20-06-2022Pedro Nunes, o "supremo génio matemático" por Miguel Louro
Pedro Nunes nasceu em Alcácer do Sal em 1502, pouco se sabendo da sua infância e ascendência, além do facto de ter origens judias. Nunes estudaria na Universidade de Salamanca até 1522 e posteriormente em Lisboa, onde se formaria em Medicina em 1525. Neste curso, Pedro Nunes aprenderia também Astronomia e Matemática. Na Universidade de Lisboa, Nunes seria professor de Moral, Filosofia, Lógica e Metafísica, mudando-se para Coimbra em 1537, aquando da transferência da Universidade para esta cidade, tendo ensinado Matemática até 1562. O ensino da Matemática revestia-se de grande importância por ser essencial nas navegações marítimas, que constituíam a principal fonte de rendimento da Coroa Portuguesa. Além de lecionar, Nunes seria nomeado Cosmógrafo Real em 1529 e Cosmógrafo Real Chefe em 1547, ocupando este cargo até à sua morte. O astrónomo alemão Cristóvão Clávio, conhecido por ser membro da comissão da Santa Sé que aceitaria o atual Calendário Gregoriano, frequentaria as aulas de Pedro Nunes em Coimbra e descreveria o português como “supremo génio matemático”. Pedro Nunes viveu num período de transição, durante o qual a ciência dava cada vez menos valor ao saber teórico e mais à observação empírica como meio de provar teorias. No seu “Tratado da Esfera”, Nunes demonstraria um enorme conhecimento de astronomia, reconheceria a importância da experimentação e defenderia uma difusão comum e universal do conhecimento. Influenciado pelo contexto português da época, muito do seu trabalho relacionar-se-ia com a navegação, tendo sido o primeiro a provar que um navio, mantendo um curso estável, não viajaria ao longo de um grande círculo, o caminho mais curto entre dois pontos na Terra, mas, em vez disso, seguiria um curso em espiral, chamado de loxodromia, teoria que seria posteriormente desenvolvida pelo matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz. Pedro Nunes criaria ainda o nónio, um sistema de medição angular que se instalava nos astrolábios ou nos quadrantes e que tornava possível efetuar medições com rigor de alguns minutos de grau, permitindo assim planear a navegação com uma margem de erro da ordem da dezena de quilómetros. O nónio seria aperfeiçoado por Pierre Vernier, em 1631. Em algumas línguas, a escala Vernier, que este introduziu para aprimorar o instrumento, possui ainda o nome de Nunes, como é o caso do sueco, onde esta se denomina “nonieskala” e do húngaro, em que se chama “nóniusz skála” Pedro Nunes inventaria ainda o sistema das latitudes acrescentadas, que está na base da Projeção de Mercator, essencial para ultrapassar o problema dos meridianos paralelos nas cartas náuticas. Pedro Nunes viria a falecer em Coimbra, a 11 de agosto de 1578. Miguel Louro
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