16-12-2001Cave Canem Por Maria Margarida Silva e CastroCAVE CANEM “- Mas, que é isso? /- Isso quê?/- O cartaz./ - Ora, simples aviso./(....) /- Ninguém vai entender./ -Por que não? /- Quem vai compreender o latim?” (do livro “Situações- Diálogos”, de Guido Bilharinho, 2001) Impossíveis A falta de leitura, a ausência da prática na construção de opiniões e o fraco domínio da língua, está-nos a levar a diálogos impossíveis. No seu ultimo livro, o escritor uberabense, Guido Bilharinho, registra situações de diálogo incompreensíveis. No diálogo que destacamos, o aviso de “Cave Canem”, para o indivíduo que o criou, tinha apenas o sentido do “impacto” e não o seu verdadeiro significado, pois ele desconhecia a existência da língua latina. Esta é a realidade que nos rodeia. Muitas vezes não conseguimos sustentar uma conversa com jovens sobre os problemas sociais de sua própria comunidade, por falta de informação e de domínio da linguagem. Este fato ficou bem documentado em recente estudo que mostrou as diferentes posições dos jovens, de vários países, quanto à capacidade de leitura. No Brasil, os jovens entendem menos o que lêem do que no México. Contudo, os impossíveis tem alternativas. Estamos certos que os 10 mil jovens, que se prevêem estarem presentes durante o Fórum Mundial 2002, em Porto Alegre, vão ter oportunidade de convivência social, política e cultural, bem como de discutir aspetos essenciais à organização da juventude. Jovens e órgãos de imprensa, podem inscrever-se através do endereço www.juventudefsm.org. Os jovens participantes de todo o mundo, certamente, que serão melhores “leitores “. IdentitateNa cerimônia de entrega do galardão do Nobel da Paz 2001, a Kofi Annan, o Nobel da Paz 1996, o timorense José Ramos-Horta, foi um dos convidados e atraiu as atenções entre os 32 galardoados que assistiram à entrega da premiação. Ele foi o único representante da língua portuguesa entre os Nobel da Paz convidados para testemunhar, em Oslo, a entrega do prêmio ao secretário- geral da ONU, Horta foi dos mais felicitados pelos seus congêneres. "Fiquei impressionado com o fato de vários Nobel, mesmo alguns que não me conheciam, me virem abraçar e felicitar pelo sucesso de Timor-Leste", comentou, em Oslo, o co- galardoado com o Nobel da Paz 1996. E, sendo o único dos homenageados na Câmara de Oslo a falar português, Horta não esqueceu o fato e lembrou que quando discursou no mesmo local em Dezembro, 1996, começou a intervenção a citar, na sua língua, os poetas Camões e Fernando Pessoa. Horta sabe que a língua é o suporte da cultura, patrimônio e da nossa “identitate”. O patrimônio é um bem maior para a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, UNESCO, criada em 1945, com a adoção do Ato Constitutivo. A UNESCO, em 1972, adotou a Convenção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, que tem por objetivo proteger os bens patrimoniais dotados de um valor universal excepcional, com prioridade para os países assinantes da Convenção. No Brasil várias cidades foram consideradas patrimônio da Humanidade, como Ouro Preto, referencia internacional da Pátria Brasil. E agora, em Portugal, o Rio Douro e suas margens foram destacadas pela UNESCO como Patrimônio evolutivo da Humanidade. Para entendermos melhor o conceito que consagrou a região do Douro, visite o sitio virtual jn.pt/eddia/gplano.asp OportunidadesMais uma vez o Elos Clube de Uberaba está em festa. Cumprimos a nossa meta de criar oportunidades para os intercâmbios lusófonos de jovens! Em 2001 participaram vários jovens nos diálogos internacionais. E, neste momento, temos um jovem desta cidade, o corredor Nsungu Filipe kamukotelo, 17 anos, que foi convidado pelo Secretario Geral da Federação Angolana de Atletismo, o Sr Carlos Rosa de Sousa, para participar na corrida Demostenes de Almeida 2001, a São Silvestre de Luanda, em Angola. A torcida de todos os correspondentes do Fórum Elos , pelo sucesso do Jovem Atleta, está crescendo! E o Nsungu nos dá uma lição de força de vontade: apesar de não contar com apoios municipais, ele treina , todos os dias, 20 kms! É um atleta que sabe que o esporte e a vida exigem disciplina e ética. Praticar o verdadeiro sentido das palavras é o exemplo que ele nos dá. Que não aconteça, também, a nós, considerarmos “Cave Canem” uma expressão sem sentido! Maria Margarida Silva e Castro, é engenheira agrônoma e integrante do Elos Clube de Uberaba , e-mail: guidasc@ldc.com.br |