectual hebraica. Deste modo, Portugal perdeu cerca de 10% da sua população, estimada em cerca de 1,5 milhões de habitantes. Bibliografia Benarus, Adolfo. Os Judeus Historia Estranha deste povo até os nossos dias. Lisboa, Soc. Ed. Portugal-Brasil, s/ data. 297 pp. (Em 1912 foi criada a associação zionista Ubá le Zion, cujo dinamizador foi Adolfo Benarus, professor da Faculdade de Letras de Lisboa, escritor e pedagogo, também fundador em 1929 da Escola Israelita, que chegou a ter perto de uma centena de alunos.) Benarus foi o presidente da organização zionista de Portugal. Benarus alertou a opiniãp pública mundial para a existência das comunidades marranas em Portugal. Felix Theilhaber. Schicksal und Leistung, Juden in der deutschen Forschung und Technik, Berlin 1931 Cecil Roth. Enciclopédia Judaica, Rio de Janeiro, 1967 J. Pires de Lima. Mouros, Judeus e Negros na História de Portugal. Porto, 1940. Ordenações Afonsinas, edição fac-simile feita na Real Imprensa da Universidade de Coimbra, 1797, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1984. Ordenações Manuelinas, edição fac-simile da edição feita na Real Imprensa da Universidade de Coimbra, 1797, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
(1) A composição em tipos móveis surgiu em meados do século XV, após uma série de tentativas que combinavam técnicas de cunhagem, fundição, xilogravura e ourivesaria. O primeiro livro a ser impresso foi a Bíblia de Gutenberg, conhecida como "Bíblia de 42 linhas". A partir daí, e até o ano de 1500, os livros impressos recebem a denominação de "incunábulos" (do latim incuna, que significa "berço"). Fonte:http://tipografos.net/historia/prototipografos-judeus.html ================================================== https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/dialogos_lusofonos/conversations/messages/41232 |