Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


31-03-2023

Prosas e Opinião: Não existe mais lugar seguro por Clarisse da Costa,Biguaçu-Santa Catarina,poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu


Opinião: Não existe mais lugar seguro

 

Até que ponto podemos dizer que uma pessoa jovem é vítima da sociedade? Um adolescente entra com uma faca na escola em que estuda e comete crime. A justificativa do adolescente é o bullying. Algo recorrente nas escolas? Sim. O que não justifica o seu ato criminoso.

A verdade deve ser dita, ações violentas fazem parte da personalidade de algumas pessoas. Essa personalidade criminosa às vezes é perceptível através de pequenos detalhes que muitas vezes surgem já na infância. Claro que algumas vezes isso é imperceptível, por isso que os pais devem estar atentos a tudo que seus filhos fazem.

Essa ideia de "lar seguro" é uma falsa realidade sobre a vida. Não estamos seguros em lugar algum. Não pense você que crianças e adolescentes diante de uma tela de celular ou computador estão seguros, pelo simples fato de estarem dentro de suas casas. A violência também é de fora pra dentro, a criminalidade está na Internet. Não adianta você que é pai ou mãe pôr toda criação de seus filhos nas mãos de escolas e aparelhos eletrônicos. Ou você mesmo põe limites ou a vida fará isso e talvez dê forma cruel.

Outro ponto que se deve salientar é o seguinte: - Como um jovem entra dentro de uma escola armado com uma faca? Lembro do meu tempo escolar, era completamente diferente. No colégio não se entrava sem a carteira de estudante e muito menos no horário fora do seu turno escolar. Tinha um guarda na portaria com a lista de todos os alunos, quem chegasse atrasado só podia entrar com a permissão da diretora e ainda tinha o sistema de alarmes e câmeras. Hoje não é mais assim, as escolas perderam o controle sobre seus alunos. Infelizmente ir para escola também tem seus riscos.

Clarisse da Costa é poetisa, contista, cronista e designer gráfico em Biguaçu, Santa Catarina.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

 

 

 

Minha querida Agnes

 

‘’Nem todos os cavalos da rainha

Nem todos os homens do rei

Podem nos reunir de novo’’

 

Valentina caminhava lentamente na semiescuridão, carregava a pequena Agnes, no colo com terno carinho. Àquela hora noturna, a idosa e babá de profissão, sentiu todas as dores, que por décadas sentia, de forma absoluta, dentro do seu frágil ser. Ela sentiu, também, toda a enormidade do peso da idade, a lhe cair nas costas, que chegou sem aviso afinal de contas, como uma torrente. Agnes nunca fora pesada de carregar, aliás nenhuma das crianças fora, pelo menos das que Valentina cuidava, pois carregar a inocência delas era como carregar leves plumas. Cuidar de crianças, bem pequenas, foi a forma que Valentina encontrou, para aliviar as muitas pesadas culpas que ela carregava dentro de si. Valentina caminhava como se estivesse a caminho de um batalhão de fuzilamento, naquela hora extrema, pois ela sentia no íntimo a escuridão chegando.

— Tina, aquele homem bonzinho de roupa engraçada, vai mesmo me trazer muitos presentes pra mim? Como ele prometeu! — Falou a pequena Agnes com a típica voz de criança.

— Isto é com a tua mãe, meu anjo bom, só ela pode te responder! — Respondeu Valentina.

— Tina tu vai ler aquele livro pra mim, mais uma vez? Tu vai Tina? Tu vai? — Perguntou Agnes com entusiasmo que somente uma criança pode ter.

— Qual livro meu anjo? — Valentina fez a pergunta, já sabendo qual era a resposta.

— Os filhos do sol, livro supimpa Tina! — Respondeu a menina.

— Muito adulto, minha menina, a tua mãe não gosta, que eu leia este livro para a senhorita, que a senhorita escute tais desatinos literários. — Disse Valentina, com todo os cansaços que lhe cabia.

