02-07-2014Sebastião Salgado - o olhar sensível“Somos todos um povo. Provavelmente um só homem.”- Sebastião Salgado "Para alguns, sou fotojornalista. Não é verdade. Para outros, sou um militante. Tampouco. A única verdade é que a fotografia é minha vida. Todas as minhas fotos correspondem a momentos intensamente vividos por mim. Todas existem porque a vida, a minha vida, me levou até elas" - Sebastião Salgado, em "Da Minha Terra à Terra", de Isabelle Francq. São Paulo: Paralela, 2014. Em suas fotos estão presentes o limite, o conflito, o mundo da humilhação, da opressão, mas também da esperança, da solidariedade e da capacidade humana de resistir. Seu foco intervém para provocar o debate e construir a solidariedade aos trabalhadores, porque encontrou na resistência destes uma forma de quebrar a lógica do mercado e de resistir ao que Salgado chama de "extinção da espécie". Fotografando sempre em preto e branco, o seu trabalho é carregado de imagens fortes e muitas vezes muito tristes, mas carregam uma beleza e singularidade ímpar. Biografia de Sebastião SalgadoSebastião Salgado (...)O fotógrafo brasileiroSebastião Salgado é um dos repórteres fotográficos contemporâneos mais respeitados no mundo. Salgado, que foi nomeado Representante Especial da Unicef em 3 de Abril de 2001, dedicou-se a fotografar as vidas dos deserdados do mundo. Esse trabalho está documentado em 10 livros e muitas exposições que lhe valeram a maioria dos prêmios de fotografia em todo o mundo. "Desejo que cada pessoa que entra numa das minhas exposições seja, ao sair, uma pessoa diferente." - Sebastião Salgado Sebastião SalgadoNatural de Aimorés, Minas Gerais, onde nasceu em 1944, Sebastião Salgado é o sexto e o único filho homem de uma família com oito filhos. Estudou economia no Brasil entre 1964 e 67. Fez mestrado na mesma área na Universidade de São Paulo e na Vanderbilt University (EUA). Após completar os seus estudos para o doutoramento em economia pela Universidade de Paris, em 1971, trabalhou para a Organização Internacional do Café até 1973. Depois de pedir emprestada a câmera da sua mulher, Lélia, para uma viagem a África, Salgado decidiu, em 1973, trocar a economia pela fotografia. Trabalhou para as agências Sygma (1974-1975) e Gamma (1975-1979). Eleito membro da Magnum Photos, uma cooperativa internacional de fotógrafos, permaneceu na organização de 1979 a 1994.De Paris, onde vive, Salgado viajou para cobrir acontecimentos como as guerras na Angola e no Saara espanhol, o seqüestro de israelitas em Entebbe e o atentado contra o presidente norte-americano Ronald Reagan. Paralelamente, passou a dedicar-se a projetos de documentários mais elaborados e pessoais. Viajando pela América Latina durante sete anos (1977-1984), Salgado foi a pé a povoados remotos. Neles capturou as imagens para o livro e a exposição Outras Américas (1986), um estudo das diferentes culturas da população rural e da resistência cultural dos índios e de seus descendentes no México e no Brasil. Nos anos 80, trabalhou 15 meses com o grupo francês Médicos Sem Fronteiras durante a seca na região do Sahel, na África. Na viagem produziu Sahel: O Homem em Pânico (1986), um documento sobre a dignidade e a perseverança de pessoas nas mais extremas condições. Entre 1986 e 1992, fez Trabalhadores (1993), um documentário fotográfico sobre o fim do trabalho manual em grande escala em 26 países. Em seguida, produziu Terra: Luta dos Sem-Terra (1997), sobre a luta pela terra no Brasil, e Êxodos e Crianças (2000), retratando a vida de retirantes, refugiados e migrantes de 41 países. Sebastião Salgado, Betinho e José Saramago. 1997. "Na realidade, acho que sempre fiz a mesma coisa desde que saí do interior, que fui estudar economia, que trabalhei como economista. Como entrei na fotografia, foi mais ou menos a mesma coisa. Eu troquei um instrumento pelo outro, troquei a máquina de cálculo pela máquina fotográfica, mas o discurso continuou mais ou menos o mesmo." - Sebastião Salgado http://www.elfikurten.com.br/2011/03/o-olhar-sensivel-de-sebastiao-salgado.html |