03-04-2007José Craveirinha, poeta moçambicano 1922-2003José Craveirinha partiu para o etéreo, deixando-nos um legado cultural incomensurável.
Considerado o maior poeta africano de língua portuguesa Paz à sua alma. José Craveirinha partiu mas o seu nome, a sua grandiosa obra, ficarão assinalados a ouro na história universal como um personagem incontornável e de referência da língua de Camões. Escritor, Poeta e Contista, lega-nos inúmeras obras de raro valor, que lhe mereceram a recompensa do Prémio Camões, em 1991, o mais importante prémio dos PALOPs; de algumas das suas obras, destacamos: Xigubo (1964), Karingana ua Karingana ( 1974), e Maria (1988). Seus poemas encontram-se traduzidos em várias línguas: swahili, russo, italiano, inglês e francês. Aos 75 anos de idade é galardoado com a No decreto presidencial, que o homenageou, o Presidente Joaquim Chissano assinala que Craveirinha :"tem contribuído significativamente para a libertação dos povos, o reconhecimento dos Direitos do Homem, o respeito das liberdades democráticas e a eliminação de todas as formas de opressão e humilhação". Galardoado com o prêmio " Vida Literária" pela Associação de Escritores Moçambicana. Foi, por mérito próprio, o primeiro Presidente da Associação de Escritores Moçambicanos. Vitima de doença, recebeu tratamentos intensivos e prolongados durante seis meses, numa clínica de Joanesburgo, regressando a Moçambique em 17 de Novembro do ano transacto. Não tendo resistido aos sofrimentos, veio a falecer na sua terra natal. Uma das suas ultimas obras de poesia " Karingana ua Karingana" é um manancial de arte, de que destacamos: Ao Meu Belo Pai Ex-emigrante Pai: As maternas palavras de signos vivem e revivem no meu sangue e pacientes esperam ainda a época de colheita enquanto soltas já são as tuas sentimentais sementes de emigrante português espezinhadas no passo de marcha das patrulhas de sovacos suando as coronhas de pesadelo. E na minha rude e grata sinceridade não esqueço meu antigo português puro que me geraste no ventre de uma tombasana eu mais um novo moçambicano semiclaro para não ser igual a um branco qualquer e seminegro para jamais renegar um glóbulo que seja dos Zambezes do meu sangue e, ainda: Grito Negro Eu sou carvão! E tu arrancas-me brutalmente do chão e fazes-me tua mina, patrão. Eu sou carvão! E tu acendes-me, patrão, para te servir eternamente como força motriz mas eternamente não, patrão. Eu sou carvão e tenho que arder sim; queimar tudo com a força da minha combustão. Eu sou carvão; tenho que arder na exploração arder até às cinzas da maldição arder vivo como alcatrão, meu irmão, até não ser mais a tua mina, patrão. Eu sou carvão. Tenho que arder Queimar tudo com o fogo da minha combustão. Sim! Eu sou o teu carvão, patrão. REPOUSA EM PAZ, CRAVEIRINHA; NÓS FICAMOS GRATOS PELA OBRA E ENSINAMENTOS QUE NOS LEGASTE ! |