Valentina chegou por fim, no quarto de dormir, da menina Agnes, as portas se abriram automaticamente. A senhora idosa, de longos cabelos grisalhos, mesmo na semiescuridão, se deslumbrou com o que viu, toda a magnificência dos aposentos da menina pequena, como se fosse a primeira vez que adentrava naquele sítio.

Naquela noite fria de outono, o quarto enorme da pequena Agnes, tinha o olor de rosas frescas colhidas no arrebol. Valentina esperava que as luzes acendessem automaticamente, assim que ela colocasse os pés no quarto de dormir da menina. Não acenderam, somente as luzes de segurança se fizeram presente. Valentina levou a criança até a cama, colocou a Agnes letárgica na cama e a cobriu, ela ergueu a cabeça e sorriu para Valentina antes de cair completamente no sono.

Valentina, foi até a pequena biblioteca, da menina e pegou o livro Os Filhos do Sol, de capa dura, de couro cru, desgastada pela ação prolongada do tempo, com páginas brancas e incrivelmente novas. Sem constar a editora, sem o nome do autor, nacionalidade e escrito em português europeu, que misturava arcaísmos medievais, com modernismos brasileiros. Um livro antigo, que Valentina nem sabia como foi parar na biblioteca da menina Agnes, pois era a própria, babá da menina, que era encarregada das compras dos livros para Agnes. Os títulos dos livros geralmente passavam pelo crivo da mãe da menina. Valentina perguntou para a mãe de Agnes, sobre o livro, e ela respondeu de forma vaga: — São desígnios dos deuses e das deusas, minha querida Valentina! Se quiseres ler, para a pequena, leia ora essa. E não me aborreça mais com essas miudezas! — Valentina coloca o livro de volta na estante, dá uns poucos passos e vai até a janela, ela viu as luzes vermelhas lá embaixo e muita movimentação de ambulâncias e viaturas das forças de segurança, bombeiros militares, policiais civis e militares andavam de um lugar para outro. Populares e jornalistas, ao redor da cena sendo contidos pelas forças de segurança.

— Deus do céu! É sempre assim, quando ela volta para casa e resolve dar essas festas dos infernos! Deus, será?

— Falando sozinha, Valentina? — Disse uma voz distante na mente de Valentina.

A velha senhora fechou os olhos e sorriu, a quanto tempo não ouvia aquela voz doce, limpa e cheia de mistérios?

— O livro é presente, afinal de contas? Claro que é, de quem mais poderia ser?

Valentina continuava a olhar para baixo, não tinha coragem de encará-la. Mas tinha o cheiro forte de rosas frescas, o livro e o quarto à meia luz. Valentina viu ali um cenário bem montado esperando o momento certo para agir.

— Quase isso meu anjo! — Disse mais uma vez a voz ao longe.

— Kriseide eu não tive culpa alguma do que aconteceu naquele dia! — Se justificou Valentina.

— Sabe qual é o problema de vocês? — Perguntou Kriseide e ela respondeu enfática — Vocês são incapazes de viver, com as suas próprias fraquezas e angústias! São incapazes de viverem consigo mesmos e com os seus erros! Os mais simples que sejam!

Valentina fechou os olhos, mil vozes gritavam na mente da velha senhora, ela sentiu uma chuva de vidro dilacerar seu corpo por inteiro, brutal e rápida seu corpo ardia em chamas para depois ser projetado para trás. Ela deitada no chão, respirando sofregamente sentiu várias micros-agulhas lhe triturar a carne a indo parar nos ossos. Para depois acordar sentada na poltrona de leitura, sem um arranhão sequer com o livro Os filhos do sol. Valentina estava com o livro nas mãos, ela olhou para a menina no berço. E logo imaginou que era somente o começo de um pesadelo sem fim não só para ela.

Fragmento do livro: Em dias de sol e calor, em noite de tempestades e frio, Texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, novelista e bibliotecária de Balneário Camboriú, Santa Catarina.

