Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


11-10-2014

Língua mirandesa vai ter centro de documentação e ferramentas digitais


Um centro de documentação e o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas digitais aplicadas à língua mirandesa são as principais apostas da recém-criada Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), sediada em Miranda do Douro, avançou fonte ligada à iniciativa.

O objetivo passa por tornar a língua mirandesa mais acessível a investigadores, estudiosos e público em geral, que pretendam fazer estudos avançados - como teses de douramento, mestrados e outro tipo de estudos - ou utilizá-la como forma de comunicação quotidiana.

Segundo José Pedro Ferreira, investigador, linguísta e também membro da ACLM, o objetivo do centro é o do concentrar todo o espólio relacionado com a língua mirandesa, que se encontra disperso por diversos polos de investigação e universidades portuguesas.

"Como os materiais existentes não estão reunidos num só espaço, isso leva a que alguém interessado em estudar a língua mirandesa tenha de se deslocar um pouco por todo o país a recolher informação. E, quando se chega ao 'berço da língua' [Terra de Miranda], nem sempre encontrar informação suficiente", enfatizou.

O centro ficará instalado na "Casa da Quatro Equinas", um imóvel "nobre" situado em pleno centro histórico, cedido pela Câmara Municpal de Miranda do Douro.

Os materiais, em causa, são resultado de recolhas efetuadas ao longo de todo o século XX por diversos investigadores e estudiosos. Há materiais em diversos suportes, quer em papel, fotografia, áudio ou vídeo.

Há também notas de trabalhos de campo, diversas teses relacionadas com a segunda língua oficial em Portugal, diferente bibliografia sobre a "lhéngua".

Outros dos objetivos da ACLM, passa pela criação de ferramentas digitais, que fiquem alojadas num portal da Internet.

"O futuro portal [na Internet] vai acumular recursos linguísticos destinados aos falantes e aprendizes do mirandês, incluindo um extenso vocabulário, que descreva a grafia das palavras, mediante a Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa", explicou o especialista.

Este trabalho vai, de forma gradual, incorporar o dicionário português-mirandês (que se encontrar em fase de desenvolvimento) e ainda a transcrição fonética de "um grande número de palavras em mirandês", com a pronúncia a ser explicitada através de um processador de voz.

O processador "vai permitir ao futuro falante que, ao digitar uma palavra, a ferramenta digital exemplifique a leitura da palavra pretendida em língua mirandesa", exemplificou José Pedro Ferreira, também perito nesta área.

A par de tudo isto, serão ainda desenvolvidos corretores, à semelhança de acontece já com outras línguas. Ambos os projetos deverão estar concluídos até ao final de 2013 ou início de 2014.

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