07-02-2023Florbela Espanca (1894-1930),poetisa portuguesa - Gíria popular do nadaGíria popular do nada
(…) E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar... Florbela Espanca (1894-1930)
Na sequência da nossa pesquisa em cerca de duas dezenas de fontes bibliográficas distintas, sete delas citadas na bibliografia, reunimos a presente colectânea de “dizeres” sobre o “nada”, o que é revelador da criatividade da gíria popular:
- Antes de mais nada = Em primeiro lugar [5] - Daqui a nada = Daqui a brevíssimo tempo [1] - Dar em nada = Não ter grandes resultados [2] - Dar em nada = Referência a empreendimento que fracassa [5] - De nada = Insignificante [2] - De nada = Não tem de quê [5] - Deixar um bocado a nada (Minho) = Deixar uma área de terreno sem cultivo, para recreio do gado, que aí se alimenta de vegetação selvagem [7] - Há nada = Há momentos atrás [5] - Nada = Não [1] - Nada = Pouca quantidade [2] - Nada = Pouco tempo [6] - Nada d’ iscas = Nada disso [3] - Nada de = Não é permitido [5] - Nada de costas e nada de peito = Referência a uma mulher excessivamente magra e sem seios [8] - Nada de nada = Absolutamente nada [5] - Nada de novo = Sem novidades [2] - Nada disso = De forma alguma [2] - Nada feito! = Rejeito! = Discordo! [5] - Nada mais, nada menos que = Expressão qualificativa que antecede a descrição de algo de inesperado, surpreendente ou espantoso [5] - Nada mal = Bastante bem [5] - Nada na manga = Jogo liso, sem falcatruas [3] - Nada, é peixe = Réplica zangada a quem dá como resposta a palavra “nada” [4] - Nadinha = Pouco tempo [6] - Não dar nada por alguém = Referência a quem não se atribui qualquer consideração ou valor [5] - Não dar por nada = Não se aperceber [5] - Não digo nada! = Exclamação que precede o relato de factos invulgares [5] - Não dizer nada = Não despertar qualquer interesse, recordação ou comentário [5] - Não faltava mais nada = Exclamação usada perante algo que ultrapassa os limites da paciência, da compreensão ou da resistência de uma pessoa [5] - Não ficar a dever nada a = Ser equivalente a [5] - Não ficar nada atrás de = Ser equiparável a [5] - Não olhar a nada = Não se preocupar [5] - Não pescar nada de = Não perceber de [5] - Não prestar para nada = Não ter qualquer utilidade, préstimo ou mérito [5] - Não ter nada a ver com = Ser estranho a [5] - Não ter nada de = Não ter nenhuma característica de [5] - Não ter nada de seu = Ser bastante pobre [5] - Partir do nada = Começar a vida muito pobre [5] - Pequenos nadas = Pormenores que passam despercebidos [5] - Por nada = De graça [1] - Por nada = Sem razão [1] - Por um nada = Por pequena diferença [5] - Ter em nada = Não atribuir qualquer consideração, valor ou importância [5] - Tirar alguém do nada = Ajudar uma pessoa a sair da miséria, ignorância ou obscuridade [5] - Tirar do nada = Criar [5] - Um tudo nada = Muito pouco [5] - Vir do nada = Ter origem humilde [5] - Viver do nada = Comer pouco [5]
BIBLIOGRAFIA [4] – NEVES, Orlando. Dicionário de Expressões Correntes. Editorial Notícias, Lisboa, 1998. [5] – SANTOS, António Nogueira. Novos dicionários de expressões idiomáticas. Edições João Sá da Costa. Lisboa, 1990. [6] – SOUSA. Luís de. Dizeres da Ilha da Madeira. Palavras e Locuções. Edição do autor. Funchal, 1950. [7] - TAVARES DA SILVA, D. A. Esboço Dum Vocabulário Agrícola Regional. Separata dos Anais do Instituto Superior de Agronomia, Vol. XI. Lisboa, 1942.
Publicada por Hernâni Matos à(s) 20:44
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