23-04-2015Brasil Indígenas receberão mais de R$ 13 milhões para promover a sustentabilidadIndígenas receberão mais de R$ 13 milhões para promover a sustentabilidade
Indígenas receberão mais de R$ 13 milhões para promover a sustentabilidade23 abril de 2015Artigo por Bruna Angélica Pelicioli Riboldi (Imagem: Tânia Rêgo, Agência Brasil) O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmou ontem (22 de abril) o primeiro contrato de financiamento diretamente com uma associação indígena. O projeto contemplado é o Alto Juruá, gerido pelos povos indígenas Ashaninka, etnia que vive no Acre, na fronteira com o Peru. Os indígenas receberão R$ 6,6 milhões do Fundo Amazônia para promover a sustentabilidade e proteção da floresta amazônica, no próprio território e entorno. Outra organização indígena, a Associação Floresta Protegida, foi selecionada em edital e deverá receber R$ 6,9 milhões do banco, o que totaliza um investimento de R$ 13,5 milhões. Segundo informações da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), os recursos destinados diretamente aos indígenas são a menor parcela do Fundo Amazônia, que prevê dotações totais de R$ 154,8 milhões em projetos sustentáveis na Região Amazônica, dos quais apenas R$ 13,5 milhões geridos diretamente por indígenas. Estão previstos R$ 88,3 milhões para destinações já carimbadas, mais R$ 66,5 milhões para o novo edital a ser selecionado, quando, então, poderão entrar outros projetos indígenas. O fundo foi criado em 2008, com o objetivo de captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas do bioma Amazônia. Para o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Flávio de Azevedo, o último edital mostrou mais participação e protagonismo indígena, com maior inscrição de projetos. – Muitas propostas acabaram não sendo selecionadas por detalhes técnicos, mas houve protagonismo maior, o que mostra fortalecimento e capacitação das comunidades para assumir essas ações no futuro – , explicou. Segundo o representante dos ashaninkas, Francisco Piyãko, os recursos são fundamentais para quem vive uma luta cotidiana pela preservação das florestas. – Esse contrato está para potencializar um trabalho que a gente já está fazendo, de gestão territorial, desenvolvimento sustentável, pensando no fortalecimento das comunidades e também dialogando com as comunidades tradicionais do entorno – afirmou Piyãko, ressaltando que pelo menos 12 mil pessoas serão diretamente beneficiadas, sendo 1,5 mil indígenas e 50 comunidades extrativistas. (Imagem: Valter Campanato, Agência Brasil)
A assinatura do contrato ocorreu em cerimônia no Ministério do Meio Ambiente, onde foi anunciado o resultado da primeira chamada pública do Fundo Amazônia de apoio à Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas. Ao todo, foram selecionadas oito propostas, uma delas gerida diretamente pelos índios, a Associação Floresta Protegida, dos kayapós, no estado do Pará. No novo edital, serão também beneficiadas as organizações indigenistas Kanindé, Instituto Socioambiental, Iepé, Poloprobio, Centro de Trabalho Indigenista, Operação Amazônia Nativa e Comissão Pró-Índio do Acre. O investimento fomentará atividades produtivas sustentáveis, a recuperação ambiental de áreas degradadas e implantação de experiências de gestão de resíduos sólidos, além da produção de energia solar em terras indígenas. As propostas, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, abrangem 40 terras indígenas e cobrem cerca de 44% das reservas da Amazônia. Os territórios indígenas, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, são chave na preservação da Amazônia. No bioma existem 324 terras indígenas. O representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Toya Manchineri, ressaltou a necessidade de ampliação da iniciativa para povos indígenas de outras regiões do país. – A partir do momento em que a política ambiental for implementada, vai favorecer o fortalecimento dos indígenas no seu território. É interessante que seja alargada, que possa abrir novos recursos para o Centro-Oeste, Nordeste, Sul, que não têm quase nenhum apoio.
Leia mais: >>> Universidade brasileira forma sua primeira turma composta só por índios Bruna Angélica Pelicioli Riboldi | Enviar mensagem Licenciada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil), pós-graduada pela Georgetown University (EUA) e mestre em Culturas Contemporâneas e Novas Tecnologias pela Universidade Nova de Lisboa, Bruna é editora-chefe do Portal da Conexão Lusófona e coordenadora das redes sociais. Com passagem pela editoria de online do Grupo RBS (Brasil) e outras experiências de grande relevância no âmbito de webjornalismo, é a nossa bússola para uma produção/curadoria de conteúdo de personalidade e expressão. Tem paixão pelas palavras: econômicas, para que caibam em uma postagem de Twitter, ou ilimitadas, ainda que silenciosas, na fotografia. Grande curiosa da lusofonia, tem entre seus hobbies preferidos devorar música e literatura lusófona. Após dois anos em Portugal, Bruna reside hoje na França.Veja o perfil completo de Bruna Angélica Pelicioli Riboldi.
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