Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


03-08-2004

Identitate


Espaço dedicado à defesa das nossas Identidades e à luta pela sobrevivência das línguas minoritárias

“Pela língua cada comunidade interpreta e expressa a sua realidade e a sua cultura”

identidade  vem do termo latino escolástico identitate, que por sua vez deriva-se, por via erudita, do termo latino idem, que quer dizer o mesmo.”

identitate. Conjunto de elementos que permitem saber quem é uma pessoa. “

José Barbosa, Luís Magarinhos, Marco Ferrari, Moncho de Fidalgo, Paulo Gomes, Pedro Kaul, Rudesindo Soutelo, Santalha do Monte, Tino Pinheiro, Xico Xadrez

 

Celso Alvarez Cáccamo ,galego, enviou em 21.07.04
Gilberto Gil falou em "Internacionalista" na Galiza


Eu de cada vez que me falam em espanhol por internacionalismo, respondo em

inglês. Acabo de enviar esta carta a Gilberto Gil. O seu site é

, e o seu email é . Que a quiser.

Celso



 (Governo do Brasil)
(Ministério da Cultura do Brasil)
(Correio oficial de Gilberto Gil)
(Mais um correio de Gilberto Gil no seu site oficial)
Pedro Kaul (Florianópolis, Brasil), em 22.07.04

 

Gilberto Gil em Santiago de Compostela ataca galegos e lusofonia

 

 

 

Já disse a alguns de vocês que eu sou, por vezes, um tanto extremado, um tanto radical, quando me pronuncio sobre problemas e questões ligadas à defesa da nossa pátria comum - a Língua Portuguesa. Perdoem-me os "ponderados" e os "contidos", se eu estiver, a seguir, me expressando assim.  Não consigo me conter diante do comportamento do Sr. Gilberto Gil  em visita à Galiza para participar de um concerto no dia 21/07/04, conforme o texto abaixo repassado pela Margarida, que saiu no site do CMI Brasil - Centro de Mídia Independente.

______

 Antes de mais nada, confesso-lhes que me sinto envergonhado, como brasileiro, diante de tal pronunciamento do Sr. Gilberto Gil ! 

Desculpem, amigos galegos ! Acho que o coitado do ministro não sabe o que fala ! No fundo, é um pseudo-intelectual. Gosta de se exibir, falando em Espanhol, para mostrar erudição ... Mesmo quando todos desejariam ouvi-lo (nessa oportunidade, na Galiza) em Português. 

E, afinal, qual o porquê da sua postura, diante da desdita da Galiza, absorvida que está pela Espanha ? Disse tudo o que disse apenas para agradar a este país ?

Ora, que vá para o Inferno todo aquele que achar que o ministro está certo ! E o ministro também ! Que também vá para o Inferno !

 De todos os valores que nós -  brasileiros, luso-africanos e tantos outros lusofalantes que se espalham pelo mundo todo, herdamos de Portugal, a Língua Portuguesa é o maior de todos. Temos que defendê-la, acarinhá-la, prestigiá-la ! E temos que ser solidários com a causa nobre e perfeitamente compreensível do povo galego, que deseja se inserir no mundo da Lusofonia. 

Às favas quem não pense assim !

Infelizmente, no Governo Lula temos tido ministros e "ministros". Uns, inquestionavelmente bons, experientes e perfeitamente indicados para exercer a função ministerial. Um exemplo é o Sr Cristóvam Buarque que foi demitido do cargo por telefone ... Outros, como acabamos de ver, são autênticas cavalgaduras ...

Mais uma vez, eu, brasileiro envergonhado, peço-vos desculpas, queridos irmãos da Galiza ! Abraços,P. Kaul.

 

Enfim, Margarida, o Rio de Janeiro continua lindo, mas o nosso amigo Gilberto Gil não. Alô, alô Realengo, aquele abraço. E, pra torcida do Flamengo, régua e
compasso. Meu Destino pelo mundo, eu mesmo faço. Desta vez, Gil desatinou. Precisava entender melhor a complexidade linguística da Galícia que, bem sabemos, foi impedida de florescer. Logo, ali, onde o galego-português deu o rumo para Camões elaborar uma das grandes epopéias da arte humana, "OS LUSÍADAS".
Infelizmente, é aquilo tudo, falta de cultura, falta de conhecimento, falta de conscientização daqueles de quem não haveria de faltar.   Xico Xadrez

 

Dia 20.07.04, 15,00h, televisão privada em Espanha: Tv-5 (Telecinco)... Noticiário das 14,30 (muito breve) Gilberto Gil, num concerto em Santiago de Compostela (Galiza)....Pergunta  ao público:

     -Vocês querem que eu fale português?

O público disse:  -Siiiiiiiiim!

Oh! Surpresa, o Sr. ministro brasileiro disse:

-São vocês muito nacionalistas, há que ser mais internacionalistas!!

Falo de memória, mas isso é  o que percebi. Malandro! Como se pode ser tão bruto! É doado acusar de "nacionalista", mas um povo como o galego, com um genocídio cultural e linguistico em marcha, é lícito esse comportamento?

Escusem se é que eu percebi mal, e se é assim agradeceria me informarem. Obrigado.

Moncho de Fidalgo Embaixada Galega da Cultura  Madrid

  ,21.07.04, enviou

 

Amigos do Portal Galego da Língua

 Acabei de ler no PGL manifestações coletivas de repúdio a Gilberto Gil, o nosso Ministro da Cultura que, dirigiu-se ao público galego (em princípio) em castelhano.

