Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


25-03-2022

IMIGRAÇÃO JUDAICA NO RIO GRANDE DO SUL: EM BUSCA DE UM TERRITÓRIO “LIVRE”


NEVES, Eliete Henrique das1,2; GOMES, Carla Aldrighi1,3; ALVES, Andréa Brito1,4; RIBEIRO, Veridiana Soares1,5 ;RODRIGUES,Paulo Roberto Quintana 6 

1 Acadêmicas do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Pelotas-UFPEL 

2 Bolsista de Extensão- PROBEC – eliete.geo@gmail.com 

cageo13@gmail.com 4 geoandrea@hotmail.com 5 veridiana_ribeiro@yahoo.com.br 

6 Professor Orientador e Professor adjunto do Departamento de Geografia- UFPEL

 

 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende fazer uma breve revisão teórica acerca da imigração judaica no Rio Grande do Sul, compreendendo os processos que levaram a concretização dessa imigração, assim como, as causas e consequências que motivaram a instalação de populações judaicas no estado do Rio Grande do Sul. Cabe salientar, que O processo de imigração dos judeus para o Rio Grande do Sul foi fruto de uma tentativa de reestabelecer judeus que sofriam perseguições e uma grande discriminação em seus países de origem. Desse modo, a instalação desse povo no estado do Rio Grande do Sul possibilitou que os mesmos pudessem ter uma vida mais justa e digna. METODOLOGIA 

A partir da revisão teórica feita em torno da imigração judaica no Rio Grande do Sul para a execução deste trabalho, foi possível fazer algumas considerações acerca do tema proposto. RESULTADOS E DISCUSSÕES Com o termo "judeu" designa-se o indivíduo de um povo largamente disperso pelo mundo, que descende dos antigos hebreus e que partilha uma herança étnica e cultural baseada no judaísmo. Originalmente, o nome judeu designava os membros da tribo de Judá, e os habitantes da Judéia, região meridional da Palestina. Como Jacó, um dos três patriarcas, tinha também o nome de Israel, os judeus são também chamados de israelitas. É preciso, porém, tomar cuidado: quando se diz israelita, refere-se a alguém que pertence a um grupo étnico, religioso, cultural, centrado na religião judaica, independentemente de sua nacionalidade. Quando se diz israelense, é alguém que nasceu ou vive no Estado de Israel e que, é claro, não é necessariamente judeu. Já com o adjetivo judaico qualifica-se o que é relativo ou pertencente aos judeus ou ao judaísmo. Falamos de tradições judaicas, de cultura judaica, de ritos judaicos. A religião monoteísta judaica foi criada pelo profeta Abrahão há quatro mil anos e, desde então, o povo judeu vivia em sua terra de Israel. Com a destruição do Segundo Templo pelos romanos e a consequente dispersão do povo de Israel, os judeus passaram a ser perseguidos, confinados e discriminados. Como consequência das dificuldades econômicas da Europa, no início do século passado, e das perseguições religiosas e sociais sofridas em seus países de origem, muitos judeus vieram para o Brasil em busca de uma vida melhor. A principal causa das imigrações açoriana, alemã e italiana para o Rio Grande do Sul foi a oportunidade de fugir de uma situação econômica difícil, e de reiniciar a vida em um local onde fosse possível sobreviver com dignidade. Nesse quadro a terra - escassa na Europa - se apresentou como um fator de atração. Aqui havia terra mais do que suficiente para todos. Mas um grupo de imigrantes teve uma outra motivação, além da miséria e falta de terras, para vir para cá. Foram os judeus, que fugiram da discriminação existente em seus países de origem, e buscavam a oportunidade de viver em paz. A imigração judaica no Rio Grande do Sul começou no ano de 1904, com o objetivo de estabelecer, com melhores condições de vida, os judeus dos países onde sofriam perseguições ou onde eram discriminados por motivos religiosos ou étnicos. Os judeus que vieram desconheciam a língua, o ofício de agricultor e a geografia do lugar, mas, foram acolhidos generosamente pelo povo do Rio Grande do Sul. Esse processo de imigração, no qual os judeus vinham de seus países de origem para o Rio Grande do Sul, era organizado por uma associação, a “Jewish Colonization Association” (Associação Judaica de Colonização), que foi fundada pelo engenheiro judeu francês Barão Maurice de Hirsch, com o apoio de alguns judeus de Paris e Londes, com capital fornecido, inicialmente, pelo próprio Barão Maurice de Hirsch. Logo após, essa associação passou a ser uma sociedade mantida por ações. Os acionistas não poderiam receber os lucros da associação, pois o objetivo da mesma era única e exclusivamente ampliar as atividades humanitárias em benefício do povo judeu desamparado. O primeiro processo de fixação de imigrantes judeus no Rio Grande do Sul se deu na criação da Colônia de Philippson, próxima a Santa Maria, no Rio Grande do Sul, originando a primeira colônia judaica organizada oficialmente no país. Foram instaladas na região 27 famílias, totalizando 267 pessoas, em uma área de 4472 hectares, que depois foram ampliadas para 5500 hectares. Essas pessoas eram provenientes da Bessarábia. A Bessarábia é uma região histórica que se localiza na Europa Oriental e seu território se distribui entre a Moldávia e a Ucrânia. Limita-se com o Rio Dniestre ao norte e a leste, com o Rio Prut a oeste, o Mar Negro a sudoeste e o Rio Kiliya ao sul. Os imigrantes judeus fundaram uma escola na Colônia de Philippson, cujo ensino era realizado em português e acolhia também os brasileiros, filhos dos colonos e trabalhadores da região. Cada família recebeu um lote de 25ha de terra, de campo e mato, além de uma casa, instrumentos de trabalho, duas juntas de boi, duas vacas, um cavalo e suprimentos em dinheiro, até o momento em que pudessem sobreviver exclusivamente com os rendimentos de seu trabalho. Todos estes gastos, no entanto, teriam que ser ressarcidos à Companhia, em um prazo de 10 a 20 anos.(GILL, 2001, p.63) Em 1909, é comprada a colônia Quatro irmãos, no município de Passo Fundo, próxima da linha férrea São Paulo – Rio Grande, da mesma maneira que Philippson localizava-se nas imediações do ramal Santa Maria – Passo Fundo, estrada de ferro administrada pelo próprio Franz Philippson. A proximidade das colônias às vias férreas facilitava o transporte da produção agrícola. Com o passar dos anos, essas colônias judaicas no Rio Grande do Sul passam a não ter um desenvolvimento satisfatório. 

