01-07-2008 Identidade e afinidade Margarida Castro
Identidade e afinidade Margarida Castro
"Minha pátria é a minha língua"(Fernando Pessoa 1888-1935) De todas as manifestações culturais de um povo, a mais marcante é a língua. Muitos escritores o evidenciam, destacando a evolução, a incorporação de elementos de outras culturas, e como é indispensável na formação da identidade. Fernando Pessoa, Luís Carlos Patraquim, Guimarães Rosa, Viriato da Cruz, Mia Couto, são alguns. No entanto, muitas línguas estão ameaçadas de desaparecimento ou já extintas. Ainda que esse processo seja lento, há, atualmente, uma preocupação com as línguas que correm perigo, caso não sejam fortalecidas em todos os contextos − no lar, na escola, no trabalho, nos meios de comunicação, e na vida social, cultural e econômica. A língua é depositária do patrimônio de povos em diversos ramos da cultura, das tradições e da história. Dão-nos exemplo desta luta, as nações indígenas no Brasil que clamam pela preservação das suas línguas.
Na Espanha, assistimos à defesa, pelo povo da Galiza, de sua identidade e da afinidade com os povos lusófonos. A Galiza, tendo como vizinho Portugal, um país com o qual, séculos atrás, também compartilhou de união territorial, mantêm a identidade cultural, a língua e a literatura, mas com percas para o castelhano! Assinalamos a luta das famílias, dos educadores, dos artistas e dos escritores, entre os quais a figura da poetisa Rosália de Castro, que representa uma porta de entrada para o universo lingüístico do povo galego. Também no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é simultaneamente funcional e disfuncional, se defende a valorização da língua comum, como mais um argumento para os intercâmbios, uma ponte para o futuro. Mas ainda há muito por fazer! Na cooperação entre países, a questão cultural tem sido minimizada por falta de uma política e do fraco investimento nas Tecnologias de Informação e Comunicação para projeção da língua. Os diálogos exigem resultados. Mas em Coimbra,(
03.07.08
www.youtube.com/watch?v=qK5EKzwjJko&feature=PlayList&p =A0B56FFCC3FF01B2&index=3&playnext=3&playnext_from=PL) , o “Concerto por Timor-Leste” deu um sinal positivo. Assim como o projeto de inclusão "Orquestra Geração", em Lisboa, (noticias.sapo.pt/lusa/artigo/0d9ef4e0ba49bfd3222baf.html), inspirado no Sistema Nacional de Orquestras Juvenis venezuelano, reuniu 135 jovens, filhos de imigrantes que ganharam assim “identidade e afinidade”.
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