Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


01-12-2022

1º. de Dezembro - Dia da Restauração(?) João Gomes


Cento e vinte Conjurados,

encheram-se de resiliência

saem à rua armados,

nos seus cavalos montados,

contra a tropa espanhola,

em nome da independência...

O Rei espanhol que aqui mandava,

não existia entre a nobreza,

entendimento para o poder...

Filipe de Espanha sabia,

que ao tomar o reino podia

mandar na nação portuguesa.

Sessenta anos de insensatez,

sem que o povo fosse livre,

quem queria ser português,

sentia Portugal tão preso,

como um pássaro no defeso,

sem penas e sem ter voz.

O dia chegou, o primeiro,

deste Dezembro, oh que mês,

saíram cavaleiros na frente,

seguidos por toda a gente,

que se queria libertar do jugo,

do Rei (que não era português).

Mil seiscentos e quarenta.

nunca esqueceremos esse ano...

Portugal era liberto de novo

e a alegria de todo o povo,

corria pelas ruas a cantar,

restaurando o seu país eterno.

...

Hoje Portugal voltou a optar por uma certa dependência. Dependência essa dada por acordos globais com outras nações europeias, em nome de um conceito de união, em que os mais fortes definem o caminho e os mais fracos o aceitam ou são obrigados a assumir critérios que não lhes interessam, nem económica, nem socialmente. Hoje Portugal faz parte da União Europeia, que se apresenta aliada de políticas internacionais que a estão a conduzir ao declínio económico e a trazer a vida mais difícil para os povos europeus, povos esses que foram a génese do desenvolvimento do Novo Mundo e os antigos promotores de colonialismos terminados, mas que ainda permanecem latentes e doridos em muitos outros povos africanos, latino americanos e asiáticos. Portugal, do meu ponto de vista, teria grandes hipóteses de singrar - não sozinho - pois essa foi uma opção dolorosa durante 48 anos de fascismo - mas definindo uniões e contratos internacionais onde as suas qualidades territoriais, no clima, na cultura, nas novas tecnologias energéticas, numa agricultura própria e autossuficiente, na comercialização ativa de alguns dos seus produtos únicos, etc., fossem a "marca portuguesa" para a consolidação da sua independência e poder económico. Existem outras nações da Europa que não pertencem à UE e singram independentes, fortes e saudáveis, permitindo aos seus cidadãos uma vida média melhor do que aquela que tem a média dos portugueses. Há cidadãos portugueses que vivem com enorme pobreza. Há cidadãos portugueses que esperam, há quase 50 anos, ver a democracia portuguesa ser um exemplo para as restantes democracias. Mas tudo descamba quando os dirigentes escolhidos alinham de uma forma absolutamente submissa ao dirigismo imposto por outros, que vão conduzindo a Europa, onde Portugal habita, e que produzem mais pobreza para os países ricos europeus e, obviamente, deixam Portugal ainda com maiores dificuldades do que aquelas que tem.

No dia 1º. de Dezembro comemora-se a Restauração portuguesa, mas relembra-se que Portugal só estará perfeitamente restaurado quando os seus dirigentes forem capazes de olhar Portugal como uma nação inteira e não como apenas uma nação pela metade.

João Gomes

Bom dia!

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