03-08-2011O FILÓLOGO DE PLANTÃO Ano 14 nº 65 jun 2011gte mso 9]> O FILÓLOGO DE PLANTÃO “Um jornal que teima em buscar a verdade na doce ilusão de encontrá-la” Publicação do CIFEFIL – Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos. Ano 14. No. 65. Rio de Janeiro, junho de 2011 Visite o site WWW.filologia.org.br. e visite também WWW.alfredo.ntg.com.br
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II CONGRESSO INTERNACIONAL DE NEOLOGIA De 05 a 08 de dezembro de 2011 ================ VIII Congresso Pan-Americano de Esperanto São Paulo - Brasil De 09 a 14 de julho de 2011 http://easp.org.br/kongreso Congresso Universal de Esperanto De 23 a 30 de julho de 2011 Copenhague – Dinamarca
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aaaaaaf mmm eaaaaaa E-mails pessoais que respondem sem demora Filologia; língua portuguesa; CiFEFiL: José Pereira: pereira@filologia.org.br Língua latina: Amós Coêlho: amosc@oi.com.br Língua inglesa: João Bittencourt: joão.bittencourt@bol.com.br Língua espanhola; língua galega: Alfredo Maceira: alfredo.ntg@terra.com.br Lusofonia; acordo ortográfico: Margarida Castro: margaridsc@yahoo.com Provérbios em várias línguas: Henerik Kocher: kocher@infolink.com.br Línguas internacionais; esperanto: Aloísio Sartorato: ludoviko44@yahoo.com.br Língua tupi: Ricardo Tupiniquim Ramos: tupinikim@ig.com.br ***************************************** ASPECTOS COMPARATIVOS ENTRE O ESPANHOL E O PORTUGUÊS Alfredo Maceira Rodríguez 1. Introdução O espanhol e o português são duas línguas românicas que têm muito em comum, além de sua proximidade geográfica e de sua origem. O espanhol é, com exceção do galego, que teve origem comum com o português, a língua que tem mais afinidade com o português. Neste estudo assinalaremos apenas alguns aspectos distintivos, do ponto de vista sincrônico, entre as duas línguas na atualidade. Veremos em primeiro lugar algo da comparação fonético-fonológica entre as duas línguas, assim como algumas diferenças morfológicas e lexicais que nos pareceram mais relevantes. Destacaremos também as principais diferenças sintáticas que separam o espanhol do português. O quadro vocálico do português No português existem vogais orais e nasais. As orais [o] e [e], em posição tônica, podem ser abertas ou fechadas. A rigor classifica-se como aberta apenas o [a], a mais baixa das vogais. O [i] e o [u] são fonemas vocálicos fechados e altos, o [e], o [o], além de uma realização de um [a] fechado, mais comum em Portugal. Assim, no português do Brasil existem 7 vogais orais e 5 vogais nasais. Total: 12 fonemas vocálicos em posição tônica. Em posição átona não existem vogais abertas, sendo que em posição átona final, o quadro vocálico do português fica reduzido a três fonemas vocálicos: a, i, u porque o e e o o fechados ficam reduzidos, respectivamente, a i e u: pele [´peli], dedo [´dedu] O quadro vocálico do espanhol O quadro vocálico do espanhol é muito simples. Consta apenas de cinco fonemas: Não existem no espanhol vogais abertas com distinção fonológica, embora foneticamente haja realizações com maior ou menor abertura vocálica. Os fonemas vocálicos abertos provenientes do latim vulgar permaneceram em português, mas ditongaram-se em espanhol: petra> pedra, (esp) piedra; forte> forte, (esp) fuerte. O mesmo quadro vocálico mantém-se em posição átona, pois não há elevação vocálica nem mesmo em posição final: leche [´letfe], dedo [´dedo]. A nasalização de vogais tampouco ocorre em espanhol, ao menos com valor fonológico. Os ditongos Por um lado observa-se no espanhol grande número de ditongos ie e ue, provenientes da ditongação das vogais e e o abertas do latim vulgar: hierro, cielo, diente, rueda, cuerda, etc. Por outra lado observam-se em português muitos ditongos em ei, provenientes de vogal + iode e de ditongação de consoantes: primariu > primairu > primeiro, esp. primero; lacte > laite > leite, esp. leche; basiu > beijo, esp. beso. O ditongo latino au deu origem ao português ou, embora foneticamente se tenha monotongado. Ocorre o mesmo com a ditongação do l. Em espanhol, este ditongo logo se monotongou: tauru > touro, esp. toro; alteru > outro, esp. otro; saltu > souto, esp. soto Como vemos, o quadro vocálico do português é muito mais rico do que o do espanhol, o que ajuda a explicar a propalada maior dificuldade que têm os falantes do espanhol em compreender o português falado, o que ocorre em menor grau na direção inversa. O quadro consonantal A realização fonética dos fonemas consonantais coincide em grande parte nas duas línguas. Apontaremos apenas alguns dos fonemas que mais se