23-12-2014Nesta data .... Racordai pa S. SilvestrePor certo, as Janeiras terão ido com os marinheiros e os povoadores portugueses, no início da colonização das ilhas. No entanto, dado curioso é que esta tradição ganhou raízes mais profundas nas ilhas do Norte (S. Nicolau, Santo Antão, Sal, S. Vicente e Boa Vista).
Ao longo dos tempos esta tradição caracterizou o Natal destas ilhas, dando-lhe um tom particularmente bucólico, com grupos de novos e velhos saindo pelas ruas, casas, tocando violão, cavaquinho e chocalho. As famílias abrem as portas de suas casas, convidando-os a entrar e a comer e a beber da mesa posta. Nas zonas rurais, dá-se o que se tem, de dinheiro a grogue ou em géneros. O álcool consumido neste trajecto começa a fazer efeito e a festa vai subindo de tom, pela noite dentro. Nas cidades, principalmente em Mindelo, as casas mais abastadas do centro são percorridas por vários grupos. Um dos mais conhecidos é conhecido pelo "Grupo da Paridinha", da zona da Praça Nova, e que existe desde 1980, formado por várias gerações. Uma pequena multidão entra pelas casas, acotovelando-se na sala, comendo e bebendo nas pausas da cantiga.
Ainda em Mindelo, com o dinheiro recolhido, o grupo promove uma festa, logo depois do Ano Novo, para consumir tudo o que sobrou das festas e foi comprado com o dinheiro recolhido pelo "Jorge" (de boa consciência).
Recordai Eu venho aqui dar as boas festas Ó dá, ó dá, si bo tita dá Porque Jorge ê um homem de má consciência Aloa sinha já somá três cabaler
Racordai pa S. Silvestre Hoje é fin d'one Sonte di fin d'one Recordai recordai O k'sinfonia la na Baia (Teófilo Chantre)
Foto: Cabo Verde: Antonio Cabral, mais conhecido por "Ntoni Denti D'oru" tocando batuque. FOTO FRANCISCA LEAL/LUSA Fonte: SAPO
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