Todos, absolutamente todos aqueles que vos escreveram alçando as suas vozes de protesto erigindo-se em árbitros de uma postura que o Senhor Ministro da Cultura jamais enarborou de intento, erraram, porque não conhecem o que significa como um todo a Galiza e galegos cá, no Brasil.

A Galiza é minimamente conhecida por estas bandas, a não ser por aqueles de melhor bolsa que recorrem e recorrerão o "Caminho de Santiago" ou, pelos fanáticos torcedores a quem lhes birlaram seus excepcionais futebolistas, cujos saudosos prantos (sobretudo quando seu clube em orfandade deixa de fazer gols) os transladam com bastante constância a um clube chamado La Coruña que fica na Espanha, que não é a Galiza porque, repito, 99% deles não sabe sequer onde geograficamente está situada.

Tudo o que signifique alguma coisa em quaisquer lugar da Espanha que for noticiado entre nós, é absorvido como "da Espanha"pois, os detalhes da localidade onde foram gerados são meros detalhes.

Que nada (nós) diz.

É que, como é sabido, América Hispânica é um continente conquistado pelos espanhóis, rodeando por toda parte a um menor e solitário da América Lusa, o Brasil, onde o falar, o escrever, os hábitos, as tragédias e (poucas) glórias que a história oficial nos outorga(ra), são de ascendência portuguesa.

Vejam pois, a encruzilhada, a cilada, que o destino lhe jogou ao Ministro- canta-autor.

 Imaginando que  ele soubesse tudo o que Galiza foi para Portugal na dimensão real que lhe coube como berço do seu nascimento e idioma - o que me parece difícil já que fora aluno 10 na História que nos principia em Portugal, não sabe falar em galego, como à ocasião um melhor protocolo conviria.

Parece ser este meu ponto de vista o mais acertado posto que, estava a falar de alguma maneira para espanhóis, na sua terra, e não para portugueses em terrunhos que não lhes eram próprios.

Ausentado o Senhor Ministro das sutilezas que a socio-lingüistica lhe jogou a história, e esta que nada lhe informou a S.Ex.sobre que a língua galega era quase 1000 anos anteriores a formação do próprio Estado português, este mesmo Portugal (Condado Portucalense) que nasceu na Galiza"totius Gallaeciae seu Portucalensi Provinciae summum suscipiat Praesulatum", encontrou-se, dizia, "entre la espada y la pared"

Então, entre o idioma galego que a nossa máxima representatividade da cultura ignora, o português fora do contexto do momento e lugar aonde, certamente, convergiram espanhóis de toda Espanha que não sabem falar galego e menos português, o respeito merecido a esses concorrentes é(ra) confraternizá-los na língua de sua pátria.

E até porquê, exiliado que foi, junto ao Caetano, a língua de Neruda que aprendeu no desterro domina à perfeição.

A propósito: Parece até mentira como vem a calhar este episódio que tanto nos confunde.

Estou tratando de me comunicar com entidades literárias, docentes e culturais da Galiza, para editar o meu livro Idioma Galego: Nossa Língua Portuguesa em galego, livro que posicionará ao Brasil (e a parte de Portugal que não conhece a sua verdadeira história) na enorme representatividade que é para nós a Galiza, narrando documentadamente que, de ascendência e falar, somos primeiramente galegos, logo portugueses.

Claro que, não me expandirei por aqui sobre as suas 240 páginas.

Todavia, disse eu no palio deste episódio, permitam-me oferecer-lhes parte do seu epílogo:

 Ao fim, tudo está aqui, sem erudição, sem circunspeção, sem muita ordem. Todavia, a satisfação que ora me embarga não é menor do que foi a minha odisséia porque, tenho certeza que outros melhores virão a melhorá-lo, tal vez a corrigê-lo para contar ainda mais.

Ainda mais sobre a Galiza alegre e tristonha, taciturna e loquaz, pacífica e guerreira, acanhada e pujante, bucólica e citadina, rude e erudita, austera e brilhante, severa e indulgente, céltica e santiaguina, recatada e permissiva, tímida e resoluta, honrando-se como eu ao descubrir sua glória.

 Ao Senhor Excelência, Embaixador da Paz e da fraternidade entre os povos, o meu abraço ! Marco

 

 

 

Ponto de vista sobre o falar na Galiza de Gilberto Gil
 

Acho que a Galiza é hoje uma região autónoma espanhola, após mais de 500 anos de colonização castelhana e que oficializou um portunhol como língua própria, no que têm culpa os políticos, galeguistas, nacionalistas e agalistas,etc que estão de costas voltadas a Portugal e à língua portuguesa; é certo que Portugal nasceu de um retalho da Galiza (Teófilo Braga) e que a antiga Gallaecia chegava até ao Mondego, mas Portugal se constitui em estado -nação soberano e em 1249 é que acaba a Reconquista, 250 anos antes do que Castela, e depois descobre dois  terços do mundo; é também o último país europeu e ter colónias felizmente hoje independentes e a levar a nossa lingua portuguesa para todos os continentes; não concordo, pois, com a visão do argentino, pois a língua era una e mesma a norte e sul do rio Minho e hoje não; a norte é portunhol e a sul português, tudo por culpa dos galegos galeguistas, que fazem da língua um dialeto do português e não português; estes elementos galeguistas, bloquistas, agalistas,etc  se conformam com o portunhol, não aceitam o português como língua nacional e oficial da Galiza e mantêm racismo para com os portugueses e demais lusófonos; há alguns que se declaram lusófonos, mas não o são ,nem falam o português nem lhes interessa a sério Portugal, Brasil, PALOP, Timor,etc.

