Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


01-07-2004

Genealogia Uberabense: A história da família Bilharinho


O sobrenome Bilharinho originou-se no Brasil em 1893, com a chegada no país de Jayme Suarez Villariño.

Existem duas versões que explicam o surgimento do sobrenome.
A primeira versão (histórica) baseia-se no costume daquela época de adaptação dos nomes e sobrenomes de imigrantes para a língua portuguesa logo que desembarcavam no país e assinavam o livro de registro. Assim, Jayme Suarez Villariño tornou-se Jaime Soares Bilharinho (em espanhol o "v" é pronunciado "b", o "ll" é "lh" e o "ñ" é "nh").

A segunda versão (corrente entre os descendentes) versa que a mudança de grafia ocorreu por motivos políticos, isto é, na política a grafia do nome adaptado para o português proporcionaria melhor aceitação.

Na Espanha o último sobrenome é materno. Assim, o sobrenome que deveria ter sido perpetuado no Brasil seria o Soares, correspondente à adaptação de Suarez para a língua portuguesa. Entretanto, como o costume local era usar o último nome no tratamento formal diário, consagrou-se o sobrenome Bilharinho.

Jayme Suarez Villariño desembarcou no Porto de Santos, chegado da Europa, em 1893, como já foi dito. A viagem foi feita a bordo do navio a vapor Clyde da Marinha Real Inglesa.

Nascido na paróquia de Pentes, cidade de La Gudiña, um pequeno povoamento próximo a Orense, no sul da Galiza, quase na divisa com Portugal, em 29 de novembro de 1871, era o primogênito da família de Simon Rodriguez Suarez e Rosa Villariño, tendo sido o primeiro a deixar o lar. Uma vez no Brasil instalou-se na região de Uberaba, Minas Gerais.

Casou-se com Luíza Alzira de Oliveira em 23 de junho de 1895, ali mesmo em Uberaba.

Dona Luíza, a matriarca da família Bilharinho, nasceu na região de Água Comprida. Filha de João Aureliano de Oliveira e Persciliana Cândida da Silva, muito cedo viu-se órfã de pai. A família humilde, então, mudou-se para Uberaba em busca de melhores oportunidades.

Instalaram-se no alto das Mercês, onde possuíram diversos imóveis na Praça Dom Eduardo, na Rua Hildebrando Pontes, na Rua José Felício dos Santos e na Rua Bento Ferreira. Naquela época Uberaba era ainda um pequeno povoamento e a referida região situava-se na periferia da cidade. Também tinham uma fazenda na região do Lageado (alto da Boa Vista). O armazém de secos e molhados da família situava-se na esquina da Praça Dom Eduardo com Rua Hildebrando Pontes.

Voltando à polêmica do sobrenome, os filhos de Jaime no Brasil deveriam assinar Oliveira Soares (seguindo a tradição brasileira) ou Soares Oliveira (seguindo a tradição espanhola). Consagrado o sobrenome Bilharinho, em detrimento do Soares, deveriam assinar Oliveira Bilharinho. Entretanto, os filhos assinaram Soares Bilharinho. Dona Luíza não deve ter gostado muito, mas na sociedade da época mulher não tinha vez.

Era maçon, mas também católico. Doou para a igreja o terreno onde foi construído o Seminário São José. Foi vice-cônsul da Espanha para o Distrito de Uberaba a partir de 1923. Faleceu em 29 de agosto de 1948, com 76 anos de idade. Sua esposa faleceu em 21 de setembro de 1964, com 86 anos. Tiveram ao todo 15 filhos, 5 mulheres e 10 homens.

Recentemente foi localizada uma outra Família Bilharinho no Brasil, na região de Praia Grande (SP). Não sabemos (quero dizer, os membros da minha Família Bilharinho) qual o grau de parentesco que temos com essa Família. Como há notícias de primos, a até irmãos, de Jayme Suarez Villariño que passaram pelo Brasil, ou mesmo instalaram-se no Brasil, pode haver um parentesco mais próximo. Entretanto, não se pode descartar a probabilidade do parentesco não ser mais próximo do que com as diversas Famílias Villariño que vivem no Brasil.
Fonte: members.tripod.com.br/fbilharinho/lia_Bilharinho.htm