Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


24-02-2008

As Independências Francisco G Amorim


Já alguém disse: Um povo que tenta recuperar a sua independência é sempre digno de respeito. Evidente. Ninguém gosta de patrão. Sobretudo quando não precisa de patrão para lhe garantir as sopas e as cuecas lavadas no fim do mês.

A Iugoslávia implodiu pós Tito, na ocasião ninguém reclamou, e como os Balcans – cuja palavra, de origem turca, significa “montanha” – por sua orografia, formam uma fronteira natural, foi nessa região que os europeus, os cristãos, conseguiram segurar a explosiva expansão do Islão. Região de fronteira entre duas filosofias e dois credos que cada vez mais parece que se opõem, teria que ser o que sempre foi: zona de conflitos. Graves. Até entre cristãos, católicos e ortodoxos!

O Kosovo, a Sérvia queira ou não, acabará independente, e mesmo que venha a necessitar de apoio financeiro para sobreviver e/ou progredir lá estarão os petrodólares a segurá-los. Além de que os kosovares serão sempre uma ótima entrada para a Europa!

Onde há dinheiro ou fontes de riqueza suficientes sempre surgirão movimentos independentistas, alicerçardos ou não na história, mas sobretudo em cima das suas riquezas que não querem partilhar.

O mundo está cheio de problemas desse tipo: Cabinda, com o seu Tratado de Simulambuco, o seu petróleo e o fato de ser um enclave nos Congos e não parte da geografia natural de Angola.

O “país” basco ou “eusco”, que nunca foi um povo independente, dividido pelos Pirinéus,  pertenceu a Navarra no lado da Espanha, a Navarra do outro, e a mais um monte de reis e condes, tem a uni-los a língua “euscara”, cuja origem ninguém conseguiu definir e, com uma sólida economia baseada na industria, metalurgia e pesca, desde há muito que tem forte autonomia administrativa, e com isso luta ferozmente para se libertar de Madrid.

Os catalães, que já tiveram um reino independente, hoje a província mais rica da Espanha, precisa também de Madrid para quê?

Há milênios os palestinos apanham na cabeça – desde muito antes de Golias ter levado aquela pedrada na testa – a comunidade internacional considera-os mais ou menos um estado, não um país, e independência, mesmo com o seu território retalhado por Israel... nada!

Boa parte das mais que 18.000 ilhas que compõem a Indonésia querem também separar-se, o petróleo e o Islão a fomentar.

E os curdos a levar bordoada ora dos iraquianos ora dos turcos, o Sudão, a Macedônia, e... e... e... a Rússia chia, porque se reconhecer o Kosovo, os chechenos... e já está a ameaçar a EU para não intervir! Até o louco Chavez apareceu na Tv para se pronunciar contra a independência do Kosovo “que é parte inalienável da Sérvia”, que são eslavos, como os russos, com quem o pseudo líder venezuelano quer manter boas relações contra os EUA!

Agora que a Europa vai crescendo, à procura de uma união total, por muito impossível que isso pareça, e sem destruir as tradições históricas e culturais de cada povo, por esse mundo fora continuam a proliferar as guerrilhas, chamadas de terrorismo ou nacionalismo conforme se olha pelo lado de quem está no poder ou no contra, e os fabricantes de armas a fomentar dando risada.

Um povo deve ter o culto da sua história, porque o patriotismo é feito de todas as lutas e de todas as glórias dos seus antepassados.

O que muitos se esquecem é que a união é que faz a força. O respeito mútuo, a tolerância e um mundo de paz e harmonia é que se torna difícil quando a pressão dos fabricantes e vendedores de armas é altamente aliciante. E os homens, que não evoluíram, gostam de matar. Infelizmente mais do que amar.