Cada vez mais na Galiza fala-se o castelhano bem e o portunhol muito mal; morrerá o portunhol e entao vincará o português como lingua oficial e nacional como língua própria da Galiza graças aos acordos ortográficos, e o castelhano será segunda lingua cooficial, e o inglês entrará no ensino em força, além de outras línguas europeias de cultura. Se isto for assim a Galiza será lusófona e poderá fazer parte da CPLP e da lusofonia, sem mais. É por isso que lutamos nas Irmandades da Fala da Galiza e Portugal, na Comissao Galega do Acordo Ortográfico e nos Círculos Republicanos Lusófonos.

 Com os melhores cumprimentos, José Barbosa

 

A aniquilação da nossa língua
 
O amor e mais o ódio, a entrega e o rejeitamento, a confiança e a
suspeita são as duas faces duma mesma emoção. Na música culta
galega esses dois extremos se manifestam com forças muito desiguais.
A classe política em geral é fanaticamente inculta e odeia tudo aquilo
que desconhece. O cinismo político não permite sentimentos de amor. Mas
essa incultura é premeditadamente selectiva e intransigentemente
galeguicida. A aniquilação da nossa língua, que subtilmente alicia o
espanholismo excludente, encontra no separatismo linguístico de certo
nacionalismo galego o cooperador necessário para nos isolar
internacionalmente e ir reduzindo a nossa cultura a um ermo baldio,
inculto, rude e esmorecente onde só se nos reconheça o direito à
ignorância.
O lamentável é que neste culturicídio participe propositadamente o
Ministro de Cultura do Brasil, Gilberto Gil, que no seu concerto em
Compostela nos aborregou por não submetermos à fala internacionalista,
que segundo ele não é o português, nem sequer o inglês, mas o
castelhano. Vindo do ministro de cultura dum país que fala a nossa
língua, essas palavras só se podem entender como um insulto aos
duzentos milhões de utentes que tem a nossa língua no mundo. Será
asneira política ou cultural? Ou vai ser coisa da cooperação com o
ministério de cultura espanhol? Nunca me interessei pela sua música,
por simples, mas agora também não pelo simplório.
No outro extremo estão os amadores incondicionais, sem poder nem
dinheiro, nem meios para dar pulo aos seus projectos. Uma amável
leitora, Marilú, enviou-me o CD de SonDeSeu "Mar de Vigo" (BOA, do fol
32); uma iniciativa aliciante no requeimado eido do folque urbano.
Também recebi a recuperação do reportório de Os Dezas de Moneixas em
CD (Ouvirmos VR0104), que as nossas instituições deviam ter
feito há vinte anos, se fossem galegas.
Nesse trabalhar por amor à arte devo destacar o empenhamento de Glória
Rodrigues Gil por dar a conhecer a nossa música. Envia-me o programa
dum concerto didáctico de música contemporânea que se vai celebrar o 5
de Agosto, as dez da noite, no Auditório Municipal de Goião (Tominho)
com obras de compositores galegos e catalães para quinteto de sopro.
O programa contem quatro estreias absolutas de Julio Montero, Pablo
Beltrán, Glória Rodrígues e David Llorens, e completa-se com obras de
Jordi Sansa, Rudesindo Soutelo, Ignasi Adiego, Manel Ribera e Albert
Sardá. A mágoa é que as instituições sejam surdas e não aproveitem esse
esforço privado para subirem ao carro da nossa música.
O amor e mais o ódio, ainda que são absolutos e excludentes, mantêm-se
unidos por um subtil fio que nos permite conhecer os diversos graus de
lealdade dos indivíduos intermédios, oblíquos, mutantes, descorados,
desonestos, indignos ou maliciantes. Numa relação amorosa de par
qualquer percepção da lealdade distinta do amor ou ódio absolutos é
identificado com os ciúmes, e sempre tende a um dos extremos.
Uma apaixonada leitora, Isabel, extraordinária guitarrista mas que
está a passar uma etapa iconoclasta, zanga-se comigo cada vez que
defendo o direito dos autores a vivermos do nosso trabalho.
Infelizmente há muitas pessoas na Galiza que inconscientemente
cooperam com o poder galeguicida, e levo meses pensando se
vale a pena o esforço que semanalmente dedico a estes artigos.
Para rematar este ano de colaborações em A Nossa Terra quero invocar a
memória de Borobó, quem de um modo póstumo me cedeu o espaço dos seus
Anacos e aliciou o decurso destes escritos.
         © 2004 by Rudesindo Soutelo

Luís Magarinhos enviou da Galiza, 29.07.04

Notícia Bomba: Galiza poderá aderir à CPLP


A GALIZA poderá vir a integrar uma comunidade lusófona alargada. Na 5ª cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que esta semana teve lugar em São Tomé, os chefes de Estado e de Governo dos oito
acordaram por unanimidade criar o estatuto de «membro observador». O alargamento, numa segunda fase, deverá levar à inclusão de regiões autónomas (como a Galiza) ou de países onde existem grandes comunidades
lusófonas.
Esta é a consequência lógica da abertura à sociedade civil, que já criou organismos como as associações dos Empresários Lusófonos ou dos Comités Olímpicos de Expressão Portuguesa, que ultrapassam as fronteiras da CPLP com a adesão de Macau e da Guiné Equatorial.
Convidado para a cimeira de São Tomé, o Presidente da Guiné Equatorial, ex-colónia espanhola e terceiro produtor africano de petróleo, deu início a uma «nova era» da CPLP, liberta de espartilhos políticos e mais unida por interesses.    

