15-08-2014Documentário São Tomé - Os Últimos Contratados- de Leão LopesA história dos cabo-verdianos contratados para as roças de São Tomé durante o colonialismo português, e que nunca conseguiram voltar ao país, é o tema do filme/documentário, estreado em fevereiro de 2010, na Cidade da Praia. "São Tomé - Os Últimos Contratados" conta a história dos emigrantes que chegaram à ilha são-tomense pouco antes da independência (1975) e que, depois dela, e do desmantelamento das roças de cacau, por lá ficaram, abandonados à sua sorte, "sem nada mais terem a não ser o chão que pisavam".O filme, "espécie de uma viagem" pelo que resta da emigração cabo-verdiana para São Tomé e Príncipe, conta também a história das "ruínas do colonialismo", que resultou num "drama humano", em especial para muitos cabo-verdianos que para lá foram em regime de contratados."Trata-se de um drama humano e, mais que tudo, de um capítulo bem negro e talvez dos mais dramáticos da história de emigração cabo-verdiana", defendeu o antigo ministro da Cultura e hoje deputado eleito pelo Movimento para a Democracia (MpD, oposição).Recorrendo às memórias de infância, Leão Lopes explicou que a questão dos "contratados" esteve sempre envolta num "grande mistério", o que lhe provocou uma "profunda curiosidade" em conhecer "o São Tomé paradoxo", onde pais e crianças do seu tempo permaneceram sonhando com uma vida melhor."Nunca mais soubemos deles. Eu fui saber. Este filme conta o trajeto, a descoberta e, eventualmente, o que trago dessa viagem: um profundo questionar sobre os caminhos de tantos de nós, caminhos sem retorno para uns, caminhos por retomar para outros", explicou o realizador.Leão Lopes indicou que optou, assim, por, de câmara na mão, viver por dentro "o filme" dos cabo-verdianos que partiram e que não regressaram."Sinto-me compensado, já que não esperava este percurso e esta projeção" do documentário, afirmou Leão Lopes, aludindo à exibição na Cidade do Vaticano.Ainda este mês, "S. Tomé - Os Últimos Contratados" estará em exibição num festival de cinema africano que decorrerá no Rio de Janeiro (Brasil), para o qual foi selecionado o documentário realizado com meios próprios do cineasta e que orçou em cerca de 25 milhões de escudos (cerca de 226 mil euros).Leão Lopes é artista plástico, escritor de livros infantis e juvenis, realizador de cinema - "Ilhéu de Contenda" (1995) e "Bitú" (2006) - e fundador da Escola Internacional de Artes do Mindelo. http://noticias.sapo.cv/inforpress/artigo/4230.html |