afastam: a) Fonema [b]. Não existe em espanhol o fonema [v] do português. Este fonema representa-se graficamente por b ou v. A permanência da diferença gráfica obedece apenas a critérios etimológicos. b) Fonema [tf], representado graficamente por ch Este fonema em espanhol tem pronúncia africada [tf] diferente da do fonema fricativo palatal surdo [f] do português, que pode ser representado graficamente pelo mesmo dígrafo: Esp.: muchacho [mu'tfatfo], chino ['tfino]. Port.: chave ['favi], xarope [fa'ropi]. c) Fonema [š] do português. Fonema fricativo palatal sonoro. Não existe no espanhol este fonema: hoje ['oši], mágico ['mašiku], jaca ['šaka] d) Fonemas [s] e [z] Em português existem o fonema sibilante fricativo surdo [s] e o sonoro [z]: passo ['pasu], maço ['masu] (surdo); casa ['kaza], zebra ['zebra] (sonoro). No espanhol só se conhece o fonema equivalente surdo: casa ['kasa], paso ['paso] e) Fonemas [f] e [š] Os fonemas fricativos palatais, surdo [f] chapa ['fapa] e sonoro [š] jato ['šatu], não ocorrem no espanhol. f) Fonema [θ] O fonema fricativo surdo dental [θ] do espanhol: ciento ['θiento], moza ['moθa], não existe em português. Sua pronúncia assemelha-se ao do th do inglês em think, three. Nas zonas em que se pratica o seseo, este fonema realiza-se como [s]. g) Fonema [x] (grafado com j em qualquer posição ou com g antes de e, i) O fonema [x] consonantal fricativo velar surdo não existe no português: caja ['kaxa], gitano [xi'tano], cojo ['koxo], gente ['xente]. A pronúncia deste fonema assemelha-se à do h aspirado do inglês em house, horse. Com relação ao quadro consonantal, verificamos que há realizações diferentes em ambas as línguas, mas também aqui o português é mais rico que o espanhol, embora não cause tanta dificuldade para a compreensão, como ocorre com o quadro vocálico. No que tange à fonologia das duas línguas, podemos observar que as semelhanças são em maior número que as diferenças. Ambas possuem fonemas que não são comuns às duas, embora a fonologia portuguesa se apresente mais rica e, portanto, mais complexa. Algumas evoluções fonético-morfológicas diferentes Entre as evoluções fonético-morfológicas que seguiram rumos diferentes no português e no espanhol temos: a) Fonema [f]: Este fonema do latim vulgar permaneceu em português, mas desapareceu foneticamente em espanhol, sendo representado graficamente pela letra h: ferru > ferro, hierro; facere > fazer, hacer; filiu > filho, hijo; folia > folha, hoja. O f existe em espanhol porque provém de outras origens ou entrou na língua em outras épocas: forti > forte, fuerte; fabrica > fábrica. b) Sufixo –ellu: Este sufixo latino deu em português –elo, -ela e em espanhol –illo, -illa: castellu > castelo, castillo; cutellu > cutelo, cuchillo; martellu > martelo, martillo; capella > capela, capilla; sella > sela, silla. c) Grupos ct e ult. Estes grupos evoluíram para it em português e para ch em espanhol: factu > feito, hecho; lacte > leite, leche; nocte > noite, noche; multu > muito, mucho. Já vimos que o espanhol ditongou o e e o tônicos do latim vulgar: dente > diente; porta > puerta, porém essa ditongação não ocorreu antes de consoante palatal: oculu > oclo > ojo; nocte > noche; tegula > tegla > teja. (olho, noite, telha). d) Fonema [tf], representado graficamente por ch Este fonema em espanhol tem pronúncia africada [tf] diferente da do fonema fricativo palatal surdo [f] do português, que pode ser representado graficamente pelo mesmo dígrafo: Esp. muchacho [mu'tfatfo], chino ['tfino]. Port. chave ['favi], xarope [fa'ropi]. c) Fonema [š] do português. Fonema fricativo palatal sonoro. Não existe no espanhol.: hoje ['oši], mágico ['mašiku], jaca ['šaka] d) Fonemas [s] e [z] Em português existem o fonema sibilante fricativo surdo [s] e o sonoro [z]: passo ['pasu], maço ['masu] (surdo); casa ['kaza], zebra ['zebra] (sonoro). No espanhol só se conhece o fonema equivalente surdo: casa ['kasa], paso ['paso] e) Fonemas [f] e [š] Os fonemas fricativos palatais, surdo [f] chapa ['fapa] e sonoro [š] jato ['šatu], não ocorrem no espanhol. f) Fonema [θ] O fonema fricativo surdo dental [θ] do espanhol: ciento ['θiento], moza ['moθa], não existe em português. Sua pronúncia assemelha-se ao do th do inglês em think, three. Nas zonas em que se pratica o seseo, este fonema realiza-se como [s]. g) Fonema [x] (grafado com j em qualquer posição ou com g antes de e, i) O fonema [x] consonantal fricativo velar surdo não existe no português: caja ['kaxa], gitano [xi'tano], cojo ['koxo], gente ['xente]. A pronúncia deste fonema assemelha-se à do h aspirado do inglês em house, horse. h) Grupos consonantais iniciais com l: Os grupos pl-, cl- e fl- palatalizaram-se em espanhol em ll- e em português em ch-: planu > chão, llano; clamare > chamar, llamar; flamma > chama, llama. i) Grupo –mb-: Este grupo perde o m em espanhol, mas permanece em português: palumba > paomba > pomba (port); palumba > paloma (esp). Lombu > lombo (port); lombu > lomo (esp). 