Fonte: Jornal Expresso  31.07.04 ----------------------------

CPLP com as portas abertas para a adesão da Galiza
Domingo, 1 Agosto 2004 (16:49)
Cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu em São Tomé e Príncipe os passados 26 e 27 de Julho, disposta a modificar os seus estatutos
PGL.- O projecto de revisão dos estatutos da CPLP, que crie o estatuto de observador, foi um dos grandes acordos da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu segunda e terça-feira passadas, em São Tomé e Príncipe. A presença do chefe de Estado da Guiné Equatorial, país hispanófono, foi uma das "bombas" que levantou o debate sobre o Estatuto de Observador na CPLP.
[+...]
A possível revisão poderá abrir as portas para num futuro a Galiza ou países com grandes comunidades lusófonas virem a fazer parte da CPLP como «membros observadores». De facto organismos como as associações dos Empresários Lusófonos ou dos Comités Olímpicos de Expressão Portuguesa, ultrapassam já as fronteiras da CPLP com a adesão de Macau e da própria Guiné Equatorial.
Uma outra medida aprovada, e de vital importância, foi a homologação do princípio de aprovação de uma medida no quadro da CPLP, onde basta a aceitação de três Estados-membros para que uma proposta seja aceite, um
algo vital para o alargamento futuro.
instrumento internacional, assinado em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990. Também foi aprovada uma resolução para a promoção e difusão da língua portuguesa.
Mais em  e   

 

Henri Oliveira,galego, enviou em 25.04.2004

É PREFERÍVEL O DISCURSO DA UNIDADE (LINGUÍSTICA!)


No fórum "assembleia-da-lingua" (em yahoo-grupos) escreveu

A. S.: «... sem querer entrar de novo em polémica – porque concordamos todos no essencial— mantenho a minha opinião de que dentro de poucos séculos haverá uma separação [entre os portugueses utilizados em Portugal, no Brasil, nos PALOPes...]. Basta olhar para trás, para o que foi/é a história das línguas indo-europeias, e mais concretamente da língua latina, que passou de língua una a língua plural, e finalmente separando-se nas várias línguas românicas, e
tirar daí as devidas ilações. E nesse ponto a Península Ibérica é um excelente exemplo, ...»
Respondi eu: «De acordo, mas depende...» E tentava explicar-me:
1. É certo que a romanização (em latim popular ou vulgar, que se diz) foi muito temperã na Península ibérica ou Hispania... Cumpre lembrar que daquela (contra o que os "notables españoles" pretendem) ainda não existia nem a Espanha nem Portugal, mas sim Euskal Herria (ou País Basco)... cousas!
2. Acrescento que a divisão do latim popular em diversas línguas foi processo longo e mal estudado (a meu ver). Com efeito, costuma-se considerar esse processo desde a situação actual, em que as línguas nacionais (e sub-nacionais: "autonómicas", no Reino da Espanha; "patois", na República francesa; "dialetti", na República italiana ...) se acham estabelecidas no interior das respetivas fronteiras estaduais:
3. Porém, o processo de divisão foi mais bem processo de disseminação: Perdido o centro económico, cultural, administrativo e político de referência (aliás, não excessivamente forte), decorreram séculos na "procura" de novos centros económicos, culturais, políticos e administrativos de referência, que nem sempre pretendiam dividir, sobretudo culturalmente, o antigo Império. Antes, tentava-se a recuperação da glória imperial romana. Desde essa perspectiva entende-se (opino) o Império carolíngio e, mormente, o Sacro Império Romano-Germânico. Mesmo as guerras de religião durante os sécs. XVI e XVII podem entender-se desde esse ponto de vista. A Cristiandade
continuaria "espiritualmente" o Império Romano...
4. Em qualquer hipótese, ainda não existiam os instrumentos de compactação ou de ligação nacional e transnacional de que hoje dispomos os cidadãos e sobretudo dispõem os Estados, como são a imprensa, a rádio, tv, internete, para além da escola-escola. Digo escola-escola, porque essoutros instrumentos constituem deveras a escola "catequética" mais eficaz do que nunca as religiões do livro imaginaram. Os Estados dispõem, nos telejornais, de três ou quatro sermões (virtuais!) por dia, quando as religiões apenas conseguiam (e conseguem) um sermão semanal aos que presencialmente assistam aos ofícios divinos.
5. É por isso que as circunstâncias para a divisão das línguas, hoje
operantes no mundo, são muito diversas de aquelas que provocaram a
divisão do latim popular.
6. Poderia compará-las com as circunstâncias ecológicas, com o "desenvolvimento" da fauna e da flora então e hoje. Então esse era elementarmente "natural"; o trabalho do homem alterava-o relativamente, mais bem pouco. Hoje podemos dizer que é depredatório:
Nada de propriamente "desenvolvimento", mas destruição sob pretexto
de aproveitamento ... e benefício.
7. Com as línguas está a acontecer qualquer cousa de parecido: Há Comunidades Linguísticas depredatórias a respeito de outras menores em utentes, mas também, logicamente, em meios. Um caso é o da(s) Comunidade(s) anglófona(s) a dominarem as restantes Comunidades Linguísticas, mesmo as mais extensas, caracterizadas como línguas mais úteis, enquanto permitem que um grande húmero de seres humanos possam comunicar-se mais ou menos fluidamente.
8. Contudo, o caso que os galegos têm mais próximo (também, em proporção, os portugueses) é o da Comunidade Hispanófona do Reino de España e da Comunidade Lusófona na parte desse Reino, nomeada em castelhano "Comunidad Autónoma de Galicia" e zonas limítrofes (segmentos das "Comunidades Autónomas de Castilla y León" e "de Asturias", em que ainda há gentes lusófonas).
9. O Reino da Espanha, sobretudo desde o séc. XIX, está a procurar a supressão da Comunidade Lusófona nos seus territórios, acima citados:
9.1. Mercê de divisões administrativas, arbitrárias do ponto de vista histórico, que em 1833 promoveu Javier de Burgos (1778-1848), ministro de Fomento nos primeiros anos do reinado de Isabel II (1833-1868) e velho servidor de José I Bonaparte (1808-1813). Na realidade corrige levemente um projecto de 1822. Rege-se por critérios de população, extensão e coerência geográfica, preterindo qualquer respeito à tradição e à história.
9.2. Mercê do ensino elementar exclusivamente em castelhano (Ley Moyano, 1857). Claudio Moyano Samaniego (1809-1890), ministro também de Isabel II, promoveu a primeira lei de "instrucción pública", em vigor até à Segunda República (1931-36/39).
9.3. Vinha de longe, de fins do séc. XV, da época dos Reis Católicos,a imposição do castelhano de modo a serem administrativamente eficazes apenas os documentos redigidos nessa língua, aliás, língua da Corte, como muito bem conhece o Portugal filipino.
9.4. As "levas" militares também contribuiram com eficácia à castelhanização maciça. No último quartel do séc. XVIII um militar escritor, José Cadalso, salienta dos galegos a sua capacidade sofredora, sobretudo como soldados de infantaria... Em que idioma receberiam as ordens esses soldados? Com certeza em castelhano.
9.5. O processo castelhanizador, supressor da galeguidade ou "lusofonidade" da Galiza, continuou durante o séc. XX. Nos primeiros anos ditaram-se diversas proibições, dentre elas, a de usar "las lenguas regionales o dialectos" nos sobreescritos ou envelopes a serem enviados pelos correios. O franquismo (1936/39-1975) continuou a tarefa supressora começada, como digo, em tempo
bastante anterior.
9.6. E que ordena a "nova" Constitución española" (1978)?
Aparentemente quebra aquela sequência de supressão, mas só em aparência. O bilinguísmo imposto, que dizem "harmónico", desafina em benefício da "lengua nacional del Reino" e, por consequência, contra "las demás lenguas españolas". De facto tanto o "galego" quanto mesmo o catalão estão a recuar desde a "transición democrática". Apenas o euskara ou basconço progride levemente, embora desde situação agónica em que se achava (e acha?).
Vale por agora. Acho que ainda terei de continuar...