 

 

Julieta, narcisista?

 

Resolvemos fazer uma festa de última hora, pois Jane se encontrava desmaiada, no chão, há horas. Festas com os amigos mais próximos somente. Na piscina, havia umas dez pessoas bêbadas comemorando o aniversário de Jane, que ainda se encontrava desmaiada no chão. Resolvi ir embora, o clima estava ficando pesado demais. Foi quando apareceu Raul, o pai de Jane, seu semblante estava literalmente abatido. Afoito ao ver Jane no chão, pegou a filha, levou-a para o quarto. Ao descer as escadas Raul estava zangado.

— Vândalos, era para comemorar o aniversário de Jane. — Gritou Raul,  

 Todos fingiram não o ouvir.

            — Que absurdo! — Esbravejou Raul o dono da casa.

             O meu nome é Julieta, sou amiga íntima de Jane há anos, sabe que estava enjoada de tudo aquilo. Jane, ingênua, queria ser a garota mais popular do pedaço. Como era tola, a minha amiga e como todos se aproveitavam dela. Embriagavam-na, e sei lá mais o que, arrastava a minha amiga para festas alucinadas. Naquele exato momento, Raul estava intacto, sem saber o que fazer. Um homem divorciado, não havia ninguém para lhe aconselhar.

Subi as escadas, fui até o quarto da minha amiga, a vi deitada na cama, fui até ela em desespero e tentei acordar Jane, que ainda estava desmaiada. Por fim ela acordou, estava pálida e ainda embriagada. Raul apareceu na porta, estava nervoso, adentrou no quarto e me abraçou e me agradeceu. Fiquei arrepiada e excitada. Que homem meu Deus, ele com os seus cinquenta anos de idade, não muito mais velho que o meu pai. Senti-me tola, em pensar que um homem como ele, iria querer alguma coisa comigo, foi apenas um abraço.  E que abraço! O nosso desenlace foi abrupto e difícil para mim.

— Até mais Raul, logo Jane ficará bem! — Disse para o pai da minha amiga.

— Obrigada, Julieta, volte quando quiser! — Falou Raul com rouquidão na voz.  

Desci as escadas e nem me importei com os poucos seres humanos que ainda estavam na casa.

Bom! E tenho que arrumar, uma desculpa qualquer para voltar. Preciso vê-la novamente, quem sabe, eu possa dar alguns bons conselhos amigáveis, para aquela família.

Uns dias depois fui até a casa da Jane, apertei a campainha, uma mulher me atendeu. Logo chegou Raul!

— Julieta, está bela mulher, é a mãe de Jane! — Falou Raul com terno carinho.

— Prazer, sou amiga de sua filha! — Falei enciumada e irada, eu precisava tirar aquela infeliz do meu caminho, logo pensei, pois eu desejava Raul, eu o queria, como meu homem.

Lembrei-me então que, Jane tomava soníferos, então, pensei em algo. Oferecer uma taça champanhe, para a ex-mulher de Raul, com algumas gotas de sonífero. Depois é esperar que a jovem senhora, dormir como um anjo. Enquanto, eu e Raul, ficaríamos a sós.

Continuar...

Texto de Fabiane Braga Lima, poetisa, contista e novelista em Rio Claro, São Paulo.

Contato: debragafabiane1@gmail.com

 

 

 

Dos ridículos da vida

 

            Instado, por uma amiga poetisa a falar da minha hora mais negra, do meu decorrer, do meu mergulho no negro abismo. Por que ela quis saber disso eu não sei dizer. Eu disse, que eu era o membro efetivo do aparato de repressivo do estado, eu tinha e tenho muito o que contar. Nestes e nesses anos todos, vivendo uniformizado, estacionado nas portas dos vários aparatos estatais, eu tenho um momento exato, congelado na minha débil mente.