7. Pronomes Nos pronomes pessoais, quanto à forma, uma das diferenças é constituída pelas formas do plural do espanhol: nosotros, nosotras; vosotros, vosotras (nós, vós). Quanto ao uso do pronome no discurso, o espanhol mantém a 2ª pessoa do singular, equivalendo em português a tu, forma pouco usada, principalmente no Brasil, onde se usa a 3ª pessoa gramatical (você, vocês) também como 2ª pessoa do discurso. Exemplos: Tú eres estudiante (Tu es estudante ou, preferentemente, Você é estudante). Vosotros sois estudiantes (Vós sois estudantes ou, preferentemente, Vocês são estudantes). No português do Brasil, o pronome você, vocês (pronome de tratamento) predomina. 8. Contrações O espanhol possui apenas duas contrações, porém obrigatórias: a preposição a com o artigo el > al: Vamos al teatro. Llegaron temprano al pueblo. A outra contração é a da preposição de com o artigo el > del: Viene del cine. Llegamos del congreso. O português possui grande quantidade de contrações, não sendo, porém, obrigatório seu uso.
a) Pronomes (caso reto)
c) Pronomes de tratamento (2a pessoa)
Assim, no discurso, você do português equivale a tú do espanhol e o senhor, a senhora do português equivale a usted do espanhol. Vejamos alguns exemplos: Você comprou um livro novo. = Tú compraste un libro nuevo. O senhor tem muitos amigos. = Usted tiene muchos amigos. A senhora tem muitas amigas = Usted tiene muchas amigas. Observe a concordância do verbo, assim como a não variação em gênero de usted, ustedes. No espanhol americano não se usa vosotros, vosotras como plural de tu. Em seu lugar usa-se ustedes. c) Pronomes oblíquos:
d) Algumas diferenças de outros pronomes O indefinido quem possui plural em espanhol: quien, quienes: ¿Quién está ahí? ¿Quiénes están ahí? O indefinido a gente tem em espanhol o equivalente semântico un, una. Exemplos: A gente não sabe que cidade visitar: Uno (o una) no sabe que ciudad visitar. A gente está muito cansada. Uno (o una) está muy cansado (o cansada). Em espanhol gente significa pessoas, os outros: Hay moça gente em la calle. (Há muita gente na rua). La gente va para la fiesta. (As pessoas vão para a festa). 7. Sintaxe A sintaxe do espanhol não difere muito da do português. Uma das características sintáticas mais marcantes do espanhol em face ao português culto é o início de frase com pronome oblíquo: Me dijo que vendría mañana. (Disse-me que viria amanhã.) Le dieron muchos regalos. (Deram-lhe muitos presentes). Outro aspecto sintático em que o espanhol se afasta do português é o uso de ênclise aos futuros. Não se usa mesóclise em espanhol: Darémosle algunos libros (Dar-lhe-emos alguns livros. Esperaríante hasta las cuatro. (Esperar-te-iam até ás quatro) Aqui também poder-se-ia empregar a próclise. 8. Léxico As fontes do léxico do espanhol são, na sua grande maioria, as mesmas do português, no entanto, a seleção do vocabulário e a evolução semântica, fizeram com que na língua do cotidiano exista um grande número de termos diferentes, assim como muitos outros semelhantes na forma, mas diferentes no significado. Citemos apenas alguns vocábulos, de campos do cotidiano, sem preocupar-nos com a origem: (Concluirá no próximo número) Línguas francas, pidgins e crioulas. Pidgins são línguas francas criadas com objetivos comerciais desenvolvidas por falantes que não possuem outra língua franca. Um pidgin é, geralmente, um sistema linguístico produzido pelo contato entre duas línguas de prestígio sócio-econômico desigual numa mesma área geográfica. È o caso do inglês da Ásia Tok Pisin, de base inglesa, falado na Nova Guiné. Sua estrutura é muito simples. Quando uma língua pidgin produz falantes nativos é denominado língua crioula Um exemplo muito citado o papiamento. Papiamento. Língua crioula, principal língua falada nas ilhas caribenhas de Aruba, Curaçao e Bonaire. É considerada língua oficial nas três ilhas. Originou-se de um pidgin português falado pelos escravos originários de Guiné-Bissau, Cabo Verde, entre outras zonas. No final do séc. XIX ocorreu a influência do castelhano devido ao contato dos países vizinhos, especialmente da Venezuela. Já existem alguns jornais e dicionários bilíngues em papiamento. ******************************************** |