 

Tino Pinheiro,galego, enviou, 28.07.2004
[assembleia] Os teclados espanhóis e o til

 

Para colocar um til de nassalidade sobre um o ou sobre um a num teclado
espanhol faz-se assim:

Tecla Alt Gr
Tecla 4
Tecla o
Resultado õ

Tecla Alt Gr
Tecla 4
Tecla a
Resultado ã

Tecla Alt Gr
Tecla 4
Tecla O
Resultado Õ

Tecla Alt Gr
Tecla 4
Tecla A
Resultado Ã

Se no vosso teclado nom aparece a tecla Alt Gr, nesse caso teredes que
pressionar simultaneamente as teclas Ctrl e Alt.
Espero ter sido de algumha ajuda. Tino Pinheiro

 

Ângelo Cristóvão, Galiza, enviou em 22.07.04
Associações galegas defendem direitos linguísticos

 

ENTIDADES CULTURAIS DEFENDEM QUE A REFORMA DO ESTATUTO DE AUTONOMIA DA GALIZA GARANTA DIREITOS LINGUÍSTICOS

COMPOSTELA
As entidades culturais Associação de Amizade Galiza-Portugal (AAG-P),
Associaçom Galega da Língua (AGAL) e Movimento Defesa da Língua (MDL),
perante a possibilidade histórica da mudança do Estatuto de Autonomia,
apresentam à sociedade galega a seguinte proposta de reforma nos artigos
referentes à língua.

O objectivo é conseguir o reconhecimento pleno da sua oficialidade e a
defesa dos direitos linguísticos dos utentes. A proposta pretende também
devolver a língua e cultura da Galiza ao âmbito lusófono, a que pertence.
As entidades promotoras iniciam a campanha de recolhida de assinaturas e
apoios durante os actos do Dia da Pátria Galega (25 de Julho). O texto
completo está disponível na web onde também se
poderá assinar electronicamente. A proposta estará publicada também nas
páginas web das entidades promotoras. A campanha terá continuidade nos
próximos meses.