            Eu o paramilitar, eu o marxista materialista gramsciano, eu o poeta, contista e novelista, que flano entre o neo-surrealismo e o neo-simbolismo. Eu com livros lançados, com textos publicados em veículos de comunicação e eu quase publicitário. Eu amargava o meu exílio, imposto pela luta de classes, em um lugar ermo, sem vizinhança, em uma repartição pública colegiada. Eu na minha hora mais negra, com vários problemas pessoais e familiares, o eu devidamente uniformizado. O eu pleno nas minhas convicções, ao estilo de um militante comunista leninista legítimo e convicto aparelhava um computador na recepção da repartição pública, logo pela manhã de outono feliz. Eu estava compondo o meu livro de versos: Poesia na árvore, e lá estava ela, na minha frente, a jovem e bela funcionária pública recém empossada. Ela tinha acabado de terminar o plantão noturno, embora não tivesse aparência soturna, de quem passou a noite acordada, ela se aproximou da minha pessoa decrépita. Eu com as minhas negras mãos, postadas no teclado, de um ultrapassado microcomputador, a dita cuja ergueu e chacoalhou, plena de si um molho de chaves, e repito aqui textualmente o que ela disse:  ?  Estás são as chaves da repartição pública! O senhor está me entendendo?  ?  E chacoalhou as chaves na minha cara novamente, e só pude dizer que sim, pois estava atônito com o tom pueril da voz dela. E ela continuou dizendo, como quem fala com uma criança pequena ou ser adulto com poucas compreensões da realidade:  ?  Estás chaves que são da repartição pública, o senhor me faça o favor de repassar para a outra agente, estas chaves que são da repartição pública. O senhor está me entendendo bem?  ? Eu disse que sim, pois a dita cuja era minha superiora hierárquica, e peguei o molho de chaves, como se eu fosse tragado para dentro de um sonho kafkiano.

            Vi a minha colega de repartição pública, a minha superiora hierárquica, trespassar as portas dos fundos da repartição pública, a vi ser tragada pela luz do dia. E hoje, não sei quais os motivos, de ser tratado como uma criança pequena, ou um adulto débil, por alguém, que tem, quase a metade da minha idade.

       E de volta ao início deste texto, no suprassumo do elemento remissivo, eu e a minha amiga poetisa, que estávamos no nosso Páramo, mais que tranquilo, depois que eu relatar esta opereta bufa e sem graça. Então Clarisse Cristal me alertou para o poema A arte de perder da poetisa Elizabeth Bishop, a poetisa favorita dela, alias. Mas não, eu não tinha perdido as chaves de mamãe e nem perdido casas e continentes.

       Mas voltando para a minha hora negra, o meu mergulho abissal no álgido abismo, que ainda não passou a bem da verdade, pois só vi as luzes de dias felizes, somente em pequenos lampejos. Pergunto-me por onde e aonde anda a minha ex-colega de trabalho? A minha superiora hierárquica, será que ela pensa ainda que eu não sei o que é uma chave?

Fragmento do livro: Em dias de sol e calor, em noite de tempestades e frio. Texto de Samuel Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

 

 

Clarisse Cristal e o amanhecer de um novo dia

 

Olho para trás

Preciso ver o que perdi

Tentar sentir novamente

O que já não existe mais

O que ficou para trás

***

Mas creio que não sobrou muita coisa

Do nosso sacrossanto amor

Minha divina Luna

Não sobrou muita coisa

Para nós dois, meu negro anjo

 

Clarisse Cristal, viu o alvor da luz de um novo dia, um despontar lento no horizonte infinito, um nascer do dia como jamais sentira na jovem vida. Ela olhou maravilhada para o oceano Atlântico, para o astro rei soberano, como só ele sabe ser, impondo a forte luz laranja, em meio às nuvens cinzas e as águas verde mar. Sim, aquele era um novo dia de fato, o primeiro de muitos que sucederam dali para frente, foi uma promessa que ela fez para si naquele exato momento.

