23-01-2023A FORJA DA GUERRA NO JOGO HIPÓCRITA DE BASTIDORESInternacionalmente a Alemanha não é livre de decidir, mas joga-se com o tempo nas costas dela Os beligerantes não querem compreender porque é que o Chanceler Scholz continua a adiar a entrega dos tanques do Leopard 2 à Ucrânia. Isto não corresponde a uma atitude de "recusa", mas sim a um maior sentido de responsabilidade por parte da Alemanha e à sua situação de autonomia condicionada depois da segunda guerra mundial. Uma decisão por si só seria irresponsável para com a Alemanha e a Europa; apenas responsabilizaria os europeus, embora os EUA sejam o principal actor e aproveitador no conflito da Ucrânia. No seu próprio interesse, os EUA não consideram útil a entrega dos seus tanques "M1 Abrams". Porque deveria fazer sentido para a Alemanha? Por outro lado, a Alemanha é obrigada nestas matérias a tomar sempre decisões após consulta das potências vitoriosas na segunda guerra mundial. Também uma Alemanha/Europa que segue a linha UE/NATO, ou seja, os EUA, continuará inibida, dado que o eixo básico da OTAN é agora Washington-Londres-Varsóvia-Kiev e que os americanos estão apostados na supremacia sobre a Eurásia à custa da Europa. A Europa é a vítima e a administração americana gostaria de ver o Chanceler alemão como o seu sumo sacerdote no altar da autoimolação. Ridicularizar uma nação como a Rússia (com tantos elos de interesse no mundo) como pobre e isolada é apenas o sonho da propaganda ocidental para manter a crença ingénua das pessoas de que a Rússia pode ser derrotada. A única forma não é através de armas, mas sim através do uso de diplomatas. A Europa ainda não parece ter compreendido que já se inicia uma nova ordem mundial com base na multipolaridade e, em vez de ser guiada por esta realidade, continua agarrada à velha ideia de domínio global pelo Ocidente. Os Estados Unidos tentaram dominar a África árabe na guerra contra o Iraque e estão agora a cometer o mesmo erro na Ucrânia num esforço para conseguir a Eurásia. (Mentiras semelhantes foram espalhadas em público nessa altura como agora). E mesmo os meios de comunicação social alemães/europeus (especialmente os noticiários televisivos) dão unanimemente a impressão de que estão a preparar imprudentemente uma catástrofe mundial. Olaf Scholz, seja forte e não se deixe intimidar por aqueles que não percebem que os sinais dos tempos anunciam a multipolaridade, que o Sul global está a amanhecer e que é perda de tempo continuar a acreditar num mundo de domínio monopolar dos EUA. O próprio ex-Presidente Trump já fez soar o toque de morte do globalismo! Colocar-se cegamente sob o manto dos EUA é perder o comboio da história e a oportunidade para se fortalecer a soberania da Alemanha e da União Europeia. A lógica seria que a Europa deveria preparar-se para assumir um lugar específico num mundo multipolar. A falta de definição de objetivos a atingir pelas partes intervenientes no conflito também dificulta o trabalho em conjunto. Deve-se voltar à situação de anterior a 24 de fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram a Ucrânia ou à situação de a 2014. A Europa deve preocupar-se em criar o seu próprio lugar pacífico num mundo multipolar. António CD Justo Pegadas do Tempo, A FORJA DA GUERRA NUM JOGO HIPÓCRITA DE BASTIDORES
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