 

PROPOSTA DE REFORMA DO ESTATUTO DE AUTONOMIA DA GALIZA ARTIGO 5.
1. O galego ou português é a língua oficial da Galiza.
2. O espanhol é também oficial na Galiza. Todos têm o direito de conhecer e
usar ambas as línguas.
3. Os poderes públicos da Galiza garantirão o uso normal e oficial da língua
da Galiza, potenciarão o seu uso em todos os níveis institucionais,
culturais e informativos, e disponibilizarão os meios necessários para
facilitar o seu conhecimento.
4. Os poderes públicos promoverão a difusão exterior da língua da Galiza, o
seu ensino nas comunidades linguísticas galegas lindantes com o território
da Comunidade Autónoma, e nas comunidades de emigrantes galegos em qualquer
parte do Mundo, através de um Instituto de Difusão Exterior, fomentando a
sua valorização permanente em colaborarão nos organismos internacionais da
língua portuguesa.
5. Ninguém poderá ser discriminado em razão da língua.
ARTIGO 25.
Na resolução dos concursos e oposições para prover os postos de Magistrados,
Juizes, Secretários Judiciais, Fiscais e todos os funcionários ao serviço da
Administração de Justiça, será condição indispensável o conhecimento da
língua da Galiza, e mérito preferente a especialização no direito galego.
ARTIGO 26.
1. Os Notários e os Registadores da Propriedade e Mercantis serão nomeados
pela Comunidade Autónoma, de conformidade com as leis do Estado. Nestes
concursos e oposições será condição indispensável o conhecimento da língua
da Galiza e, mérito preferente, a especialização no direito galego. Não se
poderão estabelecer, em caso algum, excepções de natureza ou de vizinhança.
TÍTULO II. DAS COMPETÊNCIAS DA GALIZA
CAPÍTULO I. DAS COMPETÊNCIAS EM GERAL
ARTIGO 27.

20. A promoção e o ensino da Língua da Galiza.
ARTIGO 34.
1.Corresponde-lhe à Comunidade Autónoma o desenvolvimento legislativo do
regime de Radiodifusão e Radiotelevisão.
4. A Comunidade Autónoma poderá criar, manter e regular os convénios e
acordos necessários com outros estados para a recepção pública e geral de
Radiodifusão e Televisão doutras estações que utilizarem a língua da Galiza.

 

Divulgado no

Luísa Pinto no Jornal PÚBLICO

Um novo Estatuto e o reconhecimento da dívida histórica que o governo
Espanhol tem para com a região da Galiza. Os dirigentes do Bloco
Nacionalista Galego (BNG) já se reorganizaram e reconciliaram depois
das divergências manifestadas na ressaca eleitoral em que perderam
assento no Parlamento Europeu, e ontem mostraram-se nas ruas de
Santiago de Compostela, em mais uma manifestação do "Dia da Pátria
Galega", para exigir a revisão do actual Estatuto Autonómico que
permita à Galiza ser "uma nação de pleno direito num estado espanhol
plurinacional".

Os nacionalistas entendem que o Estatuto Autonómico da Galiza está ultrapassado, porque assenta num texto escrito há 23 anos e que já
não tem em conta que "a sociedade galega é outra, e as suas
necessidades também". Para que "na era da globalização, a Galiza seja
ela mesma, com a sua língua e a sua cultura" exigem a possibilidade
de os galegos poderem fazer, tal como já iniciaram "as outras nações
do estado, como Euskadi e Catalunha", um processo de reforma
estatutária que possa dar mais autonomia à região. "Somos um povo
maduro e queremos escolher o nosso caminho".
Se estas eram as explicações dadas nos folhetos entregues a quem
assistia à manifestação, os gritos dos participantes eram bem mais
explícitos: "Que queiran, que non, Galiza é unha Nazón". Os
activistas do BNG, bem como os ruidosos militantes da "Nova Galiza",
a juventude partidária do bloco, desdobraram-se em palavras de ordem
enquanto percorriam as ruas de Santiago de Compostela, durante quase
uma hora, enchendo-as ora de sons arrancados às gaitas de foles, ora
às batucadas que fazem lembrar uma bateria de samba do carnaval
brasileiro. Foi com muito ritmo e maior festa, que foram desembocar
depois, na praza da Quintana, o mítico local onde está a Porta
sagrada que conduz ao túmulo do apóstolo Santiago.
Nessa praça deu-se também o já tradicional comício dos nacionalistas,
e foi aí onde horas antes se haviam juntado milhares de peregrinos de
todo o mundo, que os dirigentes do BNG foram avisando que os
conflitos internos que viveram estavam ultrapassados, e que
os "agoireiros" e os que "preferem ver a Galiza degradada à categoria
de região" devem perder a ilusão porque sentem que chegaram a "um
ponto sem retorno". Descontentes com Fraga Iribarne, eleito
sucessivamente pelo Partido Popular desde que am democracia regressou
a Espanha, os nacionalistas insistem que os galegos "têm direito a
expressar o seu voto" e o seu grito de "nunca mais", o mote que ficou
célebre desde a tragédia trazida pelo petroleiro Prestige e que ainda
não ultrapassaram, muito menos esqueceram. "Nunca mais à mentira.
Nunca mais à incompetência", discursou um orador.

O presidente da Junta Autónoma da Galiza, Fraga Iribarne, acabou por
ser o político mais visado em todos os discursos, em que foi acusado
de "não saber dirigir a região" e de ter mantido durante oito anos
uma "cumplicidade com o Governo de Aznar" que prejudicou a Galiza com
o seu "silêncio e submissão". Por isso, desafiaram os nacionalistas
galegos, Fraga não só deve pedir perdão ao seu povo, como se deve
apresentar de novo às urnas [uma hipótese que o próprio ainda não
desvendou], "porque merece perder".
Neste dia da Pátria Galega, que todos os anos reune milhares de
nacionalistas nas ruas de Santiago de Compostela, não se ouviram este
ano as habituais sensibilidades galegas que defendem a união política
da Galiza com Portugal. Em anos anteriores era frequente encontrar
bandeiras nacionais misturadas com as da Galiza e, entre as palavras
de ordem, constava a máxima "Galiza e Portugal, unidade nacional".

 

 

 

António Gil , Galiza, 16.07.04
Com que comunidade galega dialogar?

