25-06-2007Tchuba na Desert, Antologia de Conto Inédito CaboverdianoTchuba na Desert, Antologia de Conto Inédito Caboverdino Tchuba na Desert – Antologia do Conto Inédito Caboverdiano, uma obra organizada pelo jornalista Francisco Fontes, que entre 2001 e 2004 dirigiu a delegação em Cabo Verde da Lusa – Agência de Notícias de Portugal. Trata-se de um projecto simultaneamente de cooperação e literário. Um projecto singular, que não tem por detrás uma editora no sentido formal do termo, mas uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento, a Associação Saúde em Português, organização de profissionais de saúde da comunidade dos países de língua portuguesa com um historial de 13 anos de trabalho, com projectos humanitários e Tchuba na Desert – Antologia do Conto Inédito Caboverdiano é um retrato panorâmico, suficientemente amplo da narrativa de ficção caboverdiana da actualidade – 26 contos de 18 autores que se fizeram escritores nestes quase 32 anos que medeiam desde a independência do seu país, em 1975. Deste grupo poucos conseguiram ter as suas obras publicadas fora de Cabo Verde. Além de Germano Almeida, editado regularmente pela Editorial Caminho, apenas recentemente outros dois, Joaquim Arena, através da Oficina do Livro com "A Verdade de Chindo Luz" (2006), e Tchalê Figueira com "Ptolomeu e a sua viagem de circum-navegação", À procura de outras edições destes escritores teríamos de remontar Ao início dos anos 90, e através da Vega encontraríamos "Amanhã Madrugada" (poesia), de Vera Duarte, ou as únicas obras de ficção editados pelo poeta e compositor Vasco Martins, "Tempos da Moral " e "A Verdadeira Dimensão". Muitos destes escritores que desafiámos a participar em Tchuba na Desert têm sentido as vicissitudes do acesso à edição no seu Próprio país, com uma população minúscula inferior a meio milhão de residentes, em que o Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, o Instituto Camões e editoras familiares ou de grupos de amigos, como a Valores seguros da literatura caboverdiana da actualidade não têm conseguido vingar entre nós, como Kaká Barbosa, o poeta da língua caboverdiana que em 2004 se estreou como contista com "Cântico às Tradições", Vera Duarte, que se estreou na ficção com "A Candidata" Em 2005, ao arrebatar o Prémio Sonangol de Literatura 2004, Carlos Mário Lúcio Sousa, um valor emergente, apontado como figura cimeira Da nova vaga de escritores, conhecido em Portugal pela sua intervenção musical no grupo Simentera, e mais recentemente a solo com os trabalhos "Mar e Luz" e "Ao Vivo e aos Outros", permanece no limbo depois de três livros de poesia editados, três peças de teatro, o Leão Lopes, um assumido "agitador" cultural, realizador da primeira longa-metragem cinematográfica caboverdiana, Ilhéu de Contenda, que levou à tela o incontornável romance homónimo de Teixeira de Sousa, e que recentemente "fez das suas" ao fundar uma Escola Internacional de Artes na cidade do Mindelo, em parceria com as faculdades de Belas Artes de Lisboa e Porto, e importantes instituições do ensino Superior de França e Senegal, aparece em Tchuba na Desert com um conto de aroma O mesmo Leão Lopes que, com dois companheiros, no início dos anos 80, fundou a revista Ponto & Vírgula para agitar as águas da cultura. Um desses três, que nas páginas assinava como Romualdo Cruz, não era outro senão o nosso bem conhecido Germano Almeida, a intentar pelas veredas da literatura. Essa revista, que durante três anos marcou a cultura caboverdiana, que já podemos revistar através de uma edição coligida em fac-símile, lançada em Abril último. João Branco, luso-caboverdiano por opção, filho do nosso trovador José Mário Branco, que há pouco mais de uma década impulsionou um teatro novo em Cabo Verde, e autor de uma obra de investigação pioneira na África lusófona – "Nação Teatro – História do Teatro em Cabo Verde", é um dos estreantes na ficção em Tchuba na Desert. Outro dos estreantes é o jornalista Vladimir Monteiro, já com vários trabalhos editados de investigação sobre a tradição musical do seu país. Também jornalista, José Vicente Lopes, autor de uma obra de fôlego sobre a história do seu país – "Os Bastidores da Independência" - , pelo conto inspirado na figura do claridoso Jorge Barbosa, aqui editado, deixa-nos atentos ao seu futuro trajecto como ficcionista. Igualmente jornalista, a brasilo-caboverdiana Marilene Pereira apresenta-se com duas histórias que a afastam do seu universo de intervenção privilegiado – a literatura para a infância. Ivone Ramos, irmã da escritora caboverdiana recentemente falecida em Portugal Orlanda Amarílis, é uma das vozes femininas mais marcantes No subgénero contístico, a exemplo da luso-caboverdiana Luísa Queirós na literatura infanto-juvenil, esta com uma carreira singular nas artes plásticas. Das artes plásticas vêm também Manuel Figueira, que em Tchuba na Desert se estreia com uma conto resgatado do imaginário popular, e Tchalê Figueira, este último com uma actividade editorial mais consistente, com três obras de poesia e duas novelas. Ao lançarmos este projecto quisemos fazer quase um instantâneo da narrativa de ficção caboverdiana, pretendendo oferecer uma panorâmica da criação actual, também numa perspectiva solidária, dos autores mais conhecidos para com outros que pretendem conquistar uma voz própria. O desafio foi apenas para autores residentes no país, por serem aqueles que mais dificuldades têm em mostrar as suas criações no exterior. Duas ausências fazemos notar, de dois autores incontornáveis, que por razões de saúde não puderam corresponder ao desejo de estar presente em Tchuba na Desert – Oswaldo Osório e João Varela, este também literariamente identificado por João Vário, Timóteo Tio Tiofe e G. T.Didial. Num ano em que Cabo Verde evoca os 71 anos da revista Claridade, esse momento fundador de uma literatura genuinamente nacional, e o centenário do nascimento do princial mentor, Baltazar Lopes da Silva, esperamos que Tchuba na Desert contribua para um olhar mais atento sobre a geração do pós-independência. A última antologia de ficção caboverdiana foi lançada há mais de meio século, organizada pelo próprio Baltazar Lopes da Silva, em 1960, para assinalar os 500 anos do Achamento de Cabo Verde. Tchuba na Desert conta com prefácios do Presidente da República de Cabo Verde, Comandante Pedro Pires, e do especialista em literaturas lusófonas e docente da Universidade de Coimbra, Prof. Doutor Pires Laranjeira. As primeiras apresentações públicas desta obra aconteceram em Janeiro passado em Cabo Verde, uma delas presidida pelo Primeiro-Ministro caboverdiano, Dr. José Maria Neves. O mesmo autor, Francisco Fontes, está já a organizar uma nova obra panorâmica da literatura caboverdiano, uma antologia de poesia inédita. As receitas de Tchuba na Desert serão aplicadas num projecto de telemedicina cardíaca e fetal, em preparação, a desenvolver entre o Hospital Pediátrico de Coimbra e o Hospital Baptista de Sousa, na cidade do Mindelo, Cabo Verde. Quem desejar adquirir a obra pode endereçar os pedidos para: www.saudeportugues.pt ; saudeportugues@gmail.com * Francisco Fontes (cardosofontes@gmail.com) |