15-02-2022Os Índios aliados dos Holandeses no BrasilApesar de mais hegemônica devido ao maior tempo de contato com os nativos, a convivência entre portugueses e alguns grupos indígenas não foi pacífica em muitas regiões, especialmente em Pernambuco. Em 1625, a fração potiguar aliada aos holandeses esteve tão empenhada que persuadiu uma frota visitante da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais a levá-la às Províncias Unidas dos Países Baixos para estreitar pactos antilusitanos e aprender mais sobre os novos aliados. Dos pelo menos treze indígenas levados, dois dos mais proeminentes líderes receberam uma educação como mediadores nas Províncias Unidas. Enquanto muitos indígenas levados à Europa padeciam de doenças, Pedro Poty e Antônio Paraupaba emergiram como intermediários no Nordeste holandês, quando houve a invasão de 1630. Outro importante acordo entre índios e holandeses foi firmado com o grupo dos Cariris em 1631, firmado por intermédio do potiguara Pedro Poty, primo de Felipe Camarão, grande aliado dos portugueses. Tais alianças eram realização sob condições de que os índios teriam sua liberdade garantida pelos holandeses, além de que a manutenção destas alianças se dava através de uma constante oferta de bens e alimentos por ambas as partes. É bem provável que o sucesso da invasão holandesa pós 1630 não tivesse sido possível sem a cooperação destes guerreiros indígenas que com sua força física e conhecimento da terra alcançaram grandes vitórias contra os portugueses. Entre os índios aliados da Companhia das Índias Ocidentais em Guararapes se destacava Antônio Paraupaba um chefe Potiguar que durante as Invasões Holandesas no Brasil, foi juntamente com outros índios para os Países Baixos, onde aprendeu a língua neerlandesa. Durante sua estadia na Holanda, se converteu ao Calvinismo. Em 1631, voltou ao Brasil, onde atuou como interprete entre os holandeses e os índigenas. Com a saída definitiva de João Maurício de Nassau do Brasil em 1644, Paraupaba voltou a Holanda fazendo parte da comitiva deste. De volta à Holanda Brasileira, entre 1645 e 1649, Paraupaba assumiu o cargo de Capitão e Regedor do Rio Grande. Foi um dos articuladores da revolta índigena em Cunhaú e Uruaçu. Como militar ainda lutou nas Batalhas dos Guararapes onde foi derrotado. Em 1648 fez parte da missão Holandesa do Ceará e Ibiapaba. Na sua atuação política no Brasil, é conhecido que Paraupaba teve contato com diversos líderes Potiguaras, dentres eles: Pedro Poti, Carapeba e Filipe Camarão. Com o Tratado de Taborda os holandeses deixaram o Brasil e com estes seguiram Antônio Paraupaba, sua esposa Paulina e dois filhos, no começo de fevereiro de 1654 para o Holanda. Paraupaba atuou no Parlamento Holandês, com o intuíto de que os holandeses retornassem ao Brasil, sem sucesso. Muitos líderes da Igreja Reformada Holandesa já haviam perdido o interesse nas missões Religiosas no Brasil. Em 1642, o diretor das aldeias indígenas em território Holandês Johannes Listry, relatou que os chefes indígenas eram incapazes de controlar a desordem das aldeias, pois padeciam do mesmo vício de seus subordinados. Em março do mesmo ano o chefe indígena Pedro Poti foi chamado ao Palácio do Maurício de Nassau em Recife, aonde o líder dos potiguares calvinistas prometeu não perpetuar os constragimentos provocados pelo seu constante estado de embriaguez. Ele raramente andava sóbrio, afirmava Listry. Na Aldeia Masariba, o ministro Calvinista Thomas Kemp reclamou da conduta dos índios que apesar de convertidos ao calvinismo e educados, a expensas da Companhia das Índias Ocidentais, andavam seminus, bebiam constantemente, e dançavam e pintavam o corpo a moda tupi. Em 1643, o conselho da Igreja Reformada Holandesa constatou com desilusão, a falência do Projeto de civilizar os potiguares. “Os recursos gastos nessa operação não resultaram em bons Calvinistas, Poti e Paraupaba perpetuavam hábitos não muito diferentes dos encontrados em muitos aldeias do Brasil, Nassau não via os índios como possíveis agentes da colonização Holandesa.” afirma o Historiador Holandês Mark Meuwese. Fonte: Nobrezas do Novo Mundo: Brasil e ultramar hispânico, séculos XVII e XVIII, de Ronald Raminelli/Faustos Pernambucanos. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, Vol. LXXXV, Tomo 1, 1913/ GOMES, Andressa Ferreira. O Papel dos Povos Indígenas Durante a Invasão Holandesa
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