A bibliotecária, parada e de pé, na sacada do requintado apartamento, de cobertura, do emérito professor luso-africano Adérito Muteia. Ela estava extasiada e contemplando o esplendor do amanhecer de um novo dia no novo mundo. Ela completamente nua, o perfeito corpo negro, mais parecia uma escultura vivida de ébano, que se confundia e se completava harmoniosamente com, a decoração estilo neoclássica da casa do misterioso luso-africano.

E em um olhar mais apurado, contudo parecia que era peça que faltava, para quebrar o rigor estético e simétrico neoclássico do lugar. Clarisse Cristal escutou o forte ronronar do dono da casa, não muito distante dela. Ele que estava também nu e deitado na enorme e confortável cama de casal vitoriana, ladeado com as imponentes cabeceiras douradas, dois abajures um ligado e outro apagado e capitonê! O ronronar que evolui para balbucios em um dialeto africano de forma brusca. Ela não gostou, nem um pouco, de vê-lo tão angustiado assim, era um pesadelo, ela intuiu o óbvio naquela hora onde os sentimentos bons e ruins se misturavam para o além do imaginável. Pois ele era um fruto proibido, que ela acabara de provar e as consequências não tardariam a chegar, tão certo quanto o nascer do sol que ela contemplava naquele momento. E as evidências estavam espalhadas por todo o amplo apartamento ricamente decorado e em especial em uma pintura de um retrato de tamanho natural. Uma reprodução mais que perfeita da fotografia, que ela vira a poucas horas passadas na sacada do Café Ivory Tower. Clarisse, reconheceu o trabalho, e não tinha como não reconhecer, era uma obra de um jovem artista negro que fora estudar belas artes na Alemanha, há tempos atrás, era um conhecido discípulo de Adérito Muteia. O quadro, um produto do movimento do romantismo, que detinha um ar mais aristocrático do que a fotografia, o precioso quadro estava postado no hall de entrada do apartamento. E era um poderoso recado, para quem por ali chegasse pela primeira vez, de quem mandava ali. A dona da casa era Agnela e aquele homem é só seu. A casa era dela e as marcas estavam em toda parte, das peças caras, raras e artesanalmente produzidas do mobiliário, planejado que por fim se misturavam harmonicamente, com as pequenas peças de decoração baratas compradas nas lojinhas ali na esquina. Eram artigos da cultura afro-brasileira e indígena, frutos da produção em massa, Clarisse calculou que era para quebrar o rigor neoclássico e aplacar o gosto do homem da casa. Nada de excessos, nada de exageros, nada em demasia, ali reinava a harmonia, a perfeição, a simplicidade e o bom gosto estavam em toda parte para onde se olhava e por fim o equilíbrio entre o caro e o barato, o artesanal e o fabricado em massa. Clarisse viu a mão leve e talentosa de Agnela, em tudo e uma leve supervisão de Adérito. Também em pequenos detalhes, nas cores principalmente vivas e fortes que remetiam à África, aos povos das florestas e nos livros à mostra.

Clarisse respirou fundo, esticou a braço esquerdo, foi até a sua bolsa tiracolo bege para notebook, que estava posta em uma cômoda. Ela nem se importou em checar o celular e o tablete as inúmeras mensagens em vários aplicativos e chamadas perdidas, na verdade nem cogitou a possibilidade. Ela divagou um pouco sobre o clube virtual formado só de mulheres e para mulheres, o grupo sutiã vermelho e das longas trocas de mensagens proibidas para homens. Eram tolas reminiscências da outra vida, onde tudo era superficial, fluido e urgente, nada era nada e tudo era tudo. A jovem mulher tirou da bolsa um notebook e foi ocupar uma cômoda não muito longe dali. Sim, ela ocuparia a mesa de trabalho do enigmático literato luso-africano Adérito Muteia, por um breve momento. Era um sonho muito distante, se revelou uma perigosa realidade, com infinitas possibilidades e nenhuma delas era boa de fato fosse para quem fosse.

Fragmento do livro: Em dias de sol e calor, em noite de tempestades e frio. Texto de Samuel da Costa contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina.

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br