 

Em comunidade _lusófona "Professor Paulo" escreveu: «Acho que, em
primeiro lugar, devemos saber o que a comunidade galega quer que se
faça por eles. E aí, sim, devemos apoiá-los em tudo o que podermos.»
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COMUNIDADE.- Permito-me comentar brevemente esta "proposta":
1.- Se mesmo de cada "Comunidade" estatal constituída é difícil dizer -
lhe "comunidade", da "Comunidade galega" é muito mais difícil.
2.- Com efeito, a "Comunidade Autónoma de Galicia" (seja nomeada pelo
título oficial castelhano) é apenas parte da Galiza espanhola, que se
acha repartida (ainda hoje) em três "comunidades autónomas": a
citada "de Galicia" e as bandas ocidentais do "Principado de
Asturias" e da "Comunidad Autónoma de Castilla y León". Contudo, só
na "Comunidad Autónoma de Galicia" é reconhecido o "galego"
como "lengua también oficial", junto da castelhana.
3.- Oficialmente as instituições espanholas ordenam ensinar que
o "galego" (o "idioma gallego" por elas formalizado à imagem e
semelhança da língua castelhana) é língua diferente da portuguesa,
que na "Comunidad Autónoma de Galicia" é definida e tratada
como "lengua extranjera", "ajena al gallego". Como acima disse,
no "Principado de Asturias" ou "Comunidad Autónoma de Asturias" e
na "Comunidad Autónoma de Castilla y León" o "galego" oficialmente
não existe, não se ensina no currículo escolar espanhol aplicado a
essas "Comunidades Autónomas"; nem sequer esse "galego"
castelhanizado que se ensina na "Comunidad Autónoma de Galicia".
4.- Porém, existe entre a gente a consciência, vaga, de o "galego"
ser língua muito semelhante da portuguesa, até ao ponto de admitir-se
a intercompreensão entre utentes orais (ou falantes) de ambas as
línguas (segundo é obrigadamente ensinado no currículo escolar
espanhol) ou entre as duas varieades da mesma língua, como dizemos os
alcunhados (cá) de "lusistas".
5.- É por isso que remeter à "comunidade galega", como se na
realidade fosse una, a decisão sobre o que deve fazer com a sua
língua, quando de facto (et de iure, imposto, espanhol) não se lhe
permite optar livremente, é arriscado demais e, em qualquer hipótese,
errado.
6.- Na Galiza (repartida nessas três comunidades aut+onomas) há
várias comunidades "galegas":
a) Uma, definidamente castelhana ou hispanófona que mal suporta as
outras duas (pelo menos outras duas).
b) Outra, a que sustém que o "galego" é "língua de seu", diferente e
diversa do português. Mesmo no seio desta comunidade poderíamos
distinguir várias "sub-comunidades" encontradas ou não concordantes
de todo.
c) Uma terceira, que considero a primeira, que estima ser parte da
Lusofonia, quer dizer, que tem o português como língua nacional da
Galiza, embora com caraterísticas de pronúncia próprias ou
diferenciadas. Também nesta comunidade poderíamos distinguir
outras "sub-comunidades".
7. Então, eu pergunto:
a) Com que comunidade cumpre os lusófonos colaborarem?
b) Que lusófonos, as pessoas físicas ou também e sobretudo as
jurídicas (instituições dos estados de língua oficial portuguesa)?
Fico aqui.  Saúde e Liberdade: AGH/

 

AGH,da Galiza, em 17.07.04 Galiza e as três (suas) "comunidades"

 

Em comunidade_lusofona "Professor Paulo" escreveu:

 

1.- «Obrigado por este ilucidamento, contudo não explicou o que têm
em comum estas três comunidades. Era esse o ponto a que eu me
referia... a população galega, ou comunidade galega, ou mesmo nação
galega está dividida pelos tempos que o estado soberano castelhano
dividiu por interesses que agora não quero realçar.»


COMENTÁRIO- Acho que o único que (mais cada vez) os une é o "corpinho" (que se diz por aqui) ou "corpete" estatal. É o Estado- Reino da Espanha
que, antes centralizando e hoje "autonomizando" (repartindo
em "Comunidades Autónomas" ou regiões "autónomas"), conforma a
unidade nacional espanhola, também entre os integrantes dessas três
comunidades "linguísticas" de galegos. Todos eles têm bilhete de
identidade espanhol; todos eles têm acesso à cultura espanhola em
castelhano; todos eles podem ver filmes dobrados em castelhano e TVs
que se exprimem em castelhano, etc., etc.
Enquanto as comunidades "galegófona", em maior grau, e lusófona,
muito escassamente, podem desenvolver-se com muita dificuldade na sua
língua.
Há ainda outro pormenor, acho, que poderis jogar em prol da Lusofonia
galega: Ainda seria possível o encontro da "galegofonia" na
Lusofonia, se as autoridades espanholas o permitissem e não
perseguissem os lusófonos. Não peço que Espanha promova a Lusofonia
no seu território, mas apenas que a permita democraticamente.
====
2.- «Sinto que se não nos vinculássemos ao sentido estatal da língua
e nos apegássemos mais ao sentimento cultural que nos une, talvez
conseguíssemos ter crédito e acreditação dentro dessas
diferentes "comunidades" e fariamos sentido neles em se unirem por
algo nos dá força e não por um nome a que os tempos criaram medo pela
diferença e perda de identidade regional.»
COMENTÁRIO- Acho que assim pode ser, porque, antes da guerra civil
espanhola (1936-39) e mesmo depois, houve colaboração entre
inteletuais duma e doutra parte da "raia": O semanário 'A nosa
Terra', órgão das Irmandades da Fala, publicou muitos artigos e
colaborações de galegos e de portugueses sobre a necessária união
cultural (e por vezes política) da Galiza e Portugal. Depois da
guerra, em pleno franquismo, a revista '4 ventos' e coleção de textos
com esse nome também uniu galegos e portugueses, sobretudo da zona de
Braga. Já chegada a democracia (à espanhola...), continuaram os
contatos, mas acho que menos continuados e extensos que na
anteguerra. Saliento o nome do Dr. Fontenla, que conseguiu que a
Galiza, a meio de ONGes, estivesse presente nos Acordos do Rio e de
Lisboa. Saúde e Liberdade: AGH/

 

Alexandre Banhos, no , escreveu em 29.05.04
JOSÉ AUGUSTO SEABRA


Notícia publicada na web www.lusografia.org
"JOSÉ AUGUSTO SEABRA Morreu em Gaia a 27 de Maio de 2004. Poeta, ensaísta, crítico, professor universitário e diplomata português, membro das
Irmandades da Fala da Galiza e Portugal, da Comissão Galega do Acordo Ortográfico e do conselho consultivo da revista da lusofonia NÓS.
Catedrático da Universidade do Porto, com a orientação de Roland Barthes
defendeu a sua tese de doutoramento na Sorbonne (1971) sobre Fernando
Pessoa, cujos restos transladou para o Mosteiro dos Jerónimos aquando Ministro da Educação. Seguidor de Roland Barthes, seu mestre, tinha formado muitos professores em estudos pessoanos e barthesianos. Foi fundador do Centro de Estudos Pessoanos e do Centro de Estudos Semióticos e Literários, sendo Director da Revista "Nova Renascença". Não há muito tempo deu aulas a alunos de Português na Universidade de Santiago.
Opositor ao regime de Salazar, foi preso e condenado por motivos
políticos, tendo de exilar-se em Paris e só regressando a Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da
República, foi Ministro da Educação do IX Governo Constitucional
(1983-1984). Foi embaixador de Portugal junto da UNESCO e também em Nova Delhi, Bucareste e Buenos Aires.
Republicano ligado ao Círculo Sampaio Bruno, coincindia com os desejos de
moralização dos Círculos Republicanos Lusófonos que preside o Dr. J. L.
Fontenla. Os galegos não esquecerão este defensor da lusofonia da
Galiza em todos os quadrantes do mundo que andou. Fundador do Centro de Estudos Republicanos, foi co-autor do Manifesto Cívico pela Moralização da
República, texto apresentado oficialmente no Ateneu Comercial do Porto no
dia 31 de Janeiro de 2003, e no dia 21 de Março no Café Teatro em Viana do
Castelo.
A lusofonia está de luto com a sua falta -manifestou o presidente das
Irmandades da Fala e Director da revista NÓS Dr.José Luís Fontenla- quem
acrescentou que Seabra sempre defendeu a lusofonia da Galiza e a aproximação luso-galaica, mandando dedicar a revista NOVA
RENASCENÇA núm. 72/73 de 1999 em "Homenagem à Galiza", o que coordenou o prof. Luis Soto da Univ. de Santiago. O volume foi
apresentado em 19 de Novembro de 2003 na Livraria Sargadelos de
Santiago de Compostela, junto com o volume dedicado a Teixeira de Pascoaes (núm.64-66 Inverno/Verão de 1997)".
E eu, Ângelo Cristóvão, acrescento:
Pela sua dedicação e apoio permanente à causa do português da Galiza,
que é a da dignidade dos galegos, merece estar entre os BONS e GENEROSOS, como está Rodrigues Lapa, Herculado de Carvalho, Celso
Cunha, Lindley Cintra, etc.
Descanse em paz.

Fonte: br.groups.yahoo.com/group/dialogos_lusofonos/

 

Joaquim Pinto da Silva, em , escreveu,31.05.04

José Augusto Seabra

Em relação ao José Augusto Seabra, desafio os meus companheiros da
lista a ler o pouco ... e mau que se escreveu sobre este homem.
Comparem com um qualquer "fadista" ou "politiquinho" e vejam a abissal
diferença.
Companheiros, a coisa é grave!
Há que fazer compreender aos galegos a norte do Minho que a luta
contra o imperialismo castelhano traduz-se ao atravessar de Tui para
Valença, na luta contra um centralismo, a arrogância e a ignorância
chocante de algumas famílias poderosas (das 1000 do Salazar passaram a
100 mil da democracia), de muitos políticos e da maior parte da classe
média portuguesa.
A Galiza terá de vir a ser o ponto de divisão entre as forças do
progresso e as do situacionismo em Portugal.
Que me importa que por cima ou por debaixo da lapela se tenha esse
título honorífico de "ser de esquerda". No que dá isso é no discurso
castelhano de Saramago em Santiago. Perguntem a Carvalhas (do PCP), a
Ferro (do PS) a Louçã (do BE) o que se passa na Galiza. Falarão quando
muito no Prestige, virão com o Aznar (que ja não lá está) e terminarão
dizendo que "essa coisa" dos nacionalismos, dos galeguismos incluso,
são coisa miúda, mas que é muito, mas muito simpático, que os galegos
"falem" português.
Lanço a lança para quem alcança.  Voltarei ao tema.  Joaquim

Fonte: br.groups.yahoo.com/group/comunidade_lusofona/



copie quem