Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


29-10-2022

VESTIDO DE BRASIL! escrito por Airton Gontow


Tenho orgulho de ser brasileiro. Do verde da nossa bandeira. Muitas vezes viajei por aí e exibi com orgulho nossa camisa canarinho. Sim, tenho orgulho da nossa camisa verde e amarela. E também da azul.  Mas tenho ainda mais orgulho das nossas florestas. Tenho ainda mais orgulho da nossa cultura. Do nosso povo. Da nossa diversidade.  Da nossa comida. Do nosso imenso litoral. Nossas chapadas. Nosso sertão. Dos Pampas do meu Rio Grande do Sul. Minha brasilidade não é uma fantasia. Não preciso colocar uma roupa verde ou amarela, não preciso carregar uma bandeira para ser mais brasileiro. Estou sempre vestido de brasilidade até a alma! Estou vestido de Chico Buarque Brasileiro, de Carlos Drummond de Andrade, de Machado de Assis, de Veríssimo pai e Veríssimo filho. De Guimarães Rosa. De Graciliano Ramos. De Lupicínio! De Noel Rosa! De Jobim, o Tom do Brasil. Mesmo no banho, nu, estou vestido de Cartola. De Adoniran Barbosa. De Nelson Cavaquinho. De Paulinho da Viola! De Luiz Gonzaga. De Batatinha. De Simone. De Bethânia. De Gal. De Elis. Vestido, com orgulho, de Jair, mas estou falando é do Rodrigues, claro. E do Nelson que também é Rodrigues e do Nelson que é Gonçalves. De Gil. De Martinho da Villa. Sou brasileiro e Milton desde o nascimento. Vestido de Pelé, desde o nascimento! E vestido de Garrincha: quando nasci, um anjo torto, esses que vivem na sombra, disse: 'Vai, Airton, vai ser gauche na vida!'. Sim, vestido de Mané, porque desde  o primeiro momento veio esse "anjo safado, o chato dum querubim e decretou que eu tava predestinado a ser errado assim". Estou sempre vestido de Villa Lobos. De Chiquinha Gonzaga. De Benito - porque o Brasil é bonito! De Paula. De Hortência. De Maria Esther Bueno, de Eder Jofre. De Ayrton Senna. Estou vestido de Vinícius contra esses imorais, que não respeitam a vida, a diversidade e a natureza; que não se indignam com a miséria, que não pensam em Justiça Social e Direitos Humanos. Ando, mesmo que muitas vezes tu não percebas, sempre com Bandeira, o Manuel, que era poeta e denunciou a monstruosidade - que nunca deveria ser vista com banalidade - ao ver um "bicho na imundície do pátio, catando comida entre os detritos". 

Bandeira de quem viu que o bicho famélico não era um cão, não era um gato, não era um rato. Que "o bicho, meu Deus, era um homem". Estou vestido de esperança! Mal vejo a hora de chegar 30 de outubro. - Apesar de você, amanhã há de ser outro dia!