Havia algumas insatisfações por parte dos judeus imigrantes em relação à “Jewish Colonization Association” - JCA, queixavam-se dos contratos efetivados, de maus-tratos e de estarem impossibilitados de vender seus produtos, não tendo qualquer liberdade de comércio. Os problemas eram inúmeros e de naturezas diferentes, como o surgimento da febre tifóide e a pouca produtividade das lavouras. Esses fatores fazem com que muitos colonos busquem alternativas para sobreviverem. Em 1926 e em 1927, dois novos núcleos agrícolas de imigrantes judeus no Rio Grande do Sul foram criados, dentro da fazenda de Quatro Irmãos: Barão Hirsh e Baronesa Clara, este nome em homenagem a esposa do fundador da JCA. Nesses dois núcleos agrícolas foi priorizada a colonização em terra de mato, ao contrário dos dois primeiros núcleos agrícolas de judeus no Rio Grande do Sul, onde foi priorizado o trabalho em terra de campo. Com o fracasso da maioria dos núcleos agrícolas, a partir de 1931, a JCA optou por não investir mais nos mesmos e passou a trabalhar na perspectiva de auxiliar os judeus a entrarem no Brasil. Diante disso, os imigrantes judeus começam a abandonar a zona rural e passam a procurar a zona urbana, pelo esgotamento do modelo econômico proposto – agricultura – e também pela necessidade de ascensão social. Sendo assim, em meados de 1920, Porto Alegre será a cidade mais procurada no RS. Também, outras cidades representaram uma alternativa aos colonos judeus que abandonavam a zona rural em busca de uma vida melhor, como Erechim, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria e Passo Fundo. Nas cidades, inicialmente, desenvolviam-se como mascates e depois passaram a adquirir lojas, fabricando móveis, confeccionando roupas, entre outras atividades. Entre 1934 e 1937, momento de ascensão do nazismo na Alemanhã, o Rio Grande do Sul recebe um grande número de judeus deste país. Muitos destes judeus possuiam uma situação econômica privilegiada, sendo advogados, banqueiros e etc. No início do século XX não havia praticamente oposição à idéia da imigração judaica, porém, à medida que aumenta o número de judeus no Rio Grande do Sul, no contexto de ascensão do nazi-facismo, as idéias por aqui também se alteram, sendo alegado pelo povo do Rio Grande do Sul que os imigrantes judeus estavam se apropriando do território rio grandense estabelecendo suas culturas e costumes, ou seja, tentando transformar em um território estritamente judaico, enfraquecendo a cultura gaúcha. A partir disso, a imigração de judeus no Rio Grande do Sul é “cessada”. Sendo que a legislação restritiva a imigração como um todo e, especialmente a judaica, a partir de 1930, atinge também o nosso estado. O imigrante judeu que na segunda metade das décadas de 20 e 30 havia chegado em número expressivo, torna-se mais escasso à medida que a conjuntura nacional exige. CONCLUSÕES A imigração de judeus para o Estado do Rio Grande do Sul se deu, basicamente, a partir da busca incessante do povo judeu por um território livre onde pudessem se estabelecer com suas famílias, e, a partir disso, concretizar uma vida digna, sem preconceitos e discriminações. A colonização se deu, inicialmente, com a efetivação de núcleos agrícolas, que não tiveram o desenvolvimento esperado. 

Sendo assim, o povo judeu instalado no Rio Grande do Sul, passou a buscar alternativas de “sobrevivência” nas cidades. 

Diante disso, podemos concluir que o sucesso de imigrantes judeus no Rio Grande do Sul se deu a partir da instalação e efetivação dos mesmos nas cidades gaúchas. 

REFERÊNCIAS 

BECKER, Klaus.Enciclopédia Rio- Grandense. Canoas: Editora Regional, 1958. 

 

Centenário da imigração judaica no Rio Grande do Sul.                                                      Disponível em: http://www.corposaudavel.com.br/portugues/index.php?option=com_content&task=vi ew&id=76&Itemid=27

 

GILL, Lorena Almeida.Clientel tchiks: os judeus da prestação em Pelotas (RS): 1920 – 1945. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. Ed. Universitária, 2001. 

 

Judeus: Fugindo da miséria e querendo viver

 

http://www.riogrande.com.br/historia/colonizacao7a.htm.

 

http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CH